quinta-feira, 20 de maio de 2021

VEREDAS


Tão distintas das alamedas,

A ostentar as longas medas,

De espécies raras e exóticas,

Elas seguem estrambóticas.

 

Sem esta ordem moderna,

Da organização hodierna,

A vereda lembra direção,

Para a variada orientação.

 

Sem uma obsessiva lógica,

De orientação pedagógica,

Indica o rumo do caminho,

Sem uma clareza de alinho.

 

Distante do rígido concreto,

Feito suporte nobre e dileto,

O rumo de trilhas e veredas,

Não aponta feições azedas.

 

Não ostenta caixa de dejeto,

Mas escancara lixo discreto,

A incorporar-se à natureza,

De uma exuberante beleza.

 

A vereda encurta caminhos,

Sem os pisos arrumadinhos,

E se adapta bem à natureza,

Para aumentar sua inteireza.

 

As veredas fogem da rigidez,

Da tão emaranhada algidez,

Que afeta as regras sociais,

E deturpa sensos essenciais.

 

Veredas toleram o diferente,

Tão vilipendiado pela gente,

Que se move pelo controle,

De ineptos de autocontrole.

 

Veredas driblam categóricos,

Dos urbanismos meteóricos,

Que adoram asfalto e luzes,

E morrem sob os arcabuzes.

 

Sem alinhamento e prumo,

A vereda do baixo consumo,

Indica perspectiva futurista,

Tão viável quanto reta pista.

 


segunda-feira, 17 de maio de 2021

BAJULAÇÕES DESMESURADAS

 

 

No silêncio da pandemia,

O gato valente que mia,

Com miados estridentes,

Lembra rezas fanatizantes.

 

No bombardeio das lives,

Chatos e irritantes clives,

Insistem com a piedade,

De inócua precariedade.

 

Dogmáticos e perdulários,

Divinizam com os rosários,

Os poderes de insinuação,

Para produzir iluminação.

 

Longe de tudo que aflige,

Imputam magia que exige,

Mera idolatria materialista,

Da poderosa espiritualista.

 

Já não se referem a Maria,

Ou aos lugares da romaria,

Mas só à santíssima virgem,

A divina deusa extravirgem.

 

Utilitarismo fundamentalista,

Duma recitação mecanicista,

É apregoada como milagreira,

Que supera qualquer barreira.

 

Distante de Maria da origem,

Vivem as ondas de vertigem,

Sobre minúcias da recitação,

Sem gerar elã para uma ação.

 

Transformam uma devoção,

No consumismo de emoção,

Para ostentação bajuladora,

Da divina deusa redentora.

 

Neste fascínio tão perigoso,

De aparente e sublime gozo,

Maria, aquela mãe de Jesus,

Não importa e sequer seduz.

 

Importa apenas a produzida,

Da rica fantasia ensandecida,

Que não remete à lealdade,

Para a solícita cordialidade.

 

 

 

domingo, 16 de maio de 2021

PASTICHE SEM PISTACHE

 


Humanos amoucos e paranoicos,

De planos loucos, nada heroicos,

Atrelados a pastiche de imitação,

Arrumam sofrida procrastinação.

 

Fanatizados por metidos doutos,

E relegados a miseráveis coutos,

Agridem e ameaçam opositores,

Não favoráveis a seus pendores.

 

Arregimentam-se para a guerra,

E com o pior do que ela encerra,

Para defender o seu imperador,

Sem qualquer senso moderador.

 

Não percebem que é pastiche,

De outro interesseiro trapiche,

Que lesa a vasta humanidade,

Com sua mórbida insanidade.

 

No lugar do enojado pastiche,

Prefiro um saboroso pistache,

Oleaginosa rica em proteínas,

E das mui valiosas vitaminas.

 

Sob uma casca dura e áspera,

Revela virtualidade próspera,

Para alargar a funcionalidade,

De benéfica e ativa saciedade.

 

A saúde social carece do pendor,

De síntese política de pundonor,

Que pense o bem comum geral,

Com o básico respeito colateral.

 

Quando alguém briga por ideia,

Sem noção da condição plebeia,

Anula sua própria auto-estima,

E torna-se monstro que vitima.

 

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...