Resumo: Tornou-se assunto relevante abordar o tema da ecologia
e do desenvolvimento sustentável. Corre-se, todavia, o risco de transformar e
de triturar o tema com falácias grandiloqüentes que mais se prestam para
encobrir a continuação dos desequilíbrios na civilização e na relação humana
com o planeta, do que para resolvê-los. Sem mudanças na cultura
antropocêntrica, as almejadas inovações capazes de re-equilibrar a vida no
planeta Terra, certamente terão avanços insignificantes e muito aquém do
necessário. Aprender uma nova forma de relação humana, mesmo que entusiasme somente
pequenas parcelas humanas, e, que implica num processo lento e penoso, poderá,
contudo, fermentar algo novo para a sociedade. Por isso, mais do que entusiasmo
em torno do desenvolvimento sustentável, convirá cultivar caminhos ecopedagógicos
capazes de salvar a civilização para reverter a obsessiva voracidade consumista,
a fim de permitir que o planeta Terra pare de emitir graves sintomas de morte. [1]
Palavras-chave: Antropocentrismo. Ecopedagogia. Desenvolvimentismo. Pedagogia ambiental.
Educação planetária.
Introdução
A
acuidade de muitos pensadores vem apontando, há algumas décadas, a
inviabilidade da forma consumista e predatória da sociedade ocidental para o
equilíbrio de eco-sistemas e das condições de vida humana no planeta Terra.
Hoje, esta questão começa a ser vista, não somente como séria ameaça a muitas
espécies de vida e, dentre elas, a humana, mas também como ameaça à vida da
própria sustentação da Terra.
Nossa
ponderação sobre Antropocentrismo e Ecopedagogia focaliza um aspecto geralmente
ausente das conversas e dos textos que se ocupam com discussões sobre
desenvolvimento sustentável. Suspeitamos que, sob o atual quadro cultural
antropocêntrico, este assunto, se encontra deslocado do foco e, por isso,
requer educação para outro modelo cultural, tanto em vista da salvação da
civilização humana, quanto dos eco-sistemas do planeta.
Moacir
Cadotti se constitui num clássico brasileiro e num pioneiro a alertar sobre a
importância de uma ecopedagogia. A razão da nossa abordagem deste rico tema é a
de lhe relacionar um importante aspecto filosófico cultural – o
antropocentrismo - que se encontra no substrato de toda a degradação das relações
humanas com o planeta, e que, impreterivelmente, necessita ser substituído por
outro modelo cultural a ser delineado. A ecopedagogia poderá constituir-se num
eficaz itinerário educador para levar à criação de outros e novos valores que
possam reger o futuro da ação humana com a multifacetária efervescência de vida
no planeta Terra, bem como, equilibrar a própria vida deste planeta.
Nossa metodologia é de modesta inquirição
filosófica sobre textos que abordam o tema, e deseja evidenciar que alguns
sinais alentadores já podem ser vislumbrados para que ainda se continue a
sonhar com dias melhores, pois, a produção de energia que não resulta da
combustão fóssil, a produção de alimentos menos envenenados, e a capacidade de
se viver de forma mais sóbria e parcimoniosa, além da crescente capacidade
solidária e de partilha, indicam a direção do caminho para relações
civilizatórias mais responsáveis, fruitivas e integradas com a multiplicidade
dos sistemas de vida em nosso planeta.
Como
o antigo mito de Hércules, necessita-se descobrir, com outras pessoas, meios
para que os gases, que hoje matam e restringem o fôlego dos que desejam
continuar vivos, possam ser reduzidos através da liberação das águas de dois
rios distantes, o da razão e o do sentimento, a fim de que um único canal integrador
destas águas seja capaz de transformar o gás letal em fermento transformador do
húmus poluidor em fonte de novas potencialidades de vida.
1. Os conceitos
O
Antropocentrismo teve início no século VI a.C., quando os gregos deixaram de
procurar explicações metafísicas e espirituais para o entendimento do mundo e
passaram a desenvolver interpretações racionais a respeito do que interferia na
vida humana. Antropocentrismo é, pois, um conceito filosófico que estabelece o
homem como o centro referencial do mundo e do universo. A palavra “antropos +
kentron” significa que o universo é pensado pela sua relação com o ser humano.
Trata-se, por conseguinte, de uma interpretação que estabelece a humanidade
como centro de todas as coisas do universo.
Em
nosso contexto moderno, o antropocentrismo é constituído por doutrinas ou
perspectivas intelectuais que relativizam todas as outras formas de vida para
salientar a primazia da capacidade humana, sobretudo a do avanço técnico e
científico.
Numa
forma pejorativa, o antropocentrismo é visto como fruto da subordinação de tudo
o que existe, à hegemonia dos seres humanos, donde resultaria a evidente
degradação do ambiente e a desvalorização das outras espécies de vida no planeta
e a do próprio planeta. A origem desta leitura estaria na religião,
especialmente a bíblica e na forma como foi interpretada na Idade Média, pelo
cristianismo, porquanto estaria dando um suporte para justificar que o ser
humano deve dominar as criaturas e tudo o que existe neste mundo. Sabe-se,
porém, que aquela forma de interpretação religiosa foi muito mais teocêntrica
do que antropocêntrica, porque Deus era considerado o centro de tudo e não a
condição humana. O que mesmo prevaleceu a partir da leitura religiosa referida,
foi uma formação de etnocentrismo europeu e que veio a estabelecer-se como
hegemônico sobre outras etnias e lugares.
A
Ecopedagogia desloca a centralidade do ser humano, como as pedagogias clássicas
fizeram nos últimos anos, com vistas a destacar a consciência planetária e,
também, para apontar o rumo de uma civilização planetária, pois, enquanto grupos
humanos se proclamam superiores aos demais, os riscos de guerras, de genocídios
e de destruições, serão constantes. Por isso, a ecopedagogia aponta para o
equilíbrio entre os seres humanos e a natureza, com vistas a uma relação
sustentável e edificante. Não se trata apenas de boa relação humana com o meio
ambiente, mas, e, principalmente, de mudar as relações humanas e sociais. Assim
também, mais do que mera preocupação ecológica, a ecopedagogia aponta para uma
dimensão integral a fim de que, planeta e seres humanos, não sejam constituídos
em duas realidades separadas. A integração também necessita ser mental para
apontar melhores níveis de respeito entre as pessoas e precisa ser aberta ao
novo modo, mais respeitoso na convivência com culturas e formas sociais
discriminadas. Nesta antevisão para outro perfil de sociedade:
A
ecopedagogia constitui-se uma proposta pedagógica fundada na crítica da
modernidade e na superação dos padrões de consumo exacerbados e irresponsáveis,
oferecendo estratégias, propostas e meios para a realização de uma educação
como um todo. Propõe-se a despertar as pessoas para o olhar integrado,
desenvolvendo uma nova forma de ser e estar no mundo, dando sentido para cada
ato, ao seu cotidiano, construindo assim, uma vivência harmoniosa com todas as
formas de vida. Nesse sentido, poderá constituir uma possibilidade de educação
para sociedades responsáveis e sensíveis aos problemas sócio-ambientais”.[2]
A
atual forma como muitos seres humanos buscam sentido, com coisas e para as
coisas na lida cotidiana, revela-se altamente “anti-vida-humana”, pois a maior
parte da humanidade, como a maior parte das outras formas de vida existentes no
planeta Terra, não são levados a sério.[3]
Não se trata, por conseguinte, de mais uma pedagogia, mas, de educar para uma
civilização sustentável do ponto de vista ecológico, que implica em radicais
mudanças na economia, na sociedade e na cultura.
Segundo
Moacir Gadotti, a ecopedagogia não significa apenas formar cidadãos e homens,
como a Paidéia grega pensava, mas, significa formar seres humanos capazes de
viver na diversidade e na complexidade da natureza humana e, com a própria
Terra, que também é ser vivo: “precisamos de uma ‘Pedagogia da Terra’ como um
grande capítulo da Pedagogia do Oprimido. Uma Pedagogia que tem como suporte o
Paradigma Terra que considera este planeta como uma única comunidade, una e
diversa”.[4]
Em razão disto, Gadotti levanta a suspeita de que, para educar, um jardim poderia
ser mais adequado do que uma sala de aula.
2. Como relacionar Antropocentrismo e Ecopedagogia?
Antropocentrismo
e Ecopedagogia apresentam concepções que podem ser comparadas a dois rios
caudalosos e de altas potencialidades, mas que seguem por rumos e com fluxos
independentes. Constituem áreas de difícil aproximação, em decorrência dos
desejos humanos, que tendem a enquadrar tudo quanto os encanta, e, tudo quanto
os atrai para a lógica dos seus interesses.
A
aproximação requer uma tarefa quase sobre-humana e necessita de muito mais
tempo do que o desejado. Aproximar antropocentrismo e ecopedagogia nos remete a
uma difícil tarefa, similar à de Hércules, da mitologia grega.
Hércules teria sido submetido a tarefas
humilhantes e para além de suas capacidades pela deusa Hera, - porque ela tinha
ciúmes dele, uma vez que ele era forte e bonito, e, pior ainda, filho de Zeus,
seu marido, com uma mulher humana. Vítima deste olhar invejoso, Hércules foi
incumbido pela deusa, dentre as muitas outras tarefas extremamente árduas, a
limpar os estábulos do rei Áugias. Este poderoso rei, para demonstrar e exibir
seu poder, foi adquirindo tantos cavalos, a tal ponto que o esterco acumulado,
ao longo de trinta anos, produziu um gás que matava as pessoas da redondeza.
Hércules, ao chegar lá, desmaiou com o efeito
do gás, mas ao recobrar os sentidos, lembrou-se que a tarefa teria que ser
efetuada num dia! Contra todas as evidências, começou a escavar uma valeta para
juntar as águas dos dois rios. Passou muito do prazo previsto, mas, quando as
águas dos rios Peneu e Alfeu formaram uma só torrente, entraram na planície e espalharam
todo o esterco. O esterco se transformou em húmus, e, esvanecidos os gases, o
povo que se refugiou em outros lugares pôde novamente voltar à região.
O
antropocentrismo é constituído por uma tendência cultural, particularmente
acentuada nos últimos séculos, de colocar o ser humano como centro de todas as
coisas. Antes, por longos séculos, o pensamento religioso centralizou Deus como
o centro de tudo. Se a atenção antropocêntrica tivesse dado primazia de
centralidade de todos os seres humanos do planeta, o efeito certamente não
teria chegado a ser tão devastador na repercussão do planeta Terra.
Distintamente do mito de Hércules, os sonhos
modernos dos “Áugias” já não se interessam por cavalos, mas muito mais por
petróleo e seus derivados e por dinheiro resultante de produção e consumo. Por
isso afetaram intensamente o ambiente de tal forma que as águas das chuvas já
não conseguem evitar um efeito estufa resultante das ambições.
Hoje, já não é um vale que produz gases de
morte, mas é o planeta Terra que está em risco de vida, devido ao desequilíbrio
dos lixos tóxicos, e, a perda de sentido diante destes gases, pode inviabilizar
o futuro da vida humana. Segundo Moacir Gadotti,
Vivemos
em uma era de extremismo. Pela primeira vez na história da humanidade, não por
efeito de armas nucleares, mas pelo descontrole da produção industrial (o
veneno radioativo Plutônio 239 tem um tempo de degradação de 24 mil anos)
podemos destruir toda a vida do planeta. Passamos do modo de produção para o
modo de destruição.[5]
Bem sabemos que a ambição de parte do
gênero humano não cria apenas os graves problemas sociais, econômicos e culturais,
mas tem aumentado altamente a capacidade de destruição do planeta. Já não é o
ciúme de uma deusa que impõe árduas tarefas ao desempenho humano, mas, é a ambição
sem limites dos próprios seres humanos que lhes cobra sangue, músculos, ossos e
forças sobre-humanas.
O cenário
está dado: globalização provocada pelo avanço da revolução tecnológica,
caracterizada pela internacionalização da produção e pela expansão dos fluxos
financeiros; regionalização caracterizada pela formação de blocos econômicos;
fragmentação que divide globalizadores e globalizados, centro e periferia, os
que morrem de fome e os que morrem pelo consumo excessivo de alimentos,
rivalidades regionais, confrontos políticos, étnicos, confessionais,
terrorismo.[6]
Poderíamos perguntar-nos porque,
afinal, os seres humanos vivem tanta obstinação e simultânea falta de
responsabilidade na destruição do planeta? Em primeiro lugar, os seres humanos
sempre foram insatisfeitos e desejosos de mundos melhores. Por isso, ao
contrário dos demais seres vivos do planeta e da própria vida do planeta, os
humanos, no desejo de algo melhor e mais gratificante, devastam mais do que as
outras formas de vida. Nesta voracidade, os seres humanos também se
“des-humanizam”, e, sorrateiramente, dissuadem suas relações predatórias pela
justificação de crescimento econômico, abastecimento dos anseios de consumo, de
reservas, de conforto e de fartura. Assim, tornam-se predadores muito mais
perversos do que todos os outros animais chamados de predadores.
O
antropocentrismo também cria processos psíquicos que separam o interior e o exterior,
tanto em relação ao corpo, quanto na relação com o resto das coisas. Este
centralismo dos seres humanos gera deste modo, um processo continuado e sempre
mais largo de descarte, porque tudo o que está para além do corpo, possui menos
valor. Assim, a vida dos demais seres vivos, vale pouco ou nada, caso não sirva
ao “eu” e ao corpo. Desenvolve-se nisso o moderno mito de que os seres humanos
são os únicos e legítimos donos de tudo quanto existe no planeta e, ainda, que
já se constituíram, por direito, donos dos pretensos bens que possam ser
descobertos em outros planetas do universo. Como Millos Stringuini enfatiza:
...Todas
as atividades humanas até hoje desenvolvidas, tais como economia, as ciências,
a psicanálise, o comércio, a indústria estão decisivamente influenciadas em
suas entranhas pela metáfora antropocêntrica, desde o chamado período do homo
sapiens ou hoje, “homo fabris”, consumidor por vício hedonista.[7]
Ao
lado das verdadeiras maravilhas desenvolvidas sob o prisma antropocêntrico,
quer nas artes cênicas, no cinema, na inteligência, na cultura, na tecnologia,
na comunicação e em tantos outros campos, persistiu, contudo, uma ambígua
obsessão que implicou em tragédias, tais como guerras, genocídios,
toxicomanias, e, destruição ambiental. Tudo isso decorre do modelo social e
econômico, visto como um sistema linear e que, por isso mesmo, precisa crescer
continuamente e gerar gradual aumento de consumo. Para tanto, explora-se à
exaustão todo o recurso natural do planeta, o que provoca muito resíduo, excesso
de lixo e o evidente esgotamento dos recursos do planeta.
Tratar
de ecologia e de sustentabilidade do planeta dentro dos parâmetros do antropocentrismo
implica, por isso, mais em sonhos de futuro do que em efetivas realidades
presentes que possam remeter para perspectivas mais otimistas em torno da vida.
No entanto, se persistimos no quadro dos atuais conceitos antropológicos,
podemos repetir de forma sutil o que os antigos fenícios fizeram para assegurar
boas relações com o deus Molloch. Todos os dias, vidas humanas eram sacrificadas
em nome das ambições do poder e do dinheiro. Os fenícios empreendiam guerras,
tanto para saquear, quanto para manterem reservas de prisioneiros, fato que
gerou o conceito dos fármacos, pois, constituíam elementos disponíveis para
serem sacrificados, pelo menos um a cada dia, a fim de aplacar a ira de Molloch
e manter boas relações com ele. Da noção de fármaco resultou nosso modo de ser
das Farmácias, onde se encontram disponíveis os “remédios” para eliminar ou
disfarçar os males. Ironicamente, em nossos dias, algo similar ao antigo
significado se repete e, para os grandes interesses capitalistas, não importam
as mortes de milhares de “fármacos”, e nem o desequilíbrio dos eco-sistemas do
planeta. O que importa, é que o progresso linear não pare, pois, a busca de felicidade,
que pequena parcela dos seres humanos prioriza para locupletar seus desejos de
crescimento, leva à automática necessidade de eliminação ou desaparecimento de
outros seres humanos.
Quando
o mercado, sob os auspícios do antropocentrismo, reclama modernização contínua
e obsessiva em torno dos índices de crescimento, necessariamente vidas humanas
terão que ser relativizadas e deixadas à própria sorte. A volição hedonista
tampouco consegue pensar a natureza numa perspectiva mais digna do que a de
desfrutar belos lugares para férias e eco-turismo. Reina entre os seres humanos
um equívoco de pretensões que os leva a desejar uma equiparação com o criador,
na pretensão de viver a imortalidade, a eterna juventude, a ilimitada potência
sexual e a indústria da vaidade que, para produzir os necessários cosméticos para
condecorar os ilimitados desejos, é um dos fatores de degradação de muitos elementos
da natureza, como eliminação de espécies de plantas, exauridas pela extração
predatória para abastecer indústrias farmacêuticas, de perfumes e de cremes
rejuvenecedores e restauradores. Está ali um indício de que:
Os
paradigmas clássicos, fundados na visão industrialista predatória,
antropocêntrica e desenvolvimentista, estão se esgotando, não dando conta de
explicar o momento presente e de responder às necessidades futuras... O
globalismo é, essencialmente, insustentável”.[8]
Como já são perceptíveis sérios
indícios da insustentabilidade do planeta em decorrência do antropocentrismo, é de se esperar que, de fato, apareçam urgentes e necessários
procedimentos educacionais, tanto de educação social, quanto de bom eco-relacionamento.
3.
Ecopedagogia como educação para a
cidadania Planetária
Os atuais currículos escolares são os
primeiros a necessitar de revisão e de reorientação, a fim de que cada
comunidade local possa pensar o que, simultaneamente, é global. Implica também
em substituir um dos grandes referenciais que fundamentou a escolarização
durante muitos séculos, que é o de transmitir a cultura para as gerações novas.
Agora, tanto as gerações portadoras da cultura, quanto culturas emergentes, precisam
alinhar-se em torno de uma nova concepção do planeta Terra, para que se
viabilize a noção de que constitui uma única morada. Isto requer evidentemente
uma consciência sócio-ambiental que ainda se encontra pouco expressa na vida
social. Segundo Gadotti:
Educar para cidadania planetária
pressupõe esse entendimento da nossa vida no planeta onde precisamos viver
permanentes e complexas relações entre nós mesmos e outras formas de vida, numa
simbiose onde nós, seres humanos, incorporamo-nos a um outro ser, que também
está vivo, que nos acolhe e nos mantém vivos e se mantém vivo”.[9]
Em razão disto, Gadotti sustenta que
Ecopedagogia deve ser mais do que uma Pedagogia de Desenvolvimento Sustentável,
pois deve envolver eco-educação, que é mais ampla do que educação ambiental.
Por outro lado, não se torna suficiente uma relação saudável com o meio
ambiente, mas, faz-se necessário uma educação que envolva o sentido mais
profundo do que se faz cotidianamente.[10]
Terá
que recuperar-se algo que os nossos antepassados já souberam viver melhor, isto
é, viver de forma mais simples, com maior sintonia com a natureza, com mais
consciência planetária e com mais quietude advinda da paz interior. Portanto,
precisa-se repensar e rever a cultura que sustenta o atual modo de ser. É
possível produzir alimentos mais saudáveis; é possível usar menos venenos na
agricultura e que significa menos degradação de águas, solos e biodiversidades;
é possível repensar os hábitos de degustação e de consumo de alimentos
industrializados com excesso de conservantes, corantes e calorias; é possível
superar a noção consumista de que tudo pode ser adquirido e substituído.
Epílogo
Enfim,
resta crer e apostar que a mesma humanidade que foi capaz de gerar esta
profunda crise sócio-ambiental, é também capaz de se transcender pela educação,
tanto para reparar os estragos, quanto para gerar relações mais respeitosas e integradas
com o meio ambiente através de uma cidadania planetária.
Para
tal inovação, presume-se ainda como necessária a substituição do obstinado
ecologismo elitista e meramente idealizado, por um ecologismo crítico e efetivo,
capaz de abrir crescente espaço para que todos os seres possam constituir,
neste planeta, o desejado cosmos.
Não
bastam extremadas formas de proteção a certos animais de estimação, enquanto,
paralelamente, nada se faz para evitar que seres morram por razões estúpidas de
simples negação do seu direito de viver. Para tanto, precisam mudar os modelos
econômicos e mentais, pois, ecopedagogia não se coaduna com a continuidade da
queima de combustíveis fósseis, procedimento que além de aumentar a temperatura
do planeta, aumenta o nível dos oceanos e inviabiliza as condições de vida
humana no planeta.
Na
ambição de boa parte dos seres humanos, quais “Reis Áugias” de nossos dias, o
efeito dos gases do esterco tende a entrar pelo o nariz de quem já é vítima da
ambição. Infelizmente, não são os maiores predadores que se constituem nas
maiores vítimas, ou, fármacos para serem imolados no altar dos grandes projetos
desenvolvimentistas. Tampouco os estonteados pelos gases, sobretudo, os das
drogas e vícios degradantes, são agentes diretos do desequilíbrio do clima, mas,
se constituem em vítimas ilibadas para os agrados de Molloch do sistema
capitalista, que continua cada dia mais obsessivo e obstinado por sangue de vítimas
humanas.
Na
verdade, nem tudo constitui indício e iminência de sacrifício e morte: já se
clareiam bons indícios de que fontes renováveis de energia, como a eólica, a solar
e a térmica são até favoráveis para o aumento de postos de trabalho. Uma aposta
em novas fontes de energia permite vislumbrar que ainda podem acontecer dias
melhores para a vida do planeta Terra e seus seres vivos agregados.
Referências Bibliográficas
GARBAJO, Alejandra, MAZZIOTTI,
González e IGNACIO, Juán. Contribución a
la construcción de ciudadania ambiental a partir de um taller de extensión
universitária sobre cambio climático, ozono y educación ambiental popular.
Disponível em: http://www.6iberoea.ambiente.gov.ar/files/Talleres
BROWN, Lester. Sustentabilidade. Disponível em: http://www.ecopedagogiars.blogspot.com/2009-07-01
GADOTTI, Moacir. Ecopedagogia, Pedagogia da terra, Pedagogia da Sustentabilidade,
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______________. Pedagogia da Terra: ecopedagogia e educação sustentável. Disponível
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_______________. A ecopedagogia como pedagogia apropriada ao processo da Carta da Terra.
Disponível em: http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev21/moacir
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HANSEN, Karla. O que é ecopedagogia? Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca
[1] SANTANA, Joseana Moura e LIMA, Carlos César
Uchoa. A inserção dos princípios da
ecopedagogia no currículo escolar: uma proposta de educação para a
sustentabilidade. Disponível em: http://www.uepg.br/seminariointernacional/age
STRINGUINI, Millos Augusto. A
Metáfora antropocêntrica: o agir humano atual e o meio ambiente. Disponível
em: http://www.portalmeioambiente.org.br
SADY,
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l’humanite em peril. Disponível em: http://www.rellaciao.org/fr/spip.php?article116926
TESSARO,
Gilson e FOSCHIERA, Elisabeth Maria. Agroecologia
e Ecopedagogia: bases para o re-educar da educação. IN: REVISTA BRASILEIRA
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[1] Texto já disponível no site das Faculdades La
Salle de Lucas do Rio Verde – MT.
[2] SANTANA, Joseana Moura e LIMA, Carlos César
Uchoa. A inserção dos princípios da
ecopedagogia no currículo escolar: uma proposta de educação para a
sustentabilidade. Disponível em : http://www.uepg.br/seminariointernacional/age
[3] GADOTTI, Moacir. Ecopedagogia, Pedagogia da Terra, Pedagogia da Sustentabilidade,
Educação Pedagógica Ambiental e Educação para a Cidadania Planetária.
Disponível em: http://www.paulofreire.org/pub/CrpafAcervo000137
[4] Idem, p. 2
[5] GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra: ecopedagogia e educação sustentável. Disponível
em: http://www.antroposmoderno.com
[6] Idem, ibidem.
[7] STRINGUINI, Millos, A. A Metáfora Antropocêntrica: o agir humano atual e o meio ambiente. Disponível
em: http://www.portadomeioambiente.org.br
[8]
GADOTTI, Moacir. A Ecopedagogia como
pedagogia apropriada ao processo da Carta da Terra. Disponível em: http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev21/moacir
[10] Idem, ibidem.
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