sexta-feira, 28 de abril de 2017

Canário amarelo


Seu canto tão singelo,
Ativa um tempo belo,
Da meiga exuberância,
Do tempo da infância.

A sua cor amarelada,
E a cantiga anelada,
Eleva meu ambiente,
E me deixa contente.

A canção melodiosa,
De audição bondosa,
Acalanta os mundos,
Sem atos iracundos.

Sua cantoria suave,
Parece o conclave,
Que desvia sonhos,
Dos fatos bisonhos.

Enfeitas a varanda,
Na acolhida branda,
E seu corpo delgado,
Porta um rico legado.

Na melhor gratuidade,
Apresentas à saciedade,
Uma singeleza de vida,
Com fruição esmaecida.

Que encontres o alento,
Para saudável sustento,
E sigas na boa cantoria,

Que me eleva a alegria. 

Mensagem das primeiras comunidades cristãs


            Nem todos conseguem captar com evidência a condição que propiciou tanto sucesso aos primeiros seguidores de Jesus Cristo, depois da sua morte. Do medo e do pânico inicial de alguns que ainda não tinham entendido bem o que Jesus havia falado por longo tempo, antes de ser crucificado, resultou uma alegria intensa e contagiante.
             Alguns ainda incautos, como Maria Madalena, foram procurar sinais e manifestações de Jesus ressuscitado onde, de fato, não poderia encontra-los. Foram procura-lo no lugar dos mortos. Ele havia repetido muitas vezes que estaria no meio dos que, em seu nome, estariam dispostos a construir o reino novo.
            Os apóstolos, a partir da morte de Jesus Cristo, começaram, sem demora, a estabelecer paralelos entre lideranças e profetas relevantes a fim de salientar as diferenças, mas, também a confirmação de tantas expectativas cultivadas no desenrolar de muitos séculos anteriores a Jesus Cristo. Rapidamente perceberam que o mesmo Deus de Jesus Cristo já tinha se manifestado de múltiplas formas na história do primeiro testamento da Bíblia, mas que, em Jesus Cristo, este amor foi explicitado de maneira muito mais clara e significativa.
            A experiência vivenciada da ressurreição de Jesus Cristo ratificava aos apóstolos a confirmação do que tinham ouvido e assimilado das suas conversas. Tal certeza levava-os a se tornarem testemunhas dos acontecimentos deste Jesus de Nazaré e a constatar que através da fé, os mesmos sinais de Deus continuavam em profusão espantosa.
            Da atenção, da alegria, da recuperação da memória dos gestos e das falas de Jesus, os apóstolos se enchiam de alegria e de uma capacidade profundamente solidária. Sem demora, e, na medida em que foram alargando a fé em Jesus Cristo, foram também capazes de encantar e de atrair pessoas aos seus círculos de convivência.
            Segundo o saudoso teólogo José Comblin, esta experiência dos apóstolos, de experimentar grande simpatia e adesão aos seus ensinamentos, gerava certamente círculos de aproximação de curiosos que queriam saber algo relativo aos acontecimentos que ainda não entendiam. Deste afluxo, foram surgindo novos círculos, e que deram início às comunidades. No fundo, do desejo de aproximar-se da mensagem de Jesus Cristo, emergiu, pela solidariedade despertada, a necessidade das comunidades. Para o teólogo, o importante é que as comunidades não foram criadas a partir de um projeto ou de uma ordem planejada, mas, emergiram como fruto natural e evidente da solidariedade manifestada pelos apóstolos, decorrente da sua fé em Jesus Cristo.
            A percepção do que Deus tinha revelado em Jesus Cristo apontava às primeiras comunidades a certeza de que seu modo de agir teria um alcance incomparavelmente maior do que a maldade reinante naquele momento histórico. E as celebrações eucarísticas aprofundavam a memória dos sinais do Cristo salvador e levavam à unidade na oração coletiva, no serviço da caridade e à promoção da vida.
            Em síntese, os primeiros cristãos viram em Jesus um pleno cumprimento das antigas expectativas de salvação e sentiam que a força do amor cruzava as barreiras de  socialização vigentes naquele momento histórico.





quinta-feira, 27 de abril de 2017

Odores mefíticos



Quando os esquemas políticos,
Eivados de conluios mefíticos,
Querem efetuar valiosas obras,
Já nascem fedidas de manobras.

A prioridade das boas vantagens,
Para as suas próprias safadagens,
Obriga a ocultar a fonte mefítica,
Para desviar toda possível crítica.

Ao desnudar-se sua traquinagem,
Que perverteu sua reta imagem,
Mesmo com seus odores fétidos,
Querem passar-se por intrépidos.

Volatizado todo o efeito nefasto,
Do aumento ao necessário gasto,
Resta ao espoliado pagar o custo,
Do atrevimento danoso e injusto.

Na pérfida camaradagem dadivosa,
Sempre aparece a pessoa mimosa,
Beneficiária das fartas vantagens,
E que reforça as vis patranhagens.

Os acostumados a serem iludidos,
Mesmo bem logrados e preteridos,
Ainda ficam inertes e acomodados,
A esperar o ensejo de bons legados.








terça-feira, 25 de abril de 2017

Oscilações


Como pensamentos e emoções,
A história deixa demonstrações,
De avanços e regressos seguidos,
Sem assimilar defeitos enrustidos.

Progresso de gestos humanitários,
Não segue os renovados ideários,
E permite regressões descabíveis,
Com perversões das mais terríveis.

No balanço da história ressoaram,
E os sons extremistas vociferaram,
Novidades e animadoras inovações,
Com as fundamentalistas monções.

O avanço de bom-senso e respeito,
Estrangula-se em caminho estreito,
E morre sufocado sem a compaixão,
No rol da ausência de comiseração.

A ditadura contra todo o diferente,
Alastra-se em proporção crescente,
Para ameaçar a conquista efetuada,
E a convivência fraterna e recatada.

Na sina das polarizações regulares,
Ansiamos em sôfregos patamares,
Que o pêndulo se alinhe no rumo,
Para não nos engolir no consumo.





segunda-feira, 24 de abril de 2017

Os restos



Seguidamente se requer uma lida,
Para aprumar emoção combalida,
E pensar algo para os ditos restos,
Sem afetar o humor com doestos.

São restos dos pratos exuberantes,
De cerimônias festivas e exultantes,
Que exalam os odores mais azedos,
Para diluir os comprazíveis enredos.

Também se avivam restos dos acertos,
Das contas pendentes e sem consertos,
Que atribulam  motivações essenciais,
E causam  desencantos exponenciais.

Sobras igualmente aparecem nas metas,
Das incontáveis promessas muito retas,
Que deixaram uma sensação frustrante,
Da perfídia do objetivo fiel e constante.

Sobras fervilham volumosas nas obras,
Do desvio através de astutas manobras,
Que encobrem fitos de prometidos ditos,
E acumulam as montanhas de interditos.

Nos restos de tantos projetos elevados,
 E dos encantos rapidamente relegados,
Pode articular-se uma esperança nova,

Para gestar um novo recurso que inova.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

A beneficência do bem comum




            O sistema de vida que nos envolve aponta para um elevado patamar de felicidade, possível de ser haurido pela aquisição de posses e de bens materiais.
            Obcecados na perseguição desta primazia de bem-estar, somos também induzidos a pensar que podemos ser felizes sozinhos. Basta ter bens. Desta perspectiva conquistadora, decorre que não convém gastar tempo com outros, a fim de ajuda-los ou socorrê-los, pois, tal atividade é considerada literalmente inócua para o desfrute da felicidade.
            Da memória dos primeiros seguidores de Jesus Cristo sabemos que uma comunidade primitiva, a de Jerusalém, levou à radicalidade a convicção de que a proposta de Jesus Cristo para a organização da vida era digna de ser vivenciada.
             A cordialidade, aprendida de Cristo, levou os membros daquela comunidade a experimentar um clima muito satisfatório ao perceber que a ajuda, ou alegria causada a alguém, retornava com grande sensação de bem-estar pelo gesto perpetrado. Na imagem da partilha do pão como sentido da vida, sobravam cestos cheios. Em outro sentido, a constatação de que algo de bom feito para alguma pessoa aumentava a experiência gratificante pelo bem praticado.
            Ao nosso tempo parece constituir uma anormalidade pensar em bem comum. Afinal, é o avesso do que se valoriza sob o sistema capitalista. No entanto, convém lembrar que o procedimento da comunidade dos seguidores de Jesus Cristo, em Jerusalém, tornou-se um fermento que despertou uma simpatia enorme e uma curiosidade em torno da possibilidade de vivenciar algo parecido, ainda mais, diante do imperialismo romano, altamente espoliador.
            O fato narrado em Atos dos Apóstolos a respeito da comunidade de Jerusalém salienta que as celebrações da memória de Jesus Cristo levaram seus membros a se tornarem muito solidários e que colocavam tudo em comum (At 2, 42-47).
            Mais do que descrição jornalística de um estado perfeito, o texto revela que a eucaristia levou aquela comunidade a viver uma alegria contagiante e uma magnanimidade de grupo. Com certeza, são traços dignos de serem invejados em nossos dias, pois, neles predomina o individualismo, impregnado de tantos problemas existenciais com progressiva perda de sentido para a vida. Basta lembrar a onda da “Baleia Azul” e coisas similares que afetam incontáveis jovens.
            Na recordação da partilha eucarística da comunidade de Jerusalém, renascem evidências prodigiosas de uma eficaz ação evangelizadora. A celebração da fé antecipadora de outro mundo possível, e, a ação em vista de sua vigência, pode constituir-se em vigoroso fermento para a extraordinária expansão apostólica também em nossos dias.
             Assim, a eficácia da vivência eucarística produzirá, além do bom sentimento de pertença, uma coesão dinâmica e atraente para um modo de viver que dá sentido muito mais profundo à existência do que a velha prática sacrificialista de tempos anteriores a Jesus Cristo.

            

quinta-feira, 20 de abril de 2017

O otimista de toda hora


            Na aldeia do Morocó o ponto mais apropriado para fornecer e captar informações e presumidas novidades era o do bar do seu Zé Bigode. Além dos jogos de sinuca e de baralho, era também o ponto ideal para colocar as fofocas em dia. Quem nunca faltava neste círculo de cruzamento de informações, era o Pacheco, conhecido pela repetição de sua expressão costumeira. Toda vez que alguém falava de algo sinistro ou de alguma ocorrência grave, Pacheco respondia:
- Podia ter sido pior!
            De tanto ouvir Pacheco dar a mesma resposta e uma justificativa nem sempre convincente, os amigos dele resolveram fazer uma aposta.
            O senhor Benedito Cruz apostou, com os demais, que ele iria contar uma história e que o Pacheco não iria repetir sua costumeira frase de que “podia ter sido pior!”. Tudo foi combinado e com os valores em cachaça a serem pagos, bem como o dia marcado para a aposta. No horário combinado, todos já aguardavam a chegada do Pacheco, curiosos a respeito do que ele iria responder diante da história que Benedito Cruz iria dramatizar.
            Mal o Pacheco chegou ao grupo, e Benedito Cruz com a fisionomia aparentemente transtornada e, sob um exagero na expressão do seu nervosismo dissimulado, começou a falar:
- Gente, o que vou contar para vocês, eu nunca poderia esperar da vida. Acabei de matar meu melhor amigo! Já estava desconfiando um pouco da minha esposa, mas, há pouco, quando voltei daqui do bar e cheguei à minha casa, me pareceu que tinha gente estranha. Entrei pela porta e já agarrei uma ripa de um metro e meio usada para trancar a porta. Fui entrando quieto no rumo do quarto e, assim que entrei, vi meu amigo Pedro, em intimidade com minha esposa.
- Com voz trêmula, Benedito Cruz falou: Dei duas pauladas certeiras na cabeça e o deixei morto, lá na cama! Benedito Cruz, encenando um choro desesperado, solicitou ajuda.
            Foi o momento em que Pacheco já soltou sua costumeira frase:
- Poderia ter sido pior!
- Alguém logo retrucou: mas como? Benedito matou seu amigo, como é possível você ainda dizer que poderia ter sido pior?
            Pacheco, sem maiores rodeios, forneceu sua explicação hermenêutica:
- Pois é! Se tivesse sido ontem, o morto seria eu!
            Episódio mais ou menos similar vem se repetindo num outro círculo, o da imensidão de governantes corruptos em nosso país, que também produzem encenações, dramatizações sobre o que poderia ter sido pior, mas, em meio aos disfarces, surgem incontáveis “Pachecos” que acabam revelando suas traições ao povo brasileiro, através de hermenêuticas repetidas à exaustão, e que, no entanto, além de não convencer, ainda revelam os meandros da sua perversidade.


quarta-feira, 19 de abril de 2017

Prosperidade democrática



Vista como fim dos reinados,
E de privilegiados condados,
A reinança do poder do povo,
Foi adorado como algo novo.

Na prática pouco participativa,
Uma delegação representativa,
A agir em nome de subalternos,
Sentiu os poderes sempiternos.

Fixou a onipotência da função,
Para alargar a vasta ambição,
De garantir polpudos direitos,
Sem a autocrítica dos defeitos.

Longe do anseio de multidões,
Criou problemas aos montões,
E tornou-se cega aos clamores,
Dos insatisfeitos reclamadores.

Divulgou bem a noção unívoca,
Da oferta redentora inequívoca,
Do único caminho da sociedade,
De propiciar a efetiva felicidade.

No submundo real do produzido,
A representatividade do induzido,
Não gestou ascendência humana,
Porque a falácia avivou-se insana.






   

Fã-clubes religiosos



Mais que ditames vinculados a Deus,
Aparecem cada dia mais os corifeus,
A formarem agremiações de adeptos,
Por interesses simplesmente ineptos.

Bajulam visando muitos bajuladores,
Que apreciem seus nobres pendores,
E por isso vivem lutas intermináveis,
Para se evidenciarem como amáveis.

Perseguem e difamam possíveis rivais,
E se colocam como vítimas em anais,
Porque perseguem vasta precedência,
Que possa enlevá-los a boa evidência.

No discurso vago dos muitos elogios,
Veiculam asneiras de causar arrepios,
Mas lhes importa um séquito de fiéis,
Que ajude a converter muitos infiéis.

A simpatia mais valiosa que redenção,
Eclode na mídia com a procrastinação,
Para um afluxo de grandes multidões,
Com milagres e curas aos borbulhões.

Sem a humilde condição de colaborar,
Querem com laureados panos inteirar,
Que são superiores a todos os mortais,
Pela presunção de grandezas pessoais.






sábado, 15 de abril de 2017

Passagem valiosa


Celebração festiva como homenagem,
Atualizou da memória a bela imagem,
De que capacidade superior à humana,
Revelou um amor que liberta e irmana.

Na vela acendida para a boa vigilância,
A fim de captar a aurora da fragrância,
Reativaram-se sinais de amor pela vida,
Que ativam a esperança quase perdida.

A noite que antecipou nova realidade,
Captou da recordação de antiga idade,
Na vivência religiosa do amor gratuito,
Capaz de clarear o rumo do bom intuito.

No memorial do Cristo feito sacramento,
Abriu-se lídima razão de contentamento,
Para alargar uma preciosa solidariedade,
E desfrutar este sentimento à saciedade.

A luz indicadora da passagem auspiciosa,
Dum amor que suplanta a vida perniciosa,
Indica ressurreição gradual e progressiva,
Para a vida mais leve e menos exaustiva.

Atualizadas as maravilhas da ação indizível,
Alentam  vasta esperança de sinal sensível,
De que a festa transcenda a boa recordação,
E aponte para o futuro de promissora ação.


Festa Pascal



Antiga passagem comemorada,
Da opressão para terra desejada,
Nas recordações daquele evento,
Propiciava vasto contentamento.

Na certa o mesmo amor de Deus,
Não deixaria jamais os filhos seus,
Retornar ao estado de sofrimento,
Porque lhes recriava novo alento.

A festa refazia a sofrida memória,
Dos tempos duma árdua vitória,
E remetia a uma grata satisfação,
Com a virtualidade para a nação.

Na ceia celebrativa da memória,
Recriava-se o sentido da história,
Pois a passagem do amor divino,
Fazia o povo sentir-se peregrino.

O processo deturpador da festa,
Fez da ceia a refeição indigesta,
Que passou a mobilizar a morte,
Para assegurar a vantajosa sorte.

Assim a manifestação salvadora,
Sacrificada como perturbadora,
Foi eliminada como desordeira,
Numa forma nada hospitaleira.

Visto como o avesso à tradição,
Revelou, contudo, a superação,
Do legalismo religioso exterior,
Nos sinais de um amor superior.

Sua passagem deu novo sentido,
Que atualizou o motivo preterido,
De celebrar o amor não merecido,
Do Deus revelado e compadecido.




sexta-feira, 14 de abril de 2017

Cruz



Sinal peculiar para tanta gente,
Lembra o histórico antecedente,
De quem foi vítima da violência,
E um sacrificado da prepotência.

A cruz que indicava o fracasso,
Ante um poder religioso crasso,
Constituiu uma indizível vitória,
Sobre a antiga e triste história.

A cegueira dos sacrificialistas,
Não percebeu as novas pistas,
Manifestadas com vasto amor,
Por indicar um rumo libertador.

Como tantos cordeiros imolados,
Nas festividades dos libertados,
 Jesus, como o perigoso agitador,
Pereceu pelo seu amor inovador.

A morte cruel sob um madeiro,
Não desfechou o seu paradeiro,
Pois, ao revelar o amor de Deus,
Estendeu perdão aos filhos seus.

A cruz, ícone do amor ilimitado,
Remete ao sofrimento imputado,
À imensa grei humana espoliada,

Vítima da ambição desmesurada. 

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Jejuar


Um velho arquétipo cultural
Recria-se como doença viral,
E condiciona o jejum judaico,
A movimento onomatopaico.

Peixe em vez de carne bovina,
Mais que mortificação sovina,
Representa a fruição saborosa,
De alimentação boa e vigorosa.

O cardápio de ingestão salutar,
Tão aprazível para se degustar,
Nada acrescenta à abnegação,
Para qualificar uma boa ação.

Um apelo dos antigos profetas,
Para superar as ações abjetas,
Indicava um jejum de coração,
Para inibir toda a malversação.

Um jejum de raiva nas relações,
Cria beneméritas antecipações,
Para uma fraternidade efetiva,
Sem uma estratificação seletiva.

Jejum escrupuloso de aparências,
Não suprime vastas incoerências,
Duma religiosidade de simulacro,
A denegrir valioso preceito sacro.





Boa índole


Rara como espécie em extinção,
A boa índole em nossa condição,
Ainda sustenta anelos profundos,
Para erradicar os traços iracundos.

Quando tantos olhares perversos,
Rondam pelos caminhos adversos,
Bom é constatar sinais de ternura,
Que emergem de uma alma pura.

Na postura respeitosa e acolhedora,
Eclode fartura de força renovadora,
Que difunde amplo bem-estar e paz,
E a sensação que edifica e compraz.

Este valioso perfil comportamental,
Mais que a ostentação ornamental,
É diploma dum histórico cultivado,
Para o procedimento reto e honrado.

A história da convivência respeitosa,
Que sensibilizou esta dádiva valiosa,
Coroa um longo processo depurador,
De quem se aprimorou no pundonor.

Sua presença serena e revitalizante,
Pervaga como um tônus inebriante,
A inteireza da vida em sua essência,
E sedimenta uma preciosa sapiência.


quarta-feira, 12 de abril de 2017

Sinal de amor


De um rito a ser memorizado,
Jesus Cristo deixou um legado,
Para expressar o que mais fez,
E indicar um rumo de lucidez.

Na ceia, com o ar de despedida,
Desejou que o essencial da lida,
Perpetuasse larga solidariedade,
Para o bem-estar da sociedade.

O preço a ser pago pelos gestos,
Indicava que mundo de doestos,
Incompatível à ação humanitária,
Forçava estabilidade autoritária.

Sob o bem-querer manifestado,
Jesus deixou o superior legado,
De um entendimento humano,
Para corrigir todo terror insano.

Expressou com o pão e o vinho,
Belo itinerário para o caminho,
Da construção dum reino novo,
Para propiciar sentido ao povo.

A aproximação ao seu proceder,
No simples elã de se enternecer,
Daria mais sentido à existência,
Que a velha praxe de violência.

Seu sinal que remete ao amor,
Serviu para difundir um clamor,
De que o dom para a unidade,
É excelso sobre toda maldade.



<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...