segunda-feira, 17 de maio de 2021

BAJULAÇÕES DESMESURADAS

 

 

No silêncio da pandemia,

O gato valente que mia,

Com miados estridentes,

Lembra rezas fanatizantes.

 

No bombardeio das lives,

Chatos e irritantes clives,

Insistem com a piedade,

De inócua precariedade.

 

Dogmáticos e perdulários,

Divinizam com os rosários,

Os poderes de insinuação,

Para produzir iluminação.

 

Longe de tudo que aflige,

Imputam magia que exige,

Mera idolatria materialista,

Da poderosa espiritualista.

 

Já não se referem a Maria,

Ou aos lugares da romaria,

Mas só à santíssima virgem,

A divina deusa extravirgem.

 

Utilitarismo fundamentalista,

Duma recitação mecanicista,

É apregoada como milagreira,

Que supera qualquer barreira.

 

Distante de Maria da origem,

Vivem as ondas de vertigem,

Sobre minúcias da recitação,

Sem gerar elã para uma ação.

 

Transformam uma devoção,

No consumismo de emoção,

Para ostentação bajuladora,

Da divina deusa redentora.

 

Neste fascínio tão perigoso,

De aparente e sublime gozo,

Maria, aquela mãe de Jesus,

Não importa e sequer seduz.

 

Importa apenas a produzida,

Da rica fantasia ensandecida,

Que não remete à lealdade,

Para a solícita cordialidade.

 

 

 

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