quinta-feira, 31 de março de 2016

Entre ver e crer



            A imagem de Tomé é talvez a que mais se aproxima da identificação do nosso momento religioso. Assim como a comunidade primitiva do cristianismo, especialmente da segunda geração de cristãos, desejamos conhecer o ressuscitado. Prendemos o foco naquele que pode salvar, mas, não reparamos o testemunho Dele, que é dado pelas pessoas de fé e prática religiosa que estão ao nosso redor.
            Nem sempre os sinais são os melhores naquilo que as outras pessoas de fé nos irradiam, no entanto, tendemos a esperar que elas deem primeiramente provas convincentes, para depois, e com cautela, seguirmos seus passos ou exemplos.
            Um dos dados mais evidentes da Páscoa de Jesus Cristo é o de que Ele não deveria ser procurado onde não se encontra: no meio dos mortos! É na comunidade de fé que Ele assegurou presença salvadora, em muitas ocasiões antes de ser crucificado. Como Tomé, manifestamos nossa incredulidade diante do que se explicita nas pessoas que fazem acontecer uma comunidade cristã. Assim, demoramos muito tempo para admitir que o ressuscitado possa estar vivo, e, facilmente o procuramos onde nunca será encontrado. Esperamos provas, e que sejam muito persuasivas e convincentes.
            Tomé representa um itinerário bonito de quem participa das celebrações eucarísticas, pois, se num momento esperava provas do ressuscitado, em outro, revela seu amadurecimento na fé e faz uma profunda profissão de fé. Sinal de que as celebrações amadureceram sua capacidade de crer no Cristo ressuscitado. Se o evangelista São João salientou este aspecto importante em sua reflexão teológica, certamente desejava animar a vida das comunidades a quem escreveu seu evangelho (Jo 20,19-31). Da mesma forma, pode ajudar-nos, em nossos dias, a nos dar conta de que na participação das celebrações eucarísticas o processo pessoal de Tomé passa do nível de fé de exigir provas, para a experiência que decorre do quanto Jesus fez e falou antes de ser morto.

            Por conseguinte, já não se requer como primeira condição a prova para depois crer. É crendo na palavra que se chega a experimentar que ele é “meu Senhor”, ou seja, aquele que redime. Tal experiência provavelmente não ocorre nas formas intimistas, meramente devocionais e de fanatizada busca de milagres. Na participação da comunidade podem alargar-se os grandes sinais da profissão de fé, que amadurecem para uma definição pessoal como a de Tomé. 

quarta-feira, 30 de março de 2016

Estrupício



Quando os imprevistos deram a impressão de sumiço,
A harmonia foi esfacelada por um inusitado rebuliço,
Tramado sob as pias ações de religiosos energúmenos,
A manipular seus prediletos e devotados catecúmenos.

Na ferrada disputa por panos mais visíveis e pomposos,
Erguem-se confiantes na onda de consumistas ditosos,
Pensando que a imagem causa o milagre da redenção,
Dos males que presumem advir de demoníaca intenção.

Aferrados ao detalhismo das piedades de antigos anais,
Acham-se totalmente acima das mediocridades banais,
E se articulam em grupos para alcançar cargos e poder,
Para regerem a seu gosto e sem nada para se escafeder.

Na defesa ideológica de gênero para justificar a morbidez,
Deixam transluzir uma obstinada e bem articulada avidez,
Que permita ocupar espaços e impor sua vida como regra,
Sob a alegação de que o pensamento moderno desintegra.

Encoucham todos aqueles que pensam de forma diferente,
E traquinam contra eles da forma mais vulgar e indecente,
Pois lhes interessa o sacerdócio divino a ser reverenciado,
Para esconder seu “modus vivendi”, elitista e privilegiado.




terça-feira, 29 de março de 2016

Na fragilidade contingente



Expelido de um útero e jogado ao mundo,
Não escapou de um básico traço imundo,
Da socialização num ambiente agressivo,
Sem meneios de sentimento compassivo.

Na árdua adaptação ao código simbólico,
Tudo foi nada romântico e nem bucólico,
Mas, na lei da selva social, a força física,
Alargou-se para além da condição tísica.

Amparado na força para impor seu lugar,
Conseguiu afirmar-se e a outros subjugar,
Com as alianças de retaguarda e proteção,
Para não morrer subsumido pela rejeição.

No dia-a-dia da vida nada isenta a dureza,
Da disputa frenética sem nenhuma moleza,
Para assegurar um minguado lugar no rol,
E não perecer neste universo do cálido sol.

No brogunciado mundo das incontáveis leis,
Todos querem sobressair-se sobre as greis,
Para melhor reserva de espaço e proteção,
Mesmo que implique em alheia humilhação.





quinta-feira, 17 de março de 2016

Humildade e obediência



            Proscritos desde os tempos modernos, tanto a humildade quanto a obediência, não desfruta de boa consideração, porque se valoriza precisamente o contrário: ser cada dia mais autônomo, determinado e objetivo na perseguição dos sonhos, metas e desejos.
            Em tempos antigos e medievais dava-se particular ênfase à condição de humildade para poder ser obediente aos planos de Deus, geralmente interpretados no agir das autoridades constituídas, civis ou religiosas, pois se entendia que um dos melhores caminhos para aproximação de Deus, se manifestava sob a docilidade da obediência.
            Alguém incapaz de ser humilde e obediente era visto como incapaz de acolher a Deus, porque o orgulho levava à desarmonia, pois, levava as pessoas a se colocarem no lugar de Deus.
            Hoje não queremos sugerir uma obediência cega e passiva a pessoas constituídas em dignidade de poder, mas, uma capacidade de “escutar” e “auscultar” para que o melhor plano de Deus possa viabilizar-se. Significa, portanto, um ato de responsabilidade diante do que se pode fazer. Assim, não significa estimular a desistência de capacidade de ação e colocar-se num servilismo dependente.
            A entrada da celebração da festa de Páscoa nos remete ao que os evangelhos destacam de forma muito especial: a morte de Jesus não foi um ato compensatório de Deus, que o deixou morrer a fim de expiar nossas faltas e fraquezas. Jesus teve consciência dos fatos e dos interesses que o encurralavam para a morte. Por isso, ao invés de fracasso ou de vitimalismo diante de Deus, Ele representa um caminho de abertura para Deus, sobretudo pelo modo como viveu, ensinou e fez. Foi uma culminância do que tanto manifestou como sinal de Deus presente na vida humana.
            A morte de Jesus Cristo não foi causada nem por sadismo de Deus, mas, significa a elevação do que fez progressiva e paulatinamente em maior amplitude na vida. Basta lembrar que os piores adversários eram políticos e religiosos, do mesmo jeito como muitos políticos e religiosos tramam contra quem aponta um caminho diferente do que aquele traçado pelos seus planos presunçosos.
            Nossos dias carecem de pessoas humildes que conseguem abrir espaço para Deus e escutar que nem toda autossuficiência, nem toda autodeterminação ajudam as pessoas a conviver melhor e de forma mais digna. O orgulho e a negação de uma vida mais fraterna e justa continuam a matar aos milhões em nosso planeta, que poderia ser uma boa casa comum para todos serem mais felizes.

            

quarta-feira, 16 de março de 2016

O fascínio pelo poder



Neste traço tão genial da condição humana,
Capaz de articulação edificante e desumana,
Entrelaçam-se tão infindáveis configurações,
Sob o intento dos desejos de transformações.

As oportunidades de poder abrem mundos,
E movem disputas e embates bem iracundos,
E mais do que da sorte dependem de pactos,
E de alianças insinuantes para gerir impactos.

Se algo invocativo do sedutor fascínio político,
Produz tanto desconforto no meneio sinclítico,
É porque as bajulações mentirosas encantam,
E buscas de prestígio o mau humor espantam.

Muito difícil é chegar ao poder com senso ético,
E ser mais translúcido do que o engodo estético,
Para viabilizar uma atividade política mais justa,
E bem menos amarga do que esta que se degusta.

Se tantas pessoas obedecem movidas por medos,
Outras extrapolam apelando aos nobres segredos,
 Obcecados pelo sonho dos antigos reis absolutistas,
Na condição de agir para os nobres ares estadistas.

Enquanto muitas táticas de diplomacia e de intriga,
Estimulam o clima diário duma verborrágica briga,
Permitem aos políticos ignorar as classes exploradas,
E afoitos locupletar-se com as regalias conquistadas.







terça-feira, 15 de março de 2016

Língua felina




Entre os tantos felinos,
Grandes e pequeninos,
Ergue-se língua afiada,
Cortando desmazelada.

A humana evolução,
Armou um alçapão,
De captura certeira,
Com língua sem eira.

Atinge a identidade,
Com astuta maldade,
E denigre a imagem,
Na cruel safadagem.

Desfaz todo nome,
E seu sobrenome,
Com vil mordácia,
E largada falácia.

Esperta como leões,
Utiliza os vergalhões,
Para devorar e fruir,
Sem sequer discutir.

Ambiciosa na mesura,
Atua longe da lisura,
Para ampliar o poder,
E em nada se condoer.





segunda-feira, 14 de março de 2016

Raciocínio ideológico




Há grupos de interesse, todo dia mais audazes,
A valer-se de estratégias perversas e pertinazes,
Que visam com códigos sutis abocanhar espaço,
E para exaurir, quem os atrapalha, pelo cansaço.

Escondem-se atrás dos códigos de linguagem,
E na ressignificação dos termos da mensagem,
Tramam censuras para vociferar com crueza,
E denegrir a vida dos que vivem na inteireza.

Em nome das instâncias superiores de Deus,
Promovem seus mais leais e afoitos corifeus,
Para impor sua opinião e sua luta de gênero,
Apesar de consistência fraca e fragor efêmero.

No âmbito da Igreja apresentam-se impecáveis,
Mas escondem nos panos malícias insondáveis,
Que os levam a atacar em conjunto objetivado,
Sob o apelo de se sentirem grupo discriminado.

Suas conversas melosas e de muitas abobrinhas,
Escondem o que está em questão nas entrelinhas,
Que é o alcance do poder da vida fácil e bajulada,
Com pouco trabalho e com muita bebida gelada.









sexta-feira, 11 de março de 2016

Esperanças frágeis




Quando o Estado e as instituições tradicionais,
Escancaram contradições muito descomunais,
Engolem as minúsculas esperanças do porvir,
E impedem que desejados dias possam advir.

Falar em libertação soa como algo dissonante,
E diabólico para quem exerce função reinante,
Pois ainda que a legislação cerceia quase tudo,
Facilita aos legisladores um patamar topetudo.

Pensam e implantam as leis para suas vantagens,
Sem dó e compaixão dos que ficam sem aragens,
E ratificam uma caduca e injusta condição social,
Sob o pretexto de qualidade humana exponencial.

Se tantas coisas estão exaurindo boas motivações,
Por que não se embrenhar na busca de inovações,
Que pelo menos reanimem a sôfrega humanidade,
Para que elabore orientações com mais equidade.

A morte do sonho capitalista revela-se evidente,
E ainda coisifica tudo de forma sem precedente,
Que já não permite sonhar para além da agrura,
Deste tempo com tão pouca bondade e ternura.





quinta-feira, 10 de março de 2016

Autocrítica das madrugadas



            As madrugadas, ocultam, revelam e desmantelam. Podem esconder procedimentos e intimidades, podem revelar extravagâncias e excentricidades, e podem revelar monstruosidades, patologias e obsessões de mentes perturbadas.
            As madrugadas também podem ser poéticas e inspiradoras, reconfortantes e reconciliadoras. O entorno escuro ou iluminado pode também permitir a percepção do que a consciência registrou com emoções mais intensas: algumas vezes são alegrias e surpresas; outras vezes, são dores assimiladas e superadas; por vezes, também latejam fortes as mágoas e as incapacidades de aceitação de fatos desagradáveis. E, vez por outra, aparece a agradável recordação de momentos gratos, alegres, edificantes e inspiradores que até dispensam o sono.
            No evangelho de São João (8,1-11) consta uma descrição muito interessante: Jesus tinha ido rezar no monte das Oliveiras e, de madrugada, foi ao templo, onde encontrou muita gente. É, o texto fala que foi de madrugada. Fato, ou simbólico, ou, no mínimo, intrigante! Mas, lá também encontrou uma cena pouco comum para um lugar religioso, com pessoas piedosas e, naquele horário: o julgamento de uma mulher encontrada em ato de adultério.
            Dois fatos relevantes: o procedimento da mulher e o procedimento dos bons, que, em vez de dormir ou rezar, estavam bisbilhotando a vida alheia e, com ares autoritários tramando, no lugar de encontro com Deus, a morte daquela mulher, por merecido apedrejamento. Jesus, diante do desejo de obtenção de aval condenatório por parte dos presumidos bons piedosos, declarou que se alguém não tivesse nenhum pecado, poderia atirar pedra naquela mulher. Veio uma surpresa: ninguém atirou pedra e nem Jesus a condenou, mas, despediu-a com um pedido: “de agora em diante, não peques mais!”.
            O episódio permite entender uma novidade da parte de Jesus Cristo: deu ocasião para que uma mulher adúltera se tornasse mulher de fé, e, com o despertar de extraordinária capacidade para construir algo novo. Isso abre uma perspectiva para qualquer pessoa capaz de reconhecer seus limites, resultantes de ambientes sociais ou de maldades interiores: também ela, pode irrigar a vida com outras riquezas e gestar algo que vai além do desfrute de pessoas e da contravenção das regras estabelecidas.
            Nossos dias correspondem a uma intensa e estimulada visualização do reflexo produzido pelo espelho, capaz de produzir tantos narcisistas a contemplarem intensamente os detalhes de sua própria beleza fascinadora, quanto dos inovadores retoques para facilitar a persuasão de outras pessoas em razão de desejos bem variados. Entretanto, tais dias de tantos espelhos e de tantas buscas de reflexos especulares, ainda não significam capacidade de autocrítica para ponderar sobre a coerência dos procedimentos pessoais e comunitários, sobretudo, dos religiosos.
            Enquanto muitos cristãos – apresentados como membros de famílias bem constituídas - fazem campanhas contra algumas pecadoras públicas, traem suas palavras, seus pactos e seus blocos familiares e, nas madrugadas das noites ou dos refúgios, usam e abusam de outras, sem lhes dar a mesma atribuição. Quer na intimidade afetiva, quer nos negócios, ou nas transgressões dos próprios limites do corpo por excesso de comidas e de bebidas, vivem de aparências falsas, como tantos corruptos do governo a iludir o povo da nação.
           


            

terça-feira, 8 de março de 2016

Exibicionismo


Passado o tempo da veste ocultadora,
Da intimidade pessoal uma protetora,
Veio outro de valorizar vasta exibição,
Do corpo, como a melhor insinuação.

Na linguagem não verbal exibicionista,
Espelha-se a promoção sensacionalista,
Para apresentar bom produto de venda,
Ainda que distante de postura pudenda.

A exposição dos variados selfies e perfis,
Escancarados de referências nada sutis,
Insinua o consumo do corpo agraciado,
Movido pelo sonho de ser reverenciado.

Até a liturgia se impregna de ostentação,
Com muito pano de desfile e esnobação,
Do narcisismo falso de alcançar a glória,
Numa mágica ascendência da vanglória.

Como pavões chamativos e exibicionistas,
Escondem nas posturas bem antagonistas,
Vasta presunção sob as imagens exteriores,
A revelar a jactância dos mundos interiores.



sexta-feira, 4 de março de 2016

Consciência de pecado



            Em tempos de permissividade ampla e expansiva, parece anacrônico ponderar sobre pecado. Quando a consciência casuística dos muitos tipos e das possibilidades de pecado já se diluiu, a aparente ausência de pecado, no entanto, não consegue ocultar que estamos imersos num imenso quadro de pecado social e individual.
            Os profetas Oséias, Jeremias, Amós e, tantos outros do primeiro testamento da Bíblia, tematizaram muito suas falas em torno da conversão, mas, quando a indicavam, não queriam que fosse simples retorno às práticas penitenciais e cúlticas das tradições anteriores. Queriam que consistisse na abertura do “coração”, a fim de que pudessem tornar-se acolhedores das interpelações de Deus, e, assim poderem viver e conviver melhor.
            O evangelista Lucas, para destacar a boa novidade de Deus manifestada em Jesus Cristo, inseriu no seu Evangelho muitas parábolas contadas por Jesus Cristo para ajudar as pessoas do seu tempo a entender que o seguimento de Cristo, mesmo sem romper a tradição religiosa anterior, teria que evitar o formalismo daquelas formas vazias e exteriorizadas de modos a somente controlar as pessoas.
            Por meio de parábolas Jesus convidava as pessoas a se inteirar de uma concepção de Deus muito distinta daquela que era repassada pelo formalismo religioso: longe de ser um vigilante vingativo, justiceiro e controlador dos mínimos detalhes, Deus se revelava como misericordioso, até mesmo diante do pecado da exclusão total ou da perda da capacidade de lidar consigo mesmo.
            Deus, para reconciliar as pessoas dispersas, todavia, esperava delas que tivessem, pelo menos, o desejo de aproximar-se Dele. Na parábola do filho pródigo (Lc 15,1-3.11-13), muito conhecida, realça-se, o filho afastado da família que consegue refazer o caminho da volta e se reinserir no convívio familiar. Nesta imagem, está um convite aberto a qualquer pessoa, para não viver apenas sua ambição pessoal, seus gostos e interesses, mas, para buscar também boa inserção na convivência.
            Assim como a alegria do reencontro com familiares e amigos distantes, não visitados há mais tempo e dos quais se sente saudades, consegue despertar uma efusão de sentimentos agradáveis, a reconciliação com Deus também tende a propiciar e ampliar tais sentimentos agradáveis.
            A imagem do irmão mais velho, da parábola dos dois filhos, representa a justiça e as leis estabelecidas, bem como a normatividade das piedades religiosas. Cabe-nos, pois, ponderar com seriedade sobre o distanciamento de Deus que certas práticas religiosas causam sob o complicado formalismo cúltico e religioso, que, por natureza, está mais propenso a controlar e enquadrar as pessoas do que para redimi-las pela misericórdia.
             As motivações em torno de boa celebração da festa de Páscoa podem nos indicar a necessidade de ir além do que as regras de justiça, de moral e de culto nos prescrevem e nos cobram com sistemático rigor.

            A tentação do auto-enquadramento de já integrar o privilegiado e seleto grupo dos justos e bons, redimidos através de certas rotinas de penitência, de jejum e de mais algumas formalidades, pode, com facilidade, nos desviar da rota da misericórdia redentora, que Deus efetivamente revela.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Identidade e autorreferencialidade


João Inácio Kolling[1]

Sinopse

            Da mesma forma como indivíduos procuram afirmar o conjunto de traços peculiares capazes de definir e distinguir sua personalidade em relação às outras pessoas, os grupos, as empresas e as organizações, - quer de venda, de comunicação ou de variada natureza, - esmeram-se, igualmente, pelo reconhecimento da identidade, da marca e do produto a ser vendido e, cada vez mais, apelam à autorreferencialidade para a obtenção de maior reconhecimento, credibilidade e simpatia em vista de consumo. Até mesmo um apresentador midiático precisa empenhar-se para se constituir em produto de consumo.
            Programas religiosos, sobretudo os da veiculação midiatizada, valem-se do mesmo recurso das empresas midiatizadas, com o fim de aumentar o número de fiéis e obter o alcance de objetivos específicos. Assim, o seu discurso anexa, ao conteúdo religioso, uma sofisticada autorreferencialidade, a fim de obter melhor desempenho na indução do que oferecem para ser consumido.

Palavras-chave: identidade - auto-promoção – autorreferencialidade – exibicioinismo – imagem – espetáculo.

Preâmbulo

Causa imensa estupefação constatar como programas religiosos estimulam um verdadeiro fascínio pela pompa litúrgica de movimentações com fumaça de turíbulos em torno dos apresentadores, com muitas bricolagens e procedimentos espetaculares, executados nos ínfimos detalhes, para prender a atenção dos assistentes e telespectadores.        As autorreferencialidades também se manifestam quando os apresentadores inserem sedutoras insinuações que convidam a participar de viagens turísticas e religiosas como romarias, excursões e levam à aquisição de objetos ornamentais com bênçãos de natureza superior.
Chega-se até mesmo à recuperação do imagético de um tempo fantasiado sobre um longínquo passado, a fim de que se constitua em apelo à exitosa venda da mensagem religiosa. Na prática, até este imagético medieval acaba constituído em mais um produto do grande “Shopping” das ofertas de consumo, atrelado ao lucro das empresas e dos patrocinadores que mantém o programa religioso no ar.
            A rapidez do avanço explícito de buscas de autopromoção em setores do clero católico e, sobretudo, nos seminaristas advenientes, suscitou uma inquietação por melhor entendimento deste fenômeno, e, razão deste texto.
            Tanto a busca de afirmação de identidade pessoal, quanto sua atinente autorreferencialidade, sempre estiveram presentes na organização dos grupos. Entretanto, nossos tempos midiáticos intensificam e vendem este fenômeno, de maneira especial na publicidade dos jornais e nas emissoras de rádio e de televisão.
            O efeito desta incidência de autorreferencialidade também se torna cada dia mais visível em programas religiosos, pois, alguém, para manter-se na função midiática, certamente não vai apelar à humildade e à modéstia, pois, tal recurso de apresentação, implicaria em possível perda de confiabilidade, de simpatia e de persuasão. Por isso, quem apresenta um programa, necessita apelar ao “furo de reportagem”, à esperteza e eficiência para apresentar a novidade em primeira mão e, simultaneamente, para desacreditar os concorrentes e reforçar sua auto-imagem merecedora da mais elevada confiança e credibilidade diante dos telespectadores.
             As informações dos apresentadores de programas midiáticos costumam estar permeadas de outras informações autorreferenciais relativos aos próprios apresentadores, através de autoelogios (do que fãs e ouvintes escrevem e expressam) com relação à elevação da qualidade do programa, da espetacular eficiência na apresentação, e da mais justificada primazia pela qualidade de sua imagem e produção. Disso decorre, automaticamente, a apelação auto-elogiosa e a superioridade em relação aos canais e meios de comunicação com quem rivalizam a disputa da audiência. Programas de rádio e de televisão chegam a tornar-se enfadonhos de tanta leitura, real ou fictícia, de referências bajuladoras a quem mantém o sucesso do programa e à emissora que o mantém no ar.
            E o que fará uma pessoa religiosa em apresentação midiática? Não seguirá o velho ditado alemão “Der eigener Lob stingt” (o elogio de si mesmo fede!), mas, tentará fazer de tudo para tecer os melhores elogios sobre o que está fazendo, com vistas a se manter no programa, porque a empresa da rede midiática espera exatamente isso do seu programa, uma vez que deve resultar no fornecimento de bons lucros. Daí a execução meticulosa, com ares exotéricos, para bem impressionar os telespectadores ou ouvintes.
            No âmbito midiático a estratégia da comunicação requer planejada difusão da identidade da empresa, da sua imagem e da consagração do que sua marca necessita para produzir gradual e progressivo consumo.

1 – Origem da identidade autorreferencial

            Os discursos autorreferenciais com vistas a produzir sentidos de uma identidade, pessoal, coletiva, ou, em torno de um produto ou serviço, são característicos de longo tempo da história humana, mas, o grande desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação das últimas décadas, despertou e potencializou, de forma espantosa, esta produção de discursos autorreferenciais.
            As apelações autorreferenciais constituem estratégias largamente utilizadas por organizações de mídia com vistas a encontrar bom reconhecimento dos potenciais consumidores em relação ao que oferecem: informações, relatos, entretenimento, esportes, e incontáveis outros produtos apresentados.
            A partir de século XV a industrialização passou a produzir crescente ampliação dos meios de comunicação midiática que, com a globalização, se expandiram ainda mais através do mercantilismo, ainda hoje em franco processo de alargamento.
            Enquanto que este processo de ampliação midiática vem sendo conceituado como “comunicação midiática”, por refletir a realidade e suas funções simbólicas, o de nossos dias, tende a ser conceituado como “midiatização”, porque seus discursos a respeito de fatos, acontecimentos e informações, mesclam outro discurso autorreferencial, que leva programas e entidades de veiculação midiática a fazer constantes inserções para se apresentarem a si mesmas como produto a ser valorizado e consumido.[2]
                                               “Atualmente persisite uma mudança no modo dessas mídias tradicionais enunciarem seus discursos, de fazerem referência aos fatos, acontecimentos e informações do mundo, tendo como principal característica o aumento gradativo do discurso autorreferencial, ou seja, as mídias tradicionais passam a fazer referência a ‘si próprias’, a produzirem um discurso jornalístico voltado cada vez mais para a sua própria realidade.”[3]
            Deste novo contexto decorrem novas formas de relações entre mídias e seus interlocutores, telespectadores ou leitores. São formas precipuamente caracterizadas pelas estratégias de autorreferencialidade. Esta autovalorização requer do programa midiático uma forte insistência para se tornar público e valorizado; e, para tanto, precisará também agir para reduzir os demais sistemas similares e concorrentes.
            Como a vida se torna cada dia mais “interfaceada” por mídias e tecnologias interacionais, o aumento da autorreferência funciona como meio de legitimação da pessoa que apresenta o programa, ou o veículo de comunicação na sociedade, independente ou ligado a uma rede, a fim de promover a todos eles e persuadir da melhor forma os telespectadores e leitores.[4]
           
2 – Herança da semiótica discursiva

            Qualquer desejo de firmar uma identidade, seja pessoal, coletiva ou empresarial, vai valer-se, como procedimento básico, da busca de projeção da sua imagem a fim de prender, cada dia mais, o público telespectador (ou leitor ou ouvinte), e, para conseguir tal efeito, tende a exaltar qualidades do seu produto, quer religioso ou comercial.
            Assim, tanto indivíduos quanto instituições, tendem a afirmar sua identidade por meio de um processo discursivo com vistas a afirmar e configurar a excelência da sua imagem e da sua identidade. Um programa, para manter-se na audiência requer que um conjunto de percepções, conceitos e valores sejam associados à determinada marca, produto, instituição, pessoa, ou a determinado serviço. É preciso convencer os telespectadores que o programa exibido é superior, mais ético, mais espetacular e mais merecedor de atenção do que quaisquer programas concorrentes:
                                   “Muito além de educar, informar ou entreter, a emissora de televisão está submetida às exigências econômicas, o que envolve posição no mercado, disputa por índices de audiência e, assim, garantia de viabilidade de seu negócio”.[5]
Assim, todo o fazer televisivo está impregnado por este tipo de ação promocional. Por isso divulga e torna público tanto quanto objetos, imagens, e serviços, a própria apresentação e quem a apresenta, com vistas a elevar e auferir prestígio ao que está sendo veiculado.[6]
            Num programa televisivo a construção da identidade é gerada pelo destaque da imagem e da marca, através do produto oferecido ao mercado de consumo. Especialmente a televisão vai explorar a mistura da autorreferencialidade aos programas, como diz Darciele Paula Marques:
            “Atualmente, dentre todas as mídias, a televisão, pelo seu amplo campo de ação, configura-se como o meio mais eficaz de veiculação da ação promocional, pois, além de dotar de maior visibilidade o que anuncia, permite a utilização de sua dimensão simbólica, mobilizando os virtuais consumidores em um cenário que os faz desejar o que está sendo ofertado pelo mercado”.[7]
            A televisão é portadora de extraordinária capacidade de produção para enfatizar a visibilização e o destaque do que é divulgado. Sua sobrevivência depende, essencialmente, desta capacidade para corresponder à aposta dos patrocinadores dos programas. Por isso, o universo midiático, para se promover e se manter em atividade, costuma articular um “mix” de comunicação que incorpora um caráter transmidiático. Quer-se alcançar algo diferente daquilo que é apresentado. Tal metadiscursividade remete a algo que está além do discurso apresentado, que, na verdade, é a condição para manter no ar um determinado programa.
            No caso de apresentadores, eles precisam fazer de si mesmos um objeto de discurso através do que estão fazendo:
                                               “A identidade não surge do nada, ela é uma construção discursiva, que se estrutura a partir da relação entre o eu e o outro, configurando-se por traços de semelhança e dessemelhança que, ao mesmo tempo em que permitem, por exemplo, enquadrar uma empresa como emissora de televisão, possibilita distingui-la de outras empresas do mesmo setor”.[8]
            Tal processo leva as redes de televisão a buscar estabelecer sua identidade e vender esta imagem com vistas a assegurar vantagens e lucros. Assim, a identidade de um programa ou de uma emissora desperta nos telespectadores uma personalidade, com princípios, escolhas e estratégias para construir sentidos a serem oferecidos como algo digno de crédito. São, pois, estratégias cuidadosamente planejadas para o alcance de maior audiência e de maior envolvimento de anunciantes capazes de pagar valores sempre mais elevados. Por isso, o metadiscurso de um programa visará sempre a autorreflexividade. Possivelmente constatando estes processos mórbidos, Brás de Aviz salienta:
                                               “A autorreferencialidade é uma doença muito pesada, porque queremos transformar os outros em nós. Isso não está correto. É preciso caminhar na direção contrária, e ir ao encontro das pessoas”.[9]

            A venda da identidade de marca ou de produto precisa envolver um discurso de auto-promocionalidade que certamente afeta, com lagos efeitos, o campo celebrativo religioso.

3 – Religião e espetacularização

            Se de um lado experimentamos os efeitos marcantes da fragmentação da vida, dos valores e da própria religião, de outro, somos cada dia mais persuadidos por tecnologias sofisticadas que gestam novos modos culturais e novas formas de vida social e religiosa.
            Da praxe histórica de se ir ao encontro de celebrações e atividades religiosas, passa-se para uma forma gradual de maior passividade, pois, basta assistir o espetáculo religioso que se apresenta nos programas midiáticos. Nesta espetacularização, o real cede lugar ao simulacro, ou seja, o virtual se apresenta muito mais colorido, atraente e simpático do que o próprio real. Assim como novelas produzidas a partir da imaginação, os programas religiosos valem-se te tal forma da ficção que os telespectadores já nem conseguem distinguir o que é fictício em relação ao que é real.
            Sem o discernimento do que é real diante do fictício, produz-se uma falsificação generalizada em que, a imagem do que se produz e se apresenta, ocupa o lugar de excelência. Assim, a imagem produzida sobre algo se torna mais atraente do que o real. Na incapacidade de distinção entre real e fictício também se perde a capacidade de distinguir algo verdadeiro de algo falso, porque tende a impor-se a força do espetáculo dramatizado:
                                               “A dramatização é um elemento utilizado não apenas pelo pastor, mas também ganha espaço quando é transmitida uma série de testemunhos ao público dando ênfase aos problemas financeiros”.[10]
            Quando tudo é feito para produzir espetáculo, o visual, a dramaticidade e a exploração emotiva tornam-se as melhores e mais seguras mediações para que o programa desenvolvido atinja sucesso e progressivo aumento de audiência. Sobretudo Igrejas neopentecostais e os movimentos católicos que seguem esta mesma perspectiva teológica, exploram a intercessão da mensagem religiosa através da espetacularização.
            Da espetacularização decorre a emergência neodevocional religiosa, formadora de comunidades midiáticas que se unem através de uma tela televisiva e transformam esta relação do novo caminho religioso, como solucionador dos problemas familiares, financeiros e de tantos abalos afetivo-emocionais.
            Ao lado da cultura, que cada vez mais se torna midiática, a pertença através dos programas religiosos é proporcionada pelos discursos espetacularizados com os melhores recursos que possam capturar fiéis. Trata-se de uma disputa que explora intensamente a autoajuda, que valoriza os indivíduos e os explora com promessas de prosperidade, de cura fácil, e, com os fortes apelos à plena felicidade dentro dos parâmetros capitalistas: alcançar a mais elevada felicidade, aqui na terra, com crescente prosperidade econômica.
           

4 – O Papa Francisco diante da autorreferencialidade

            O papa Francisco tem se reportado seguidamente a comentários e alertas relativos à autorreferencialidade. Insiste, sobretudo, para a Igreja sair de si mesma, a fim de evitar que se torne autorreferencial e doente. Usa a imagem bíblica da mulher curvada sobre si mesma, para chamar atenção sobre a grande maioria dos males que se manifestam nas instituições eclesiais, como decorrentes da autorreferencialidade, considerada um tipo de narcisismo teológico:
            “A Igreja quando é autorreferencial, sem se dar conta, crê que tem luz própria; deixa de ser o ‘mysterium lunae’ e dá lugar a esse mal tão grave que é mundanidade espiritual (segundo De Lubac, o pior mal que pode acontecer à Igreja). Esse viver para dar glória uns aos outros”.[11]
            Segundo a análise do papa, costumam entrecruzar-se duas formas de mundanismo espiritual: o fascínio do gnosticismo e o neopelagianismo autorreferencial (EG 94):
                                               “No fascínio gnóstico, a pessoa se fecha na própria razão, quer dizer, na verdade subjetiva. Não aceita e nem busca o confronto-diálogo. Basta-se a si mesma... No neopelagianismo, a pessoa se coloca superior a todos. É um EU rígido que não se abre a ninguém e confia somente em si mesmo. Em ambos os casos, o católico elimina Jesus Cristo e o próximo. Não há espaço para a busca da verdade na interioridade da fé e muito menos o desejo de encontrar o outro, pois o outro será sempre considerado um inferno”.[12]
            O papa igualmente alerta que a autorreferencialidade implica em tentação exibicionista com demasiados abusos de liturgias pomposas, apego à doutrina e ao prestígio, o que deixa relegada a inserção do Evangelho na vida do povo e em tantas sofridas realidades humanas.
                                               “O mundanismo que se esconde por detrás de aparências de religiosidade e até mesmo de amor à Igreja, é buscar em vez da glória do Senhor, a glória e o bem-estar pessoal... Por cultivar o cuidado da aparência, nem sempre suscita pecados de domínio público, pelo que externamente tudo parece correto, mas se invadisse a Igreja. ‘seria infinitamente mais desastroso do qualquer outro mundanismo meramente moral’”.[13]
            Por trás do disfarce esta objetivação de uma segurança doutrinal ou disciplinar produz um elitismo narcisista e autoritário, que, mais do que evangelizar, classifica, e, em vez de ser mediação para o alcance da graça, gasta as energias no controle (EG, 94).
                                               “Esse obscuro mundanismo manifesta-se em muitas atitudes aparentemente opostas, mas com a mesma pretensão de ‘dominar o espaço da Igreja’. Em alguns há o cuidado exibicionista da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, mas não se preocupam que o Evangelho adquira uma real inserção no povo fiel de Deus e nas necessidades concretas da história”.[14]
            A perversidade deste mundanismo tende a ocultar um fascínio pelo poder e a proclamar conquistas sociais e políticas com o foco precípuo de locupletar a própria vanglória e para realçar a autoestima na produção autorreferencial (EG 95). Disto resulta uma Igreja parecida com museu e apropriada por muito poucas pessoas. No alerta aos movimentos da Igreja, no dia 7 de março de 2015, o papa Francisco pediu para se descentrarem e agir com misericórdia nas periferias. Por isso, destacava:
            “Quando eu coloco no centro o meu método, o meu caminho espiritual e o meu modo de atuar, eu saio da estrada. Toda a espiritualidade, todos os carismas da Igreja devem ser descentralizados, deixando espaço para o único centro, que é o Senhor”.[15]
            A Igreja não pode ficar centrada na sua própria ambição de poder, de ciúmes, carreirismo e de invejas. Este fascínio leva a muitas viagens, reuniões improdutivas e, também, a muita festa. Neste quadro, atrofia-se o contato com o povo.


5 – Considerações finais

            Do acima exposto, pode-se deduzir que a massificação em torno de personagens religiosos midiáticos induz a intenso consumismo de objetos, de programas e de conteúdos, formas e da própria imagética veiculada, mas, que não implica necessariamente em crescimento da qualidade de fé e, nem, tampouco, em maior pertença às comunidades cristãs. Tende-se a fortalecer, ou a rede transmissora dos programas, ou seus apresentadores, que precisam prender a atenção dos telespectadores, porque sob tal interesse, em última instância, subjaz o interesse real e objetivo que é o de lucrar com a veiculação das informações.  Tal quadro permite entender que o repetitivo apelo à atenção e ajuda para manter o programa no ar, para continuar na oferta de algo mais valioso e superior do que é veiculado pelos meios concorrentes, acaba, na verdade, na relativização tanto do conteúdo religioso quanto do fim que o programa religioso visa despertar nos telespectadores.
            Por outro lado, a busca de autorreferencialidade, através de um imagético religioso medieval, pode consistir em mera decorrência do estímulo induzido pelos apresentadores midiáticos, que se apresentam a si mesmos, com seus aparatos ornamentais, como objeto de consumo. A simpatia leva a esta simbiose de identificação. O fato, no entanto, nos remete a outra situação: o aparato pomposo das celebrações, mais do que autorreferencialidade, pode também estar indicando ocultação de uma morbidez afetiva, facilmente dissuadida por trás dos panos. Trata-se de um campo melindroso, mas, que indica algumas evidências não tão ocultas quanto o que uma batina consegue esconder.


BIBLIOGRAFIA

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DAEMON, Flora. A autorreferencialidade como desvio essencial: relatos sobre a produção jornalística em “situação limite”. In: CAMBIASSU – EDIÇÃO ELETRÔNICA, Revista científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão – UFMA – ISSN 2176 – 5111, São Luís – MA, Janeiro/Junho de 2012 – Ano XIX, Nº 10, p. 87 – 98.
GOMES, Marcelo Salcedo. As imagens midiatizadas e a autorreferencialidade. In: 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em comunicação – UFF|UFRG|UERJ|PUC-RIO, Niterói, 24 – 26 de outubro de 2012.
MARQUES, Darciele Paula. Identidade televisual: autopromocionalidade e autorreferencialidade.  In: w3.ufsm.br/poscom/wp-content/uploads/2013/05/Dissertaçao-Darciele.pdf/ acessado dia 24/02/2016.
NETO, Antônio Fausto. Enunciação, autorreferencialidade e incompletude. Revista FAMECOS. Porto Alegre nº 34. Dezembro de 2007, p. 78 – 85.
PAPA Francisco. Evangelii Gaudium. Brasília: edições CNBB, 2013.
RIBEIRO, Daiane Bertasso. A produção de sentidos no discurso autorreferencial de jornal impresso. In: XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da comunicação – Caxias do Sul, RS – 2 -6 de setembro de 2010.
SANCHOTENE, Carlos Renan Samuel e BORELLI, Viviane. Midiatização e espetáculo telerreligioso: a “cura” financeira na nação dos 318. In: Mídia e religião: entre o mundo da fé e o do fiel. RJ: E-papers, 2010.




[1]  Padre e doutor em Filosofia e Ciências da Educação, professor de Sociologia no SEDAC em Várzea Grande – MT

[2]  Segundo Marcelo Salcedo Gomes, “O campo acadêmico da comunicação, de forma geral, já percebe o enfraquecimento da instância mediadora da mídia e sua consequente autonomização, potencializados pelas tecnologias digitais que reconfiguram os papéis de produtores e receptores, criando uma nova ambiência cultural. Essa ecologia comunicacional, composta tanto pelos tradicionais meios ‘de massa’ como por novas tecnologias convertidas em meios, configura aquilo que alguns teóricos estão chamando de midiatização” (GOMES, Marcelo Salcedo. As imagens midiatizadas e a autorreferencialidade. In: 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em comunicação – UFF|UFRG|UERJ|PUC-RIO, Niterói, 24 – 26 de outubro de 2012).

[3]   RIBEIRO, Daiane Bertasso. A produção de sentidos no discurso autorreferencial de jornal impresso. In: XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da comunicação – Caxias do Sul, RS – 2-6 de setembro de 2010, p.5.
[4]  Segundo Flora Daemon até um jornal dos presos de um grande cárcere do Rio de Janeiro revelam esta autorreferencialidade jornalística como meio de garantir a legitimidade dos que escrevem sobre a comunidade dos cativos. (DAEMON, Flora. A autorreferencialidade como desvio essencial: relatos sobre a produção jornalística em “situação limite”. In: CAMBIASSU – EDIÇÃO ELETRÔNICA, Revista científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão – UFMA – ISSN 2176 – 5111, São Luís – MA, Janeiro/Junho de 2012 – Ano XIX, Nº 10, p. 87).

[5]  CASTRO, Maria Lília Dias de. A autorreferencialidade na TV brasileira: estratégias e formatos. In: Estudos em Jornalismo e Mídia – Vol. 10, nº 2 – Julho a Dezembro de 2013, p. 359.
[6]  Idem, ibidem
[7]  MARQUES, Darciele Paula. Identidade televisual: autopromocionalidade e autorreferencialidade.  In: w3.ufsm.br/poscom/wp-content/uploads/2013/05/Dissertaçao-Darciele.pdf/ p. 15; acessado dia 24/02/2016.

[8]  Idem, p.19.
[10]  SANCHOTENE, Carlos Renan Samuel e BORELLI, Viviane. Midiatização e espetáculo telerreligioso: a “cura” financeira na nação dos 318. In: Mídia e religião: entre o mundo da fé e o do fiel. RJ: E-papers, 2010, p. 9.
 
[11]    BERGOLIO Francisco. Discurso aos cardeais de 27/03/2013. In: papa.cancaonova.com/discurso-do-futuro-papa-nas-congregações-dos cardeais/  acessado dia 25/02/2016.

[13]   Papa Francisco. Evangelii Gaudium, p. 61.
[14]   Idem, p.62.

<center>INDIFERENÇA SISUDA</center>

    O entorno da vida cotidiana, Virou o veneno que dimana, A endurecer os sentimentos, Perante humanos proventos.   Cumplicidad...