quinta-feira, 27 de setembro de 2018

ANSEIO DE FELICIDADE





Já não se espera do além,
Nem do agir de ninguém,
Que felicidade seja plena,
Aqui na condição terrena.

Nos cabrestos da indução,
Todos são iguais na opção,
De comprarem felicidade,
Com dinheiro à vontade.

Muitas sobras produzidas,
De suor e sangue tingidas,
Como um lixo descartável,
Se vão de modo execrável.

Na ambição por felicidade,
Aumentam com saciedade,
Os humanos descartados,
Iguais aos lixos ignorados.

A frustração da felicidade,
Que some em velocidade,
Gera agressividades letais,
Ante um mundo de rivais.

Na compensação frustrada,
A vida que vai desandada,
Perde a genuína dignidade,
E produz incrível maldade.

Sobra enfim apenas anseio,
Sob um consumista enleio,
Que ronda um fim iminente,
De subsumir como indigente.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

PERSEGUIDORES E SUAS VÍTIMAS




Para eliminar um adversário,
Que deseja o mesmo ideário,
O melhor modo de afastá-lo,
Está no modo de contestá-lo.

O inimigo como ameaçador,
E como grande perturbador,
Poderia afetar algum desejo,
Que interessa ao próprio ejo.

Então o deus do perseguidor,
Age com pretexto motivador,
Para que a vítima seja morta,
Pelos perigos que comporta.

Mimetismo ao deus violento,
Oferece um belíssimo alento,
Para agir como bom ajudante,
Do real e suposto mandante.

Na mão ilibada da inocência,
Agride-se com a indecência,
Que difama honra da vítima,
E supõe a sua morte legítima.

Na falsa esperança da boa ação,
Executada como reta intenção,
Espera o agressor no bom fito,
Que algo bom lhe seja predito.

A ação do deus perseguidor,
Insensível à expressão de dor,
Quer vítimas bem submissas,
Para suas gloriosas premissas.

Qual seria o Deus das vítimas,
Em suas ansiedades legítimas,
Dos direitos essenciais à vida,
Sem uma violência tão sofrida?

Na violência bem sustentada,
Em nome da justiça desejada,
Aumentam-se novas violações,
E negam-se anelantes soluções.







sábado, 15 de setembro de 2018

CANONIZAÇÃO DO SUCESSO




No lugar do antigo ideal de santidade,
Alarga-se uma ideologia na sociedade,
Que adora o sucesso como conquista,
E como apanágio de poder triunfalista.

Nesta diabólica e disfarçada violência,
Dominam-se sujeitos com indecência,
Para que aceitem lídimas inverdades,
Relativas às presumidas celebridades.

Do dinheiro espoliado para persuadir,
Os “bodes expiatórios” precisam iludir,
A sua reta consciência com sacanagem,
Aos tentáculos pífios da falsa imagem.

Ao manipularem as boas motivações,
Em torno das ardilosas elucubrações,
Produzem mitos sobre as inverdades,
Como se fossem divinas sacralidades.

Deixam os prisioneiros bem atrelados,
Aos manipuladores hiper-sofisticados,
Que querem vontades bem obcecadas,
Às suas ambições nada democratizadas.

As imensidões de vítimas feitas reféns,
Alienadas que se entregam por vinténs,
Renunciam às suas intuições profundas,
E se submetem a falácias tão iracundas.

Adoração do sucesso artificial e danoso,
Venerado como a coroa do ser bondoso,
Revela uma patologia doentia do poder,
Que atrela o povo sem levá-lo a crescer.

Os fanatizados apelos aos dependentes,
Antecipam resultados surpreendentes,
Do almejado, como se fosse a verdade,
Para o suposto bem de toda sociedade.


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

ANJINHOS SEM ASAS




Vejo tantas expressões faciais,
Com divinos traços angelicais,
Irradiando mundos indizíveis,
Sob traços humanos incríveis.

Simplesmente encantadoras,
Sem as palavras enganadoras,
Indicam um rumo comovente,
Através dum coração contente.

Irradiando uma riqueza vital,
Como pontos de luz celestial
Mudam com humor e leveza,
Tanto sentimento de tristeza.

Como são anjinhos perfeitos,
E com tão pequenos defeitos,
Porque estas asas angelicais,
A entortar colunas dorsais?

O imagético de seres celestes,
Que ignora traços incontestes,
Teima naquela velha raiz persa,
Que a boa angelologia dispersa.

Querem anjos de outro mundo,
Para enfeitar este tão iracundo,
E esvaziar o divino tão humano,
Explicitado neste mundo insano.

Com menos enfeites românticos,
Poderiam sobressair os cânticos,
Desta espontânea comunicação,
Dos anjos da genuína interação.

Apontam os mundos possíveis,
De mensagens bem inteligíveis,
Sobre o êxito de possibilidades,
Que eclodem sobre fatalidades.



quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A ASTÚCIA DE CORTEJAR




Em tempo de muito cortejo,
Com os entornos de remelejo,
Os aficcionados por atenção,
Desejam máxima admiração.

Seu nobre valor na sociedade,
De supostas obras de caridade,
Longe da admiração merecida,
Não cativam afeição esmaecida.

Sobressai um ego envaidecido,
De ilibadas honras guarnecido,
A iludir com fartas aparências,
E bajuladoras benemerências.

Ao enaltecer o legado edificante,
Dum passado altivo e marcante,
Denigrem a lamúria das vítimas,
Em suas reivindicações legítimas.

Presumem na feliz admiração,
Que no voto de muita sensação,
O ignóbil cidadão aufira poder,
Para que possam se enaltecer.

O desrespeito aos humilhados,
Espalha-se por todos os lados,
Sob a inércia da palavra vaga,
E que ao solto léu se propaga.

Queria tanto sentir admiração,
Por um entusiasta pela nação,
A promover elevação de nível,
Com menos ambição irascível.







quinta-feira, 6 de setembro de 2018

ESTEREÓTIPO PERSEGUIDOR




Das patranhas coletivas,
Que ferem forças vivas,
Salientam-se pretextos,
Dos nocivos contextos.

Os ataques a minorias,
Por razões e ninharias,
Perseguem as vítimas,
Subversivas legítimas.

Nas falsas acusações,
Fluem argumentações,
Para a defesa coletiva,
Contra a ameaça viva.

Réus de condenação,
De aleatória punição,
Devem aceitar o rito,
Para findar o conflito.

O veredito da maioria,
Sob a estranha ironia,
Age em nome divino,
Como justo assassino.

Sacralizam a violência,
Como divina essência,
Que estabelece a paz,
E que ao divino apraz.

Ao “bode expiatório”,
Em fato resignatório,
Resta-lhe a maldição,
E submissa aceitação.

Mimetismo da multidão,
Cria a falsa moralização,
Sobre o réu sacrificado,
Por Deus determinado.

Na persuasão moralista,
A determinação fatalista,
Move a crença da vítima,
Que sua morte é legítima.







<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

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