sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

ARRUFOS BANAIS




Mesmo com os melhores sentimentos,
Não se evitam os descontentamentos,
E muitos arrufos com pessoas amigas,
Por minúsculas e supérfluas intrigas.

Longe de saber arrulhar como pombas,
E de não reagir com pesadas pitombas,
Temos pela frente dura aprendizagem,
Para revidar com serena camaradagem.

Enquanto aves nos arrulhos de atração,
Exprimem ternura da sua murmuração,
Nós pouco arrulhamos sinais de estima,
E reagimos bem menos a algo que anima.

O bombardeio de contínuas informações,
Deixa arvoadas tantas obsessivas paixões,
E aturdidas todas as possíveis iniciativas,
Para reatância rápida ante as invectivas.

Nos arrufos ternos para o entendimento,
Sempre se abre novo e vigoroso intento,
Capaz de integrar desencontros doídos,
E os sentimentos em ardentes pruridos.

Como as nuvens fugazes e passageiras,
O advento de sensações mais fagueiras,
Permite impregnar a vida com ternura,
Para a convivência com menos agrura.







quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

NO RUMO DA SOLEDADE




Com tanta fartura de contrariedade,
Com notícias de clara arbitrariedade,
É generalizada a condição celibatária,
Como fonte de depravação primária.

Todos rotulados no nível da anomalia,
Não se evadem da insistente mania,
Que os enquadra pelo nível de risco,
A rondar o seleto e bondoso aprisco.

Se revelar encanto por uma criança,
Já desperta suspeita e desconfiança,
E se conversar com alguma senhora,
É obcecado mulherengo de toda hora.

Ao se entreter mais com os homens,
Prefigura o vasto rol dos lobisomens,
Da homo-afetividade desmunhecada,
Em escancarada caça mancomunada.

Pior ainda se falar com adolescente,
Já perde o seu bom nome referente,
E configura a pederastia depravada,
A rondar a pureza juvenil tão ilibada.

Resta então aquela rota da soledade,
Para avaliar os olhares de severidade,
Que no distanciamento já precavido,
Integrem o sentimento desenchavido.

Da soledade eclode um vasto pendor,
Para reciprocidade de humilde fervor,
Sem perder seu peculiar modo de ser,
E a grandeza da vida a se enternecer.



O MEGATÉRIO POLÍTICO




Muito mais ousado e temerário,
Do que um megatério terciário,
Está o agir persuasivo político,
Em estranho remelão enclítico.

Volumoso e forte na aparência,
Ao lado da radiosa imponência,
Abre bocão enorme e faminto,
E ameaça engolir todo recinto.

Mesmo na aparente voracidade,
A falada política para a sociedade,
Anda desdentada como megatério,
E sequer ultrapassa o despautério.

Ameaça de morder tantas coisas,
Termina lambendo inertes loisas,
Sem nada de efetivo para enlevar,
A aguardada expectativa popular.

Enquanto o medo do megatério,
Acua tanta vítima do impropério,
O perfil das aparências vorazes,
Termina em meros ditos fugazes.

Resta esperar fulgores inovados,
Que resplandeçam ares eivados,
De uma justiça mais abrangente,
E que geste clima mais contente.






INTENCIONALIDADE MALDOSA




O casamento dos desejos desmedidos,
Com os astutos interesses aprendidos,
Gesta estes filhos da maldade cretina,
Que em todo ambiente a vida aturdina.

Educados para a astúcia da inteligência,
Beiram o limiar da falaciosa demência,
Para agir com má-fé e na falsa bondade,
E apropriar-se em prodigiosa saciedade.

Multiplicam-se como as viroses e pestes,
E conseguem burlar elementares testes,
Para assegurar privilégios conquistados,
E ampliar mais seus surrupiados legados.

Na contramão das regras estabelecidas,
Longe de emoções retas e enternecidas,
Amealham o alheio com sádico desfrute,
E iludem com afoiteza a quem os escute.

Ocupam lugares da honra e precedência,
Apesar da sua nojenta e vil indecência,
E vendem uma imagem do seu privilégio,
Como um invejável e desejado sortilégio.

Seus parâmetros de valor ético-moral,
São somente estes da vantagem fulcral,
Que em nada sente a dor do espoliado,
E nem o seu dia-a-dia de muito enfado.

Verdadeiros “espíritos maus” da vida,
Deixam a condição humana denegrida,
E lhe fecham a porta do sonho de paz,
Porque apenas acumulação lhes apraz.
















quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

ESTRANHOS MEDIADORES




Acima da média dos traidores,
Situam-se os ditos mediadores,
Que transformam a sua missão,
Em degradada procrastinação.

Vilipêndio com coisas sagradas,
Enrola-os em condutas ilibadas,
De meras aparências exteriores,
E disputa por cargos superiores.

Aparência rubricista nos rituais,
Em cenários de climas angelicais,
Permite encobrir vida desonesta,
                                          E escancarar repercussão funesta.

Na estranha adoração dos panos,
Enfeitados como bicos de tucanos,
Pregam discurso de agrado moral,
Como um sacro poder atemporal.

Marcados por vícios degradantes,
Tornam-se magníficos farsantes,
Para insinuar uma piedade santa,
Que ao público agrada e encanta.

Longe duma construção do Reino,
Seu modo de ação é belo treino,
Para alargar uma fala de agrados,
A simpatizar para todos os lados.

Nos itinerários da boa formação,
Esconderam a sua real intenção,
E na profissão da malandragem,
Encontraram favorável aragem.

Vivem as aparências simpáticas,
                                            Para ocultar as ações erráticas,
E viver numa vida principesca,
Sem horror da agrura dantesca.

Denigrem o nome dos honestos,
Agregados em pequenos restos,
Que agem cordatos na mediação,
Para Deus ajudar a humana ação.






sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

ANDAR COM A CAMA




Em meio a tanta gente que reclama,
Sob um olhar de que ninguém a ama,
Na submissão à consideração alheia,
Mendiga o carinho de quem a rodeia.

                                      Ser levado pelos outros nas andanças,
Além do enfado de pesarosas fianças,
Tende a produzir clima de indiferença,
Que agrava mais o quadro da doença.

Num gesto peculiar e único de Cristo,
O mendigo não recebeu mágico visto,
Mas um convite de andar com a cama,
Para pensar a vida como quem a ama.

A cama, como passado não integrado,
Geralmente deixa dependente legado,
De esperar que outros criem soluções,
Para as fixas e frustradas impressões.

Se uma atenção humanitária é valiosa,
Para persuadir uma inovação preciosa,
Não carece de ação pomposa e mágica,
Mas do rumo que muda a visão trágica.

A cura resultante do andar com a cama,
Integra paralisias de quem pouco ama,
E aumenta, lenta e progressivamente,
O bem-estar na organização da mente.

A margem da socialização paralisante,
É geradora do descarte marginalizante,
Mas, andar com a cama no rol da vida,
Dissemina a rica singeleza enternecida.







sábado, 12 de janeiro de 2019

ANIMAIS VINGATIVOS




Os animais políticos, religiosos e cultos,
Mais que os das matas e locais ocultos,
Notáveis pela crueldade de vinganças,
Acabam confirmando pífias lambanças.

Na prática de cegas e cruéis vinganças,
Dizem estabelecer o fim das vinganças,
Mas realimentam as reações de ódios,
E fazem das guerras os centrais pódios.

No autoproclamado direito de vingança,
Recria-se constantemente a rica fiança,
Para perpetuar violência sem tolerância,
E continuar ostentando aguda ignorância.

Se os animais fortes impõem submissão,
Os humanos elevam como nobre missão,
A matança e o extermínio do adversário,
Para ratificar a paz com o ótimo ideário.

No interminável ciclo vicioso da guerra,
A qualidade humana ainda mais emperra,
Os tão almejados direitos da convivência,
Para a superior difusão da benevolência.

Tantos sacrificados, culpados e eliminados,
Vítimas de declarantes mal intencionados,
Já poderiam despertar o bom-senso forte,
De outro nível para o humanizado aporte.

Instituição que se mostra forte na matança,
Não estabiliza razoável e digna governança,
Quando alastra e vulgariza defesa violenta,
Pois gera reação forte que contra ela atenta.





sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

IDEOLOGIA




Palavrinha tão mágica,
Cria a situação trágica,
E embate os adversários,
Mirados como salafrários.

Moldável como elástico,
Moldura motivo plástico,
Que ressignifica sentidos,
Contra inimigos presumidos.

Como estandarte de guerra,
Em mil sentidos que encerra,
É simbólica que tudo sataniza,
E que seu próprio desejo valoriza.

Complexa mais que seu conceito,
Exige devotado e venerado respeito,
Para legitimar direito de grupos afins,
Que mascaram interesses pelos confins.

Como conjunto estruturado de ideais,
Legitima perspectivas de segmentos sociais,
Para impor visões de mundo e de sociedade,
Que reproduzam um ideário de prosperidade.

Na obstinação de interesses bem direcionados,
Sobram motivos para atacar inimigos indesejados,
E demonizá-los como causa dos os males possíveis,
Para implantar o domínio ocultar ambições irascíveis.




<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...