terça-feira, 30 de maio de 2023

MORTE DA ECOLOGIA

 

 

Estranha e obsessiva mania,

Eleva a doida megalomania,

Aos patamares e honrarias,

Com anacrônicas patifarias.

 

Atos que agridem a natureza,

Com insensibilidade e crueza,

Destacam a frieza emocional,

Sob indiferença excepcional.

 

O modo explorador e frívolo,

Nada grato e nem benévolo,

Degrada o substrato dos pés,

E suga desde várzeas a sopés.

 

Com colonialismo explorador,

Não se vê ecológico esplendor,

Mas apenas gananciosa chance,

De possível e lucrativo alcance.

 

Na devastação nauseabunda,

O remorso e postura bijunda,

Não entram nos sentimentos,

Nem em respeitosos intentos.

 

Sem intuir outro modo de ser,

Sob incapacidade de absolver,

Humanos lesam formas de vida,

Deixando a natureza denegrida.

 

Na infeliz auto-imagem adorada,

Da pessoa autônoma e fechada,

Estimula-se processo ambicioso,

Mas, funesto e nada auspicioso.

 

Na real ameaça à habitabilidade,

Fruto de ocupação sem lealdade,

Imagina-se cultura sem natureza,

E ela devolve morte com sutileza.

 

Carentes da ajuda de outros seres,

Humanos ignoram seus deveres,

E limitam condições da sua vida,

A mero húmus da ambição ávida.

 

 

 

segunda-feira, 29 de maio de 2023

SONHO DIURNO

 

 

Embora não mobilize pesadelos,

Está eivado de urgentes anelos,

Para que humanos ambiciosos,

Deixem de ser tão gananciosos.

 

Sua tímida abertura à ecologia,

Possa faze-los sair da patologia,

Que degrada na vasta natureza,

A condição da humana inteireza.

 

Interpretação fundamentalista,

Do perverso sistema capitalista,

Não combina com eco-sistemas,

Nem com os bons estratagemas.

 

Sob a democracia tão discursada,

Reina a imperialista luta abusada,

Que degenera no cosmos da vida,

Possível convivência ensandecida.

 

Na inocuidade o velho paradigma,

Foca o obsoleto e caduco estigma,

De que só um sistema social é bom,

E impinge o seu pressuposto dom.

 

Sem o interesse pela casa comum,

A Terra não aporta a lugar nenhum,

E o protelado paraíso dos humanos,

Faz perecer no rol dos desenganos.

 

Assim sonho com respeito na política,

Para não reinar a fanatização acrítica,

E que o conceito de amor com alegria,

Instaure um mundo de mais empatia.

 

Na sensibilidade aos marginalizados,

Possam curtir-se inusitados legados,

De bom-senso diante das diferenças,

Com caridade e partilha das crenças.

 

Toda a atenção voltada às periferias,

Termine com as histéricas grosserias,

De quem chaveia o rol dos seus bens,

No poder do deus dos seus armazéns.

 

Longe de heróis paranoicos e exóticos,

Possam reativar-se sistemas bióticos,

A colaborar com a condição humana,

Sem esta pervertida cultura sacana.

 

 

                                             

 

 

sexta-feira, 19 de maio de 2023

TERRA EXAUSTA

 


Pisando nas ruínas do lixo,

Com tanto doente bicho,

Relegado ao léu da sorte,

Anula-se todo bom aporte:

 

O crescimento estimulado,

Para tirar do solo o legado,

De uma riqueza acumulada,

Está numa ruína desandada.

 

Exaurir terra como religião,

Tornou-se a maior adoração,

Da raça humana decadente,

Deslumbrada por excedente.

 

O desastre sócio-econômico,

De acúmulo nada encômico,

Aumenta e explora a Terra,

E a envenena com a guerra.

 

Doente ambição de acúmulo,

Torna-se um central estímulo,

Para extorquir em toda Terra,

A vasta riqueza que encerra.

 

Aumento de pobres e famintos,

Acuados em precários recintos,

Escancara a tragédia humana,

E de modo ingente desengana.

 

As autoridades interesseiras,

Em suas explícitas baboseiras,

Facilitam às elites insensíveis,

Juntar de modos inadmissíveis.

 

Nas queimadas pelo latifúndio,

A terra sofre com o vilipêndio,

E, ante genocídios indefesos,

Os eco-sistemas morrem tesos.

 

Na estúpida fala progressista,

Obsoleta na busca narcisista,

Eucalipto vale mais que gente,

Que relegada, some indigente.

 

Os seres caçulas da mãe Terra,

Seduzem-na com dura guerra,

E ela já exausta e semimorta,

Os ingere sem bens, sem horta.

 

 

 

 

 

terça-feira, 16 de maio de 2023

ETNOCENTRISMO DESMEDIDO

 

 

Sob a maior religião mundial,

Hiper-gananciosa excomunal,

O sistema capitalista venera,

A acumulação feita quimera.

 

Foca o paraíso do progresso,

Desenvolvimento de sucesso,

Sem dimensionar teias vitais,

Que produzem seus capitais.

 

O etnocentrismo desmedido,

Relega não humano agredido,

E que antecipa fim destruidor,

Deste seu processo devastador.

 

Não vê o peculiar da natureza,

Que coopera em linda sutileza,

E não se move por competição,

E nem pela afoita acumulação.

 

A matança de mundo de seres,

Descaso com humanos saberes,

Na doentia e pragmática cobiça,

Elimina sem respeito da justiça.

 

Esta religião funesta, monstruosa,

Esqueceu a ancestralidade viçosa,

Da sacralidade desta nossa terra,

Que na contínua dor, tanto berra.

 

A velha e imprópria leitura bíblica,

De controlar e dominar, é pública,

E ignora a anterioridade da Terra,

E a vasta cooperação que encerra.

 

Tantas teias de fungos e plantas,

De seres e relações sacrossantas,

Anseiam ação e teologia atuante,

Para redimir este trato aviltante.

 

A arrogante visão entnocêntrica,

Relegou orientação geocêntrica,

De colaboração com a natureza,

E partilha da sua nobre gentileza.

 

 

domingo, 14 de maio de 2023

TEATRALIDADE ENGANOSA

 

 

Tanta celebração litúrgica,

Imita a obra dramatúrgica,

E faz de fatos celebrativos,

Atos nada comemorativos.

 

No jogo de representação,

Sob a máscara de imitação,

O exercício do rito religioso,

Aparenta um agir prodigioso.

 

Num papel teatral encenado,

Persuasão com falso legado,

Identifica a função exercida,

Com a autoridade merecida.

 

Na alteza do poder decisório,

Importa ser visível ostensório,

Para fruir simpatias e elogios,

Com sutis e hipócritas desvios.

 

Interessa a ascendente posição,

De largo prestígio e gratificação,

Visando superioridade farisaica,

Que assegure a garantia arcaica.

 

Legitimado o poder dominador,

Para garantir um lugar superior,

O lisonjeio da vida confortável,

Leva a fingir postura admirável.

 

No mascarado rigor do poder,

Com apelos ao divino querer,

Executa-se o agir monocrático,

Para amplo espectro midiático.

 

O rigor nas etiquetas litúrgicas,

Para belas cenas dramatúrgicas,

Disfarça no interesse precípuo,

Ar benevolente nada conspícuo.

 

Distante da autenticidade real,

Importa o alcance sensacional,

Do foco para cargos e honras,

Mais do que para ações ternas.

 

 

 

 

 

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

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