quinta-feira, 30 de maio de 2019

PODER E DESCARTE




Cada dia em crise mais abrangente,
O poder deixa o povo descontente,
E na medida do acesso a prediletos,
Aumentam descontentes e desafetos.

A desgraça ingênita dos poderosos,
É a descartabilidade de rancorosos,
Considerados supérfluos aos fitos,
E obstáculos aos muitos não-ditos.

Na malvadeza de selecionar gênios,
Revigora-se a história de milênios,
Dos tiranos que visam supremacia,
E para tanto relegam a democracia.

Importa o “eu” excelso e superior,
Austero a controlar o povo inferior,
Para que não se organize no direito,
E nem se arrogue a apontar defeito.

No silêncio imputado por satisfeitos,
Fluem suaves os ditames dos preitos,
Que espoliam sempre os já preteridos,
Do acesso aos patamares prometidos.

Sem aproximação dos bens simbólicos,
Sobram só os momentos melancólicos,
Para reclamar de alguma compensação,
Diante da dura e bucólica malversação.

No sentimento que tanto procrastina,
Espalha-se insatisfação de triste sina,
Que rouba todo o gosto do bem viver,
E apaga a empatia para bem conviver.




sexta-feira, 24 de maio de 2019

ESTRANHA QUIETUDE




Com sumiço dos ruídos espalhafatosos,
Desapareceram até os sonhos ditosos,
Que acalantavam o foco de esperanças,
E davam razão para distintas andanças.

Parado até mesmo o relógio do tempo,
Não aparece sequer um contratempo,
Para causticar a mente tão desativada,
E destravar o freio da ação estagnada.

No boicote armado pela desesperança,
Morreu o elã para reatar uma andança,
De firmar sentido num caminho longo,
De subida no rio num pequeno gongo.

Os antigos sonhos tão bem acalantados,
Ficaram no caminho, tão acabrunhados,
Que já não animam algum ato iminente,
Para mover alguma iniciativa pertinente.

Que a fria madrugada antecipe um sonho,
Para acordar a aurora de modo risonho,
E viver a expectativa rica e envolvente,
Que deixe este pobre coração contente.

Ou, que o frio resolva desativar radares,
Que atrapalham os inovados patamares,
Para permitir fruir um sentimento ativo,
Propenso a gesto no caminho interativo.





quinta-feira, 23 de maio de 2019

ÓDIOS CULTIVADOS




Mais que cardos em relvados,
A boicotar os grãos cultivados,
Ódios de motivação religiosa,
Produzem relação desastrosa.

Nos atributos a causas divinas,
Alardeiam-se as ações cretinas,
Do prazer sádico que submete,
E na vida alheia se intromete.

Na agressão ao valor simbólico,
Revela-se um denodo diabólico,
Que mesmo sem agressão física,
Atinge os âmagos da metafísica.

A difamação da pessoa adversa,
Permite a profanação perversa,
De atingir a identidade e honra,
Do sujeito que muito se desonra.

Ao ser denegrida a boa imagem,
Todo acréscimo de espionagem,
Espolia ainda bem mais a vítima,
Por denegrir sua defesa legítima.

No ciclo de vingança sem limites,
Aparecem simpáticos blefarites,
A alardear clima conspiratório,
De duro processo persecutório.

Para cortar o ciclo da violência,
Com o atenuante de clemência,
Sobra esta sumida misericórdia,
Meio eficaz de reatar concórdia.






sábado, 18 de maio de 2019

NOVO TEMPO PARA TEMPOS NOVOS




O novo da antiga Babel,
Produziu o amargo fel,
De generalizada monta,
E de irredutível afronta.

Farto desentendimento,
Abafou qualquer alento,
E seu belo projeto social,
Virou confusão especial.

Nem a mesma linguagem,
Venceu larga arbitragem,
Demolidora de consenso,
Para o básico bom-senso.

Numa confusão de papéis,
Nem os almejados vergéis,
Gestaram unidade coletiva,
Para uma boa perspectiva.

Quando forças de maldade,
Dão o prumo da sociedade,
O básico respeito humano,
É engolido pelo desengano.

Na apocalíptica expectativa,
De uma inovada perspectiva,
Os céus sem maldosos mares,
Indicam humanos patamares.

Os mares de ondas ambiciosas,
Sugam solidariedades graciosas,
E estabelecem a farta confusão,
Que freia a humanitária efusão.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

MALUNGOS E RESMUNGOS




Nos mais variados ambientes,
Emergem falas descontentes,
Até em companheiros de lida,
Que propalam mágoa sentida.

Notícias cheias de resmungos,
Espalham-se como os fungos,
E alargam queixas lamuriosas,
Como auto-defesas imperiosas.

Súditos não suportam chefes,
E vivem criando novos blefes,
Com arbitrariedades espúrias,
Para realçar sofridas injúrias.

Mandantes soltam palavrões,
Contra as maldosas multidões,
Que já estariam manipuladas,
Pelas orientações desregradas.

Fanatizadas defesas amoucas,
Com vozes agressivas e roucas,
Ameaçam com poderes plenos,
Até ânimos pacatos e serenos.

Os filhos resmungam com ais,
Contra as ordens de seus pais,
E não aceitam regras vigentes,
E nem normas éticas decentes.

Políticos em nome da decência,
Vivem da larga improcedência,
Para organizar o avesso da fala,
Que tão ampla ordem propala.

Grupos religiosos enraivecidos,
Tentam convencer esmaecidos,
Com os poderes privilegiados,
E como os excelsos delegados.

Até a hermenêutica dos sabidos,
No brilho de saberes consabidos,
Virou uma ebulição resmungada,
Que a toda sociedade desagrada.




<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...