Sumiu o ciclo das chuvas almejadas:
Levou a fecundidade dos bons sentimentos,
Calou o desfrute das vidas alentadas;
Esvaneceu a proximidade amiga,
Ofuscou a alegria de convivência antiga.
Vieram os ventos implacáveis de agosto;
Provocaram sussurros e poeiras irritantes,
Deram sumiço no ar saudável da região,
Aliaram-se ao fogo para imperar confiantes,
E deixaram rastros de destruição.
Sobrou a cinza espalhada,
Ainda causticada pela fumaça;
Da bela árvore folhada,
Restou a imagem sem graça.
Sob a cinza, geme a vida ferida;
Destroçada e ofegante,
Mas, renitente, procura alento,
Longe dos presumidos arautos de Deus,
Que lhe causam desapontamento.
Sem limites e barreiras éticas na maldade,
“Pastores” ocupam o lugar do fogo e do vento,
E devastam as esperanças de bondade;
Na sina da morte, estabelecem dilema fulcral:
Subsumir na mansão do silêncio,
Ou adotar o caminho crucial,
De outra sorte procurar.
Machucado no âmago da vida,
Por relações ardilosas e prepotentes,
Sobra ao pobre mortal da humana lida,
O silêncio da dor ainda retida,
Diante dos ditos homens oniscientes.
Subsiste, porém, as esperanças de encontrar,
Em espaços humanos diferentes,
Razões capazes de revigorar a vida,
Para recriar das cinzas,
O fluxo de luzes abundantes.
E, com asas que permitam voar,
Para além das dores paralizantes.
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