quarta-feira, 29 de junho de 2022

O MITO INDÔMITO

 


 

Criado para assegurar interesses,

Sinônimo para alheios estresses,

Aparece ele na altiva arrogância,

Com largo direito de petulância.

 

Soube delapidar a cruz de Cristo,

Para brilhar como arma de aristo,

Que é comparada com a riqueza,

Da psicótica e mórbida fraqueza.

 

Inverteu religioso mandamento,

Sem qualquer bom aditamento,

E no “amai-vos uns aos outros”,

Prega “armai-vos contra outros”.

 

Longe da postura não violenta,

Esnoba vida mítica e opulenta,

E afronta miséria constrangida,

Com sua suposta eleição ungida.

 

Quer armamento contra ladrões,

Mas isenta os piores esquadrões,

E assegura-lhes proteção e defesa,

Com afronta de perversa ardileza.

 

 

Já não trabalha pelo bem comum,

Mas se exibe de forma incomum,

Para ser admirado no agir exótico,

Como um super-herói carismático.

 

Na oratória de audiência apática,

Flui eloquência de raiva fanática,

Da pulsão doentia de onipotência,

Mas de irresponsável displicência.

 

Sabe que qualquer besteira dita,

Vira manchete de vazão inaudita,

E desfoca todo o agir necessário,

Por boicote de inimigo sumário.

 

 

 

 

terça-feira, 28 de junho de 2022

HEROÍSMO DOS PSICOPATAS

 

 

A novidade dos hodiernos dias,

Cheia de boas mentes baldias,

Enseja aos cérebros psicóticos,

Mover as massas de neuróticos.

 

Os seus transtornos cerebrais,

Gestam as guerras excomunais,

E animam os cérebros coletivos,

Em combates férreos e efetivos.

 

Seus fascínios perversos por armas,

Das aparentes liberdades enfermas,

Enaltecem sob os delírios genocidas,

As midiáticas guerras ensandecidas.

 

Os seus complexos de onipotência,

Expandem seus ares de onisciência,

Para povoar filmes, escolas e mídias,

Com insinuantes e agressivas insídias.

 

A irreversível tendência destruidora,

Com aguda midiatização demolidora,

Anela pelas armas mais sofisticadas,

Para intimidar por razões futricadas.

 

Na falsa segurança da posse de armas,

A postura funesta de sinistras alarmas,

Encoraja-se o fanático combatente,

A produzir o oprimido descontente.

 

No sintoma do fracasso capitalista,

Falso heroísmo de fundo idealista,

Vive-se horrível onda de matança,

Como se fosse a razão de festança.

 

Constantes tiroteios contra massas,

Acostumam nas sofrências crassas,

Duma fruição de revide ao eliminar,

Com o sadismo de ver outros penar.

                                     

sábado, 25 de junho de 2022

TEMPO DOS MEDOS

 

 

Bloqueadores das paixões,

E freios das interconexões,

Os medos isolam iniciativas,

E relegam ações prestativas.

 

Imobilizam os movimentos,

E desanimam bons intentos,

E congestionam bons fluxos,

Para soltar amargos refluxos.

 

Grudados à perda de alguém,

Tratam outros com desdém,

E atrapalham encantamentos,

Por possíveis e novos alentos.

 

Atrapalham na vida diuturna,

A aceitação de perda soturna,

E freiam o suave deslizamento,

Da existência por bom alento.

 

Atrapalham a rica criatividade,

E cegam a vista à diversidade,

Para apego a algo encantador,

Com o elã novo e arrebatador.

 

Movem para os falsos apegos,

Sem esquecer os frios arregos,

Dum passado pouco edificante,

E de pouco processo aderente.

 

Prendem às situações mortas,

Com as reforçadas comportas,

Para repetir a monótona vida,

Da mesmice vazia e repetida.

 

Falseiam base do chão da vida,

E a consideram bem preterida,

Para soltar afetos desvairados,

E apegos a sofrimentos irados.

 

 

segunda-feira, 20 de junho de 2022

IGREJA E ESPERANÇA

 

 

No acalanto das boas expectativas,

Não cabem as ofensas combativas,

De certezas absolutas e categóricas,

E nem persuasões tíbias e eufóricas.

 

No apelo ao Magistério e aos rituais,

Os rígidos e antigos preceitos morais,

Cederão ao bom-senso para normas,

Coadunáveis com prudentes formas.

 

Duros binarismos do “certo e errado”,

Ante um apogeu de religioso sagrado,

Darão ensejo a uma atenciosa escuta,

Com gradual regresso da ordem fajuta.

 

Obstinada defesa absolutista religiosa,

Cederá a uma benéfica ação laboriosa,

Para o respeito profundo ao diferente,

Que já se move pelo olhar indiferente.

 

Arrogante presunção da cognitividade,

Deixará de ser absoluta na sociedade,

E aprenderá do conhecimento alheio,

A relegar o radicalismo de galanteio.

 

Na imprópria atribuição de governar,

Passará à admirada ação de animar,

Enquanto a iníqua ação de mandar,

Será olvidada na força de demandar.

 

O formalismo e a teologia do pano,

Com seu aparato de fricote insano,

Ficará como recordação preterida,

De fanatizada fase de ação alarida.

 

O carismatismo que nada converte,

Sob a religiosidade que introverte,

Permitirá na ênfase do Evangelho,

Relegar cura e milagre de bedelho.

 

O ultraconservadorismo de poder,

Irá com sua bagagem se escafeder,

E permitirá o Espírito Santo agir,

E impregnar a vida de novo porvir.

 

 

 

sábado, 18 de junho de 2022

NO CAMINHO DE JESUS

 

 

Nele se delineia um olhar,

Direcionado ao entreolhar,

Para quem fita o lugar alto,

Esperando ajuda num salto.

 

Remete a uma radicalidade,

De uma nova religiosidade,

Que foca o olho no entorno,

Sem o devocionismo morno.

 

A costumeira espera do alto,

Na passiva espera de enalto,

Viciou o olhar da esperança,

Com fatalista desesperança.

 

Espiritualidade de sofrência,

De mortificação e penitência,

Visualizava a cruz do agrado,

Para o divino ato sacralizado.

 

Na espiritualidade intimista,

Toda farisaica e tão vitimista,

Esperava-se uma ação divina,

Contra a ação humana sovina.

 

Esquecidos da morte de Jesus,

E da razão que o levou à cruz,

Não valorizam a sua bondade,

Nem sua alegre solidariedade.

 

Esquecem a esperança lúcida,

E sua proximidade translúcida,

Dos alertas à idolatria do Ego,

Para sensibilidade ao alter-ego.

 

Ao caminho do olhar vertical,

O foco do entorno horizontal,

Revela proceder de redenção,

Para frágil e humana condição.

 

 

 

domingo, 5 de junho de 2022

NA ERA DA VIROSFERA

 


Sob os humanos tão valentes,

Em seus domínios polivalentes,

O apogeu superior e mais forte,

Depende de virose e seu aporte.

 

Quase invisível ao olho humano,

Espalha com um efeito inumano,

O domínio sobre sonhos e planos,

E mira os campos trans-humanos.

 

Impõe ao planeta a sua economia,

Altera rotas comerciais de anomia,

E quebra fixos esquemas culturais,

Freando negociações conjunturais.

 

Ignorada pela voracidade humana,

A virose lhe mostra a ação insana,

Do mórbido desrespeito à ecologia,

E do diagnóstico da sua patologia.

 

A virosfera em seu universo maior,

Aponta o que ambição fez de pior,

E sentencia de morte o vencedor,

Vingando-se do humano fazedor.

 

Neste hiper-proclamado vencedor,

Espalha fagos para moer seu ardor,

E freá-lo na loucura de suas ambições,

De lucrar com impróprias suposições.

 

O não reconhecimento das simbioses,

E o trato hospitaleiro das ricas bioses,

Predispõe nos anfitriões parasitários,

Fúria voraz a hospedeiros arbitrários.

 

Na bajulação da “condição humana”,

Revela-se a traição da vida humana,

Que requer muitas espécies de vida,

Até para a proteção na cotidiana lida.

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 2 de junho de 2022

DOMÍNIO

 


A magia pura do nosso tempo,

Não tolera outro contratempo,

Produz armas e meios distintos,

Para dominar possíveis recintos.

 

Joga humanos contra humanos,

Fere a natureza em atos insanos,

Para alargar possessão poderosa,

Mesmo sob produção desastrosa.

 

Nas guerras soberbas e absurdas,

Com esconderijos e sujas furdas,

Revela-se tolo ideal de grandeza,

Da super bem cultivada safadeza.

 

Se guerra já não revela vencedor,

E vitima a vida e a criação em dor,

Porque a aposta em armas letais,

Que detonem os ossos parietais?

 

As paranoias de chefes poderosos,

Movidos por impulsos ambiciosos,

Apontam colapso da ação humana,

A partir do ódio que dela promana.

 

Na guerra contra a natureza, todavia,

Não sobra ascendência à humana via,

Porque a natureza ferida é mais feroz,

E se vinga do humano de modo atroz.

 

Enchentes, tsunamis, secas e tornados,

Dizem com óbvios sinais proclamados,

Que domínio como fonte de felicidade,

É caminho cruel da humana fatalidade.

 

Ante potências, estados e cidades fortes,

Os avanços técnicos para novos aportes,

Acorda-se o caminho para a convivência,

Só possível em vilarejos da convergência.

 

 

 

 

 

 

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...