quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O caminho fácil dos amoucos




            Uma das muitas e grandes tentações é a de sempre procurar um culpado pelo que se faz de errado. A culpa é do pai e da mãe, ou do marido, ou da esposa, ou do filho, ou do vizinho ou de alguma pessoa que já foi amiga.
            Tornar-se refém da idéia de que se é vítima e de que se foi prejudicado por outras pessoas, sempre leva a admitir e a justificar que outros sejam responsabilizados pelo mal-estar. Aparece, então, o reforço da convicção para atos de mágoa, de raiva, de depressão e de fúria em momentos de violência descontrolada.
            Pensar-se como vítima, constitui argumento extraordinariamente fácil para admitir humor alterado, porque tal conclusão autoriza a certos desatinos, e justifica sentimentos de vingança, pois a causa da irritação merece o devido troco.
            A palavra “amouco”, usada na Sociologia e na Psicologia, refere-se a uma característica de índios do Malabar, na Índia, que juram morrer pelo seu chefe. Da mesma forma, muitos juram vingança em nome de uma idéia irreal que alimentam e, a partir dela, conseguem transformar sua vida numa verdadeira desgraça e numa dependência profunda. Já não juram morrer por um cacique, mas, juram, conscientemente, cumprir uma idéia ou a uma ordem dada por si mesma ou por alguém, seja para fumar, para beber ou tornar-se dependente de outros produtos químicos que entorpecem.
Esta perda do valor de si mesmo faz com que muitas pessoas se tornem bajuladoras de alguma liderança, só para que esta ajude a autorizar que, em seu nome, possam agir com atos violentos e vingativos. É uma típica doença de falta de gosto por si mesmo, de falta de auto-estima e que leva a discutir por coisas de nada, a brigar e, até a matar, simplesmente, por uma idéia de alguém, considerado importante. Em outras palavras, neste caminho aparentemente fácil, faz-se qualquer coisa, numa cega obediência ao que representa o status de alguém, metido como cacique.

            Como a vida humana é tão curta, porque renunciar à natural capacidade de desfrutá-la em suas múltiplas formas de riqueza, de valor, de bem-querer, e tornar-se um mero “amouco”?

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