quarta-feira, 27 de maio de 2020

PIPAROTES COM OFENSAS




O sonhado bom meio interativo,
Para o isolamento um paliativo,
Tornou-se arena dos combates,
De fanatizados e pífios embates,

As palavras proferidas são fracas,
Ante gestos e motivações patacas,
Para ampliar o ódio ao adversário,
E justificar certo apelo temerário.

O estranho é que amigos pacatos,
Endossem afirmações e desacatos,
Com preclaro argumento deletério,
Cheio de provocação e impropério.

Até elementar noção de civilidade,
Que prezava trato de cordialidade,
Sumiu do cotidiano das interações,
E medeia o rechaço com palavrões.

Na linguagem não verbal de gestos
Insinuações com pesados doestos,
Apontam para guerra de amoucos,
Que destratam pela ideia de loucos.

Quando piparotes reforçam os ódios,
Em favor de supostos e belos pódios,
Impregna-se página social de amigos,
Com a guerra declarada aos inimigos.

O inimigo declarado é o que discorda,
Do que o exaltado categórico aborda,
E isto justifica tão tenaz perseguição,
Porque constitui risco contra a nação.

Assim não se pode apertar o celular,
Porque salta o sangue de ódio no ar,
Para deixar Moloch muito satisfeito,
Com o sangue humano ao seu preito.



terça-feira, 26 de maio de 2020

NO JOGO DAS INFORMAÇÕES




A intimidação da pandemia,
Fez o que tanta gente temia:
Parou as disputas esportivas,
E inerentes cargas aversivas.

A raiva da descarga catártica,
Deixou de ser ação anárquica,
Contra outro a ser derrotado,
E passou ao campo inusitado.

Dura guerra contra o inimigo,
Desencadeou um fogo amigo,
Da maestria das informações,
Com variegadas malversações.

A arena de disputas violentas,
Irradia afirmações turbulentas,
Que denigrem todo adversário,
Do mais mentiroso e temerário.

Acusação agressiva no berrante,
Divulgada na veemência falante,
Gera delírio da torcida instigada,
Que aplaude ofensa disparatada.

Na descarga dos ódios estimulados,
As afrontas e revides ficam eivados,
De informações pífias acumuladas,
Para refutar as ofensas divulgadas.

Na torcida pelo falante do coração,
Nem pesa a adversária informação,
Mas o grito bem forte e rompante,
Contra um adversário informante.

Na hegemonia da força poderosa,
Está a rede da informação radiosa,
Que tem maior lastro de persuasão,
Sujeito a assimilar a sua dissuasão.


segunda-feira, 25 de maio de 2020

INDIFERENÇA PREOCUPANTE




Quando o sofrimento alheio,
Não altera obcecado anseio,
Do determinismo dos lucros,
Atos solidários soam xucros.

Importa não ligar para a dor,
Nem do pobre e seu clamor,
Mas, atenção à vida pessoal,
Sem ligar para a transpessoal.

A indiferença oferece defesa,
Da tão universalizada crueza,
Que justifica apatia ante dor,
Para defender o próprio alor.

O argumento de delinquente,
Que obstaculiza agir decente,
Oferece alívio à consciência,
Para evitar condescendência.

Assim o alheio vira desumano,
Culpado pelo próprio engano,
De esperar um gesto solidário,
Para sair do seu estado erário.

Parece que pobre é merecedor,
De estar numa situação inferior,
Ou pelas razões ultra-humanas,
Ou pelas limitações doidivanas.

Na incapacidade de compaixão,
Os muros da etiqueta de paixão,
Apontam o status e precedência,
Como razões de benemerência.

Sobra indiferença apática e fria,
Que engole a ação e nada cria,
Para que outros superem a dor,
Que amealhou seu lídimo vigor.

sábado, 23 de maio de 2020

ESCOLA DE VIOLÊNCIA




Revestida de múltiplas formas,
Baseada em rigorosas normas,
Deixou de ser referência local,
Para abranger um imenso focal.

Mina o critério da organização,
Desta vasta e grandiosa nação,
Com modelos advindos do topo,
Dos mandantes de largo escopo.

Seus tratos agressivos e palavrões,
Produzem os revides aos montões,
E antagonizam posturas similares,
Para as coisas comuns e vulgares.

Feita critério de organização da vida,
A violência se multiplica sem medida,
Porque entra na osmose do cotidiano,
Com soluções agressivas ao desengano.

Sob a ideologia da destruição do inimigo,
Todo o humano agir agressivo vê perigo,
Em quem não se submete ao seu desejo,
E representa qualquer estranho lampejo.

Na larga escola de estímulo à luta ferrenha,
O mito do herói vencedor sempre desdenha,
Sobre o fraco derrotado e destruído no ardor,
Porque o extermínio é solução do pleno vigor.

Sobra apenas a vanglória dos mais prepotentes,
Estratificada sobre o silêncio de seres inocentes,
Tratados com rara indiferença e largo sarcasmo,
Para que se aquietem e subsumam no marasmo.


sexta-feira, 22 de maio de 2020

AÇÃO DA CLOROQUINA




Anelada contra a pandemia,
Revela-se com forte anemia,
Mas recria cor de esperança,
Eficiente para outra andança.

Refutada a eficácia antiviral,
E sua função antirretroviral,
Tornou-se o ícone de anseios,
Para uns políticos aperreios.

Indicada para a opção direita,
Que a linha esquerda enjeita,
Sua fase de experimentação,
Poderá enfim sagrar sua ação.

A eficácia na política esquerda,
Submetendo-a a rigorosa perda,
Lhe daria, enfim, excelsa glória,
De inequívoca e rotunda vitória.

Agiria no limiar do bem e do mal,
Para cuidar aliados contra o rival,
O inimigo ferrenho da submissão,
Fautor de mazelas contra a nação.

Dispararia bem mais que as Bolsas,
Para encher muitos navios e balsas,
E assegurar o controle sobre rivais,
Enfraquecendo as suas forças vitais.

Permitiria, enfim, à direita ilibada,
Agir e ampliar asua lida reputada,
Para o bem-estar largo da nação,
Sem a esquerdista procrastinação.





CLOROQUINA E SUA SINA




Sozinha ou bem acompanhada,
Encontra-se toda emaranhada,
Na política polêmica e acirrada,
Da dura rivalidade emperrada.

Velha conhecida da terapêutica,
Sem uma inquietação maiêutica,
Foi usada para o combate eficaz,
Do lúpus e reumatismo pertinaz.

Também consagrada no combate,
Da malária e viroses de embate,
Saltou para repercussão mundial,
Diante do COVID-19, tão mortal.

Já testada diante do SARSCovide1,
Não demonstrou resultado algum,
Mas, no desespero da pandemia,
Passou a uma grande polissemia.

Sem as comprovações almejadas,
Revelou nas disfunções variadas,
Que diminui os glóbulos brancos,
E deixa fígado e coração mancos.

Apesar disso, os profetas falazes,
Com argumentos bem loquazes,
Sustentam contra dados médicos,
Argumentos categóricos e sádicos.

Qual seria o sólido fundamento,
Para abjudicar o conhecimento,
Da ampla e endeusada ciência,
O escudo clássico da eficiência?








MUROS E COMBATES




Na elevação da intimidade,
Os direitos da pluralidade,
Couraçam protecionismo,
Ao afoito individualismo.

Enquanto os muros reais,
Viram ícones substanciais,
De auto-defesa e ataques,
Centralizam-se combates.

A comunhão tão sonhada,
Vira nebulosa emaranhada,
Porque o distinto é inimigo,
Que proporciona desabrigo.

A técnica da combatividade,
Tão insinuada na sociedade,
Cria altos muros de defesa,
E abocanha a reta inteireza.

Obsoletos fins de proteção,
Anulam toda boa mediação,
De gerir mais fraternidade,
E o lídimo amor de verdade.


Outros muros intrapsíquicos,
Alargados por atos políticos,
Ocultam paranoias doentias,
E as multifacetadas manias.

Aquém de muros silenciosos,
Clamam os desejos ardorosos,
Por sinais de mínima empatia,
Para o bom gosto de cada dia.


quinta-feira, 21 de maio de 2020

COERÊNCIA AO CHAMADO




Dos poucos chamados,
Para solidários legados,
Da persuasão religiosa,
Flui parca lida elogiosa.

Marcados pela cultura,
Obsessiva pela fartura,
Vivem na ambiguidade,
Que molda a realidade.

Pautam sua identidade,
Sem objetiva fidelidade,
Ao que fitam anunciar,
Indispostos a renunciar.

Induzidos à precedência,
E à simpática aparência,
Esquecem básica opção,
De uma outra dimensão.

A mediação do ambiente,
De consumo voraz doente,
Centraliza num imagético,
Pressuposto agir profético.

Vistosos, e desvinculados,
Sob os aparatos sagrados,
O seu eixo de comunhão,
Aplica um duro aguilhão.

Firmados em identidade,
De antiquada sociedade,
E bem fundamentalistas,
Adoram-se como ipsistas.






quarta-feira, 20 de maio de 2020

INFORMAÇÕES ALVÍSSERAS




Entre as ondas noticiosas,
De pretensões maliciosas,
Fica muito difícil discernir,
Algo que exclua o escarnir.

Os fartos dados de má-fé,
Alteram e ampliam a maré,
Das ondas tão pessimistas,
Que secam fitos otimistas.

Poucos dados alvissareiros,
Apontam rumos pioneiros,
Que criam boas esperanças,
E reatam belas lembranças.

O sonho além da pandemia,
No anseio que ainda gemia,
Eivou-se de dúvida crucial,
Ante a barganha manancial.

A disputa por vacina eficaz,
Revela a ambição tão voraz,
De investimentos e apostas,
E os acúmulos se arrostam.


A vida relativizada ao lucro,
Segue no desumano mucro,
Que ignora, mata e elimina,
Para saciar a ambição felina.

Poucas e parcas informações,
Visam a vida das multidões,
Como foco digno e meritório,
Para um solidário abonatório.

Tantos pesquisadores atentos,
Para avivar humanos alentos,
Dedicam-se com todo esmero,
Para aliviar o atual desespero.






quarta-feira, 13 de maio de 2020

HUMANOS E COVIDES




No embate das forças destrutivas,
De confrontos e duras invectivas,
Balança a tecnologia acumulada,
Da sofisticação humana dilatada.

Dos mecanismos de espionagem,
Às sutis estratégias de rapinagem,
Com recursos de satélites radares,
Os humanos inventam patamares.

Prepotentes, espionam e saqueiam,
Espoliam e submetem ou eliminam,
Tudo quanto possa ser manipulável,
Para a perversa ambição insaciável.

Fazem-se de donos do que desejam,
E não sossegam com o que ensejam,
Para aumentar o poder de barganha,
E expandir possessividade patranha.

Relegam parcelas a morrer de fome,
Para investir em inimigos sem nome,
Que permitam ampliar o patrimônio,
Numa obsessão hedionda de demônio.

No confronto, o adversário silencioso,
Sem o alarde de discurso contencioso,
Avança sobre as câmeras e sensores,
E vai até as entranhas dos opositores.

Causa efeitos que silenciam bombas,
E desdenha de arsenais e marombas,
Que protegem os planos econômicos,
E os alardeados teóricos dicotômicos.

Ignora a ciência falaz de seguranças,
E a inteligência de pífias lambanças,
E vai até o miolo do seu adversário,
Para dizer que manda no temerário.

Invade até os hábitos embevecidos,
De etiquetas e modos envaidecidos,
Para afirmar a sua larga hegemonia,
Sobre a farta e desumana acrimonia.

Força todo o contingente humano,
A humilde lida com seu desengano,
E a moderar as suas megalomanias,
Para projetar outro tipo de utopias.

Talvez redescobrirá na cordialidade,
Razão saudosa e rica à humanidade,
Para torna-la mais pacata e ordeira,
E incorporar toda a virose fagueira.

terça-feira, 12 de maio de 2020

INTERPRETAÇÃO DE ACONTECIMENTOS




No olhar interessado,
Cria-se o foco fissado,
Que discorda do real,
E afirma o hiper-real.

Fanatismo político,
Sustenta o acrítico,
Enaltece a mentira,
E causa intensa ira.

A emoção de defesa,
Anula toda inteireza,
Ataca para proteger,
Cego por se reeleger.

Altera o fato objetivo,
Pelo simples lenitivo,
De justificar o desejo,
E seu orgulho sobejo.

Avesso à humildade,
Vocifera à saciedade,
Para justificar o ato,
Que gerou desacato.

A boa hermenêutica,
De ação terapêutica,
Ausente na avaliação,
Produz sua divagação.

Torna-se categórico,
E com apelo teórico,
Insinua na persuasão,
Que está com a razão.

Seu recurso de ironia,
Quebra toda sintonia,
Da síntese respeitosa,
E inovação prodigiosa.

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...