sexta-feira, 30 de junho de 2017

O resgate do amor



Tanto tempo de vida fútil e banal,
Gera padecimentos em manancial,
Que inundam uma lida denegrida,
E afogam o elã de força aguerrida.

O atrelamento a variados vícios,
Anestesia os minguados indícios,
Para impedir nos procedimentos,
Pistas que gestem novos alentos.

Muitas palavras de moralização,
Aumentam mais a consternação,
E inibem toda a força de perdão,
Para a auto-punição sem condão.

O querer bem, sem as condições,
Das pautas e rigorosas restrições,
Comunica numa metalinguagem,
A força de mudar a auto-imagem.

No amor manifestado em perdão,
Reata-se o itinerário de redenção,
Capaz de criar novas motivações,
Para as exuberantes e boas ações.




quinta-feira, 29 de junho de 2017

Otários e perdulários



Tantas pessoas simples e modestas,
Passam por dificuldades indigestas,
Porque sua fé simplória enganada,
Condecora os nobres da esplanada.

Enquanto perdulários dissipadores,
Consideram-se bons dispensadores,
O limite sem eira para as gastanças,
Acaba no ralo das sujas lambanças.

Os otários ludibriados nos anseios,
Apenas encontram vagos meneios,
Porque os perdulários não cedem,
Na vantagem em que se excedem.

Neste fazer de conta que algo mude,
Um anela que alguém muito ajude,
E outro quer que sua extravagância,
Cresça em bem suprida abundância.

Enquanto isso, viciados gastadores,
Auferidos a paternalistas gestores,
Dissipam segundo suas barganhas,
Que perpetuam velhas patranhas.








Apupos desafinados

Apupos desafinados
Soam dissonantes os motivos,
De reiterados planos efetivos,
A descarregar na Previdência,
Toda a mazela da insolvência.

Objeto de bullyng inveterado,
Ela vê seu nome vê execrado,
E passa por bruxa enfeitiçada,
Que necessita ser destroçada.

Como vilã das agruras do País,
A amante decaída em meretriz,
Enjeitada pelos velhos amores,
Amarga o legado de dissabores.

Vítima expiatória do mal-estar,
Sofre a exclusão por molestar,
Os pobres de sofridos sonhos,
Presos a delírios enfadonhos.

Pretextos de governabilidade,
Insinuam na insana piedade,
Que a redenção do lucro vil,
Requer povo pobre e servil.

Privilegiados da Previdência,
Exigem do povão a leniência,
Para assegurar valiosa treta,
Que permitiu vasta mutreta.















Nos requififes da vaidade

Nos requififes da vaidade
Tanta festa bonita foi transformada,
Em exteriorização muito exagerada,
Para o simulacro das belas imagens,
E esnobação de muitas bricolagens.

O mais importante do ato celebrado,
Não é a memória de algo perpetrado,
Mas a venda disfarçada de um nível,
Que aporte sua elevação presumível.

Na esnobação das imagens vistosas,
Afloram intenções muito orgulhosas,
Da proeminência com as aparências,
Para um desfrute das benemerências.

Desvirtuação de cerimônias religiosas,
Para finalidades meramente dengosas,
Subverte sacramentos em cerimonial,
De esnobação do status patrimonial.

Festividade desprovida de memória,
Exalta apenas uma aparente glória,
Sem a riqueza do transbordamento,
E sem o contágio do contentamento.


Legislação fastidiosa



Na alegação do melhor para a sociedade,
Legisladores espertos logram a saciedade,
Com eloquentes e sorrateiras apelações,
Para ocultar suas ambiciosas intenções.

Tornam-se tão enfadonhos na bajulação,
Que os interesses corporativos em ação,
Sobressaem mais que anelos populares,
E favorecem os seus próprios patamares.

A rabugenta apelação ao que é adequado,
Deixa o povaréu cada dia mais minguado,
E em nada alivia seu sufoco desesperador,
Nem sua resignação com a míngua e a dor.

Discurso tedioso, abstrato e paternalista,
Sempre encontra na prática protecionista,
O venerado jeitinho da polpuda vantagem,
Que sequer deturpa a sua excelsa imagem.

Ainda mais enfadonhos são os ares nobres,
Que somente querem promover os pobres,
Mas os transformam em otários irrelevantes,
Que ainda assim os elegem como mandantes.


Dúvida epistemológica



Como acreditar nos mandatários,
Com seus escudeiros refratários,
A assegurar benefícios ao povo,
E que sempre o lesam de novo?

Mentiras exauridas na repetição,
Persuadem com boa elucubração,
Que não adianta reta idoneidade,
Mas que espolia nossa sociedade.

O farto noticiário sobre corrupção,
Repassa uma obsessiva afirmação,
Que delata larápios proeminentes,
E estes, se alegam bem inocentes.

Da jactância dos retos acusadores,
Emergem suspeitas dos pendores,
Que possam estar sob os intentos,
De aparentes agrados aos alentos.

Já os atingidos pela dura acusação,
Declaram-se vítimas de falsa ação,
Que desonra seu eminente cargo,
E lhe perpetra perverso embargo.

No grito das defesas e acusações,
Sobram dúvidas sobre intenções,
Dos ditos das fartas bandalheiras,
Que escondem as verídicas eiras.




Mundos desencontrados



Enquanto planetas e estrelas somem,
Outros emergentes vêm e consomem,
Componentes e nutrientes para saciar,
O inerente anseio de se complexificar.

Nos mundos cósmicos a vida se agita,
Se compacta, se expande e regurgita,
Por espaço suficiente para existência,
E assim se rebate por uma excelência.

Em mundos humanos tão iracundos,
Eclodem anseios de atos profundos,
Para a capacidade de entendimento,
Sem a perversa força do armamento.

Dos anelos mais humanitários e bons,
Esperam-se grandezas dos ricos dons,
Que complementem boa convivência,
Sem a possessiva e ambiciosa regência.

Já no mundo dos gostos e dos valores,
Criam-se os desencontros e dissabores,
Ao redor de sonhos políticos e anseios,
Despertados pelos sofisticados enleios.

Constante adiamento do mundo viável,
Frustra e obnubila a ação tão desejável,
De respeitoso e gratuito entendimento,
Que permite fruir bom congraçamento.





Se n


Da abnegação à fruição



Tempos do destaque da renúncia,
Sumiram como pobre brogúncia,
Que não acrescenta boa fruição,
Sob a vasta oferta de satisfação.

Nas objetivas balizas dos limites,
Bem mais incisivos que palpites,
Agiam princípios da abnegação,
Para normatizar reta condução.

Felicidade atrelada ao consumo,
Abriu às regras um novo prumo,
O da larga fruição do apreciável,
Para a boa satisfação inebriável.

Na indução para tudo degustar,
Do que é prazeroso ao paladar,
Já não cabe renúncia a cultivar,
Nem desfrute para se protelar.

A ausência de limites a respeitar,
Libera tudo para se experimentar,
Para obtenção de gozo avantajado,
Mesmo que cause outro explorado.

Na psicopatia isentada de limites,
A enorme obsessão dos apetites,
Leva à tirania da fome insaciável,
Gestora de interação abominável.



Solidão


Amor perpetrado há tanto tempo,
Engendrado no sutil contratempo,
Do bulling a forçar um isolamento,
Tornou-te uma grandeza de alento.

Do labor tão sofrido na adolescência,
Ampliou-se a bela condescendência,
Da tua presença amiga e confortante,
Para amenizar a agressão atordoante.

Mais tarde o tempo da convalescença,
E das longas noites sem uma presença,
Fizeram você ser discreta companheira,
Que preencheu um sentimento de eira.

Mesmo sem amor pautado em projeto,
O hábito cotidiano de ambiente abjeto,
Forçou a aproximação pouco desejada,
Desta nossa permanência condicionada.

Aos poucos viraste parceira das horas,
Para apressar as agruras das demoras,
E preencher com o silêncio irradiante,
A tua comunicação ativa e constante.

Na fase senil refulges como parceira,
E causas riqueza sutil e bem fagueira,
Que se afigura com um excelso amor,
A diluir, enternecida, o meu dissabor.

Revelas nesta situação contingente,
Que a ação do sistema excludente,
Não me espolia do sentido da vida,
E nem surrupia a boa razão da lida.





Travamento neuronal



Quando o neurônio ainda ativo,
Exaure-se no esforço superlativo,
De uma reforma da previdência,
Já revela a iminente decadência.

Focada como apanágio do novo,
A reforma da felicidade do povo,
Presta-se para engodo falacioso,
Que encobre perfil tendencioso.

Como tantas vezes foi insinuado,
A repetida tática do novo legado,
Protela velho sonho de felicidade,
De desfrute saudável à saciedade.

Da taxa retida do minguado salário,
Para o sustento do bando salafrário,
Vai-se ao léu o direito fundamental,
Com condições para o amparo vital.

Massas humanas deixadas ao ermo,
Nem se evadem do estado enfermo,
Tampouco firmam sua saúde básica,
Porque são reféns da cilada trágica.

No sonho de uma justa previdência,
Queimam-se neurônios de decência,
Para ludibriar a expectativa popular,
Com necessária reforma impopular.

A repetição do chavão da reforma,
Do neurônio mórbido que informa,
Revela o deslocamento de sintoma,
Da iminência dum Estado em coma.






terça-feira, 27 de junho de 2017

Propaganda enganosa



Se as imagens hiper-reais enganadoras,
Ativam os desejos e fomes abrasadoras,
O que deduzir das curas tão propaladas,
Dos efeitos imediatos de ervas danadas.

No Facebook, as inserções categóricas,
Das incontáveis curas nada alegóricas,
Irritam ao afirmar efeitos mirabolantes,
Advindos de segredos impressionantes.

Indicam milagres de chás e alguns grãos,
Mais eficazes do que as outras soluções,
Pois requerem apenas o conselho dado,
E sequer requerem comprovante ilibado.

Basta um fanatismo cego e intransigente,
Para curar a doença de qualquer vivente,
E sublevar os medicamentos conhecidos,
Para seguir à risca os ditames fornecidos.

Num mágico e ilusório pulo terapêutico,
Nem o variado repertório farmacêutico,
Consegue emular com tanta presunção,
Do dote especial de fornecer indicação.

É evidente que a propaganda enganosa,
Tão soberba pela precedência fabulosa,
Fica muito distante da cura propalada,
E muito ilude uma saúde já desandada.



segunda-feira, 26 de junho de 2017

Pós-doutorado em mentira



Nosso país, sem este nível acadêmico,
É penalizado por processo endêmico,
Em que desponta elite especializada,
Na mentira ardilosa e bem ajustada.

A negação da perversidade praticada,
E o apelo a uma conduta pia e ilibada,
Libera a magia de anestesiar a censura,
Para prosseguir na ambiciosa diabrura.

Na confirmação de muitos atos ilícitos,
Belo arrazoado dos sofistas explícitos,
Encontra entrelinhas da soberana Lei,
Para proteger os seus clientes da grei.

Aos vitimados e iludidos pela mentira,
Resta extravasar inconformismo e ira,
Sem o alcance dos direitos ajustados,
Mas com promessa de novos legados.

Na mentira do tirocínio especializado,
Sobra sempre um recurso enfatizado,
Para protelar a eventual condenação,
E continuar na velha procrastinação.

Quando os ladrões incautos mentem,
Traem-se pelas emoções que sentem,
E coagidos aos castigos humilhantes,
Fenecem nos presídios degradantes.







Tons desafinados


Na negação dos ilícitos perpetrados,
Julgamento de egrégios magistrados,
Leva a esperar punições exemplares,
Para larápios dos direitos populares.

Mas, as disposições de benevolência,
Para justificar a fastidiosa indecência,
Tendem a frustrar justas expectativas,
Com as grandiloquentes justificativas.

Um tempo provável para o julgamento,
Oferece aos acusados um vasto alento,
Porquanto obterão o tempo suficiente,
Para apresentar alegação convincente.

Os mercenários dos soldos invejáveis,
Saberão ler as entrelinhas palpáveis,
De argumentos idôneos dos clientes,
Para dirimir suas dúvidas pendentes.

O tempo engolirá os anelos de justiça,
E deixa o povo no torpor da preguiça,
De fazer algo para receber o amealhado,
Como direito do quanto já foi espoliado.

Na explicação da perversidade impetrada,
Alguma dissonância da informação dada,
Aponta velha tática do jeitinho brasileiro,
Para absolver tanto perdulário trapaceiro.


sexta-feira, 23 de junho de 2017

A técnica de perseguir



            O simples fato de pertencermos ao mundo animal nos qualifica por traços de um legado comum próprio dos outros animais, que é o da perseguição de vítimas, justas ou injustas.
            Alguns animais se sobressaem pelas suas formas ostensivamente violentas, como onças, leões e tubarões: mas, outros, aparentemente amáveis e dóceis, como uma pequena Coruíra, também ataca sem clemência ínfimos seres vivos que certamente desejam, como nós, prosperar em longa e ditosa velhice. Afinal, até pessoas nada agressivas, e, supostamente pacatas e ordeiras, quando se tornam alvo de injustiça ou vítimas de alguma maldade, podem até não revidar na mesma medida, mas, normalmente externalizam desejos de que a justiça os vingue; e, as pessoas até muito religiosas, costumam incumbir a Deus a tarefa de executar uma vingança mais que merecida.
            O profeta Jeremias (20, 10-13), se viu seduzido por Deus para ser seu profeta, mas, ao ter sentido a extrema maldade dos adversários que o perseguiram e o difamaram, invocou a ajuda de Deus para que salvasse sua honra pessoal, e pediu insistentemente a Deus para que fizesse uma vingança com intensas sequelas de sofrimento aos maldosos que o perseguiram.
            Mesmo ao fazer segura experiência de amparo por parte de Deus, pois não deixara os adversários consumar seus planos perversos de eliminar o profeta, a fim de não se sentirem questionados em suas ambições, Jeremias revelou, mesmo de forma mimetizada, sua gana de vingança.
            Nós certamente não somos nada diferentes de Jeremias e conseguimos constatar este mecanismo tão forte da vingança diante de uma simples fofoca ou de banal acusação de algo que não fizemos.
            Pela vida de Jesus Cristo, no entanto, somos interpelados a uma postura inovadora: uma perseguição pode ser bem aventurada, quando envolve questões pertinentes à construção do Reino de Deus, sobretudo, quando amplia gradualmente a capacidade de suportar dificuldades, e, sem esmorecer e nem desanimar na causa fundamental.
            Mergulhados na fragilidade do mundo em que vivemos, somos, contudo, convidados a fermentar uma condição que supera os mecanismos de vingança. Bem sabemos o quanto custa uma reconciliação, e a capacidade de aceitar fatos que diminuíram nosso nome, e, injustamente, nos fizeram sofrer intensa contrariedade.

            Quando percebemos pessoas, que até se consideram exemplares na retidão da boa conduta, são verdadeiramente diabólicas e perversas no grau de maldade para perseguir, denegrir e humilhar, a memória de Cristo ainda aponta um caminho distinto ao da vingança!

<center>INDIFERENÇA SISUDA</center>

    O entorno da vida cotidiana, Virou o veneno que dimana, A endurecer os sentimentos, Perante humanos proventos.   Cumplicidad...