quarta-feira, 27 de abril de 2022

O PADRE ENVILECIDO

 

 

Desonrado do seu passado,

Nada sobra do seu legado,

A não ser o deboche sutil,

Do avançado estado senil.

 

Nem tão vetusto na idade,

Sente lídima barbaridade,

Relacionada ao seu existir,

Ante um oneroso subsistir.

 

Nada importa sua origem,

Nem dores que o afligem,

Ou os feitos de superação,

Ou sua solidária interação.

 

Na indiferença ao passado,

A apatia de sujeito aviltado,

Deixa-o na margem da vida,

E pobre sob lealdade vivida.

 

Conta apenas por eficiência,

Na execução com leniência,

Dos préstimos secundários,

De superiores mandatários.

 

Atrativos de virilidade física,

Engolidos pela feição tísica,

Não fruem olhar atencioso,

Nem um amparo afetuoso.

 

Avilte aos feitos edificantes,

Desonram gestos marcantes,

Da sua dedicação abnegada,

Por uma vivência abençoada.

 

Deslustrado no que estudou,

Não conta que tanto ajudou,

Ao semear relação solidária,

Na prevalência fragmentária.

 

Sob silêncio não auspicioso,

Processa do passado ditoso,

Esperança de dias melhores,

Com afeições menos piores.

 

Sentido que tanto apontou,

Para quem se desapontou,

Parece evadir-se do visual,

Da razão religiosa causal.

 

 

 

sábado, 23 de abril de 2022

PAZ QUE SUPERA MEDO

 

 

Comunidade reunida no medo,

Distante da solidez de rochedo,

Imagina perpetrações adversas,

E as procrastinações perversas.

 

Na primeira comunidade cristã,

Já recuperada a consciência sã,

Avivou-se na paz tão desejada,

A presença viva na fé arraigada.

 

O medo incomum e prejudicial,

No fechamento da fé superficial,

Rompeu-se de fora para dentro,

Com o Jesus Cristo no epicentro.

 

Sinal de quem saiu da sepultura,

Para o encontro de boa ventura,

Rompeu as barreiras dos medos,

E desencadeou lídimos enredos.

 

 Alegria dos encontros fraternos,

Gestou ricos laços sempiternos,

De cordialidade na convivência,

E duma encantadora resiliência.

 

Tomé fechado no subjetivismo,

Ao sentir a lição de humanismo,

Daquele que acolheu na alegria,

Passou a integrar-se na alforria.

 

Agraciado com atenção de fora,

Deixou racionalização ir embora,

Para experimentar o jeito novo,

Da lida de Cristo com seu povo.

 

segunda-feira, 11 de abril de 2022

REATÂNCIA COM O PARAÍSO

 

 

Perdido ou deslocado para o futuro,

Está subsumido neste caos imaturo,

E sem ele, perdemos gradualmente,

O vínculo com natureza e ambiente.

 

Sem respeito a múltiplos sistemas,

Produzem-se perversos emblemas,

Para esgotar as parcas fontes vivas,

Em vista de avarentas prerrogativas.

 

Economia já opositora da sociedade,

Financeirizou numa larga saciedade,

O favorecimento dos super-ricaços,

Para rechaçar pobres em fracassos.

 

Ideologia de crescimento ilimitado,

Vetusta patranha do livre mercado,

Protela sob o bom nível econômico,

A depauperação do pobre endêmico.

 

Sem projeto de cooperação solidária,

Multidões guiadas na espera lendária,

Não fruem nada da promessa futura,

E apenas sonham com variada fartura.

 

Enquanto humano vira instrumento,

Para um vertiginoso enriquecimento,

Degrada-se a tão sonhada dignidade,

Para uma paradisíaca solidariedade.

 

O sumiço do respeito pelo humano,

Alarga ameaça de paranóico insano,

De adorar suas armas de destruição,

E moer convivência de boa fruição.

 

Um paraíso humano também requer,

Não política para interesse qualquer,

Mas que visa um fim social comum,

Integrador do belo paraíso incomum.

 

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 6 de abril de 2022

ORTODOXIA RELIGIOSA E GUERRA

 


É estarrecedor o real fracasso,

Do clima religioso em andasso,

De vistosa politização religiosa,

Sem utilizar palavra carinhosa.

 

Sob a vetusta visão maniqueísta,

Proclamam-se na função purista,

De eliminar inimigos declarados,

Porque afrontam os seus ditados.

 

Na velha autocefalia clericalista,

O Evangelho à margem da vista,

Cede lugar a ambições de grupo,

E não passa de relegado sapupo.

 

Como praxe dos conflitos bélicos,

Atos religiosos nada evangélicos,

Ativam clima de ódio e violência,

Sem remorsos e sem consciência.

 

Nada gastam contra os conflitos,

Mas tudo fazem por mais atritos,

Que venham a eliminar inimigos,

Porque não são seus fiéis amigos.

 

Adoram as máquinas destruidoras,

De ações mortíferas avassaladoras,

Para matar seres de paz e indefesos,

A fim de se proclamarem mais ilesos.

 

Já sem algum foco de convergência,

Revelam com a avançada demência,

Que pensamento distinto aborrece,

Em nada os eleva, nem os favorece.

 

Obcecados pela morte de inimigos,

Desejam apenas submissos amigos,

Que alargam ódios antiecumênicos,

E ampliem os planos hegemônicos.

 

Sem a objetiva noção eclesiológica,

Quebram toda a diplomática lógica,

E lidam para agressiva degradação,

Ante eventual sintoma de oposição.

 

 

 

 

 

 

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...