sexta-feira, 14 de julho de 2017

Falta de assunto



Quando as notícias da corrupção,
Já não indicam alguma boa opção,
Para sonhos protelados há tempo,
Sobra apenas outro contratempo.

O vil perpetrado na centralidade,
Confunde qualquer boa vontade,
E inocenta pela mentira repetida,
O lastro da roubalheira incontida.

A indignação ativa uma quietude,
Distante daquela excelsa virtude,
Porque evolve revolta reprimida,
Já sem motivo de ser exprimida.

A desfaçatez dos grandes ladrões,
Ignora insanos e doentios grotões,
Vitimados pela ignóbil espoliação,
Dos nobres mandantes da nação.

A começar pelos seus privilégios,
Esnobados como bons sortilégios,
Requerem a vasta plebe relegada,
Para bancar sua alteza esnobada.

Na insensibilidade ao espoliado,
Revelam o seu perverso legado,
                                          De deixa-los morrer na míngua,
Sem um bom paladar na língua.

Que se alimentem dos torpores,
Que enchem o vazio com odores,
Das drogas alienantes e certeiras,
Nos recantos ignorados das eiras.




Ósculos e beijos



Entre ósculos e beijos ruidosos,
Sob os estalidos espalhafatosos,
Insinua-se o poder do romance,
E êxito do seu possível alcance.

Quando importa uma conquista,
Ativa-se o largo anseio intimista,
Para o desfrute ou a intimidade,
Com vistas ao prazer à vontade.

Quando o ósculo é sinal da paz,
Envolve a discretude que apraz,
E reativa as valiosas esperanças,
De convivência sem lambanças.

No respeitoso sinal de acolhida,
Muda-se o tempo da despedida,
Porque se alarga com a ternura,
E se enche com a bondade pura.

Assim os beijos de paz e amizade,
Tão raros para expressar lealdade,
Tornam-se beijos santos e eficazes,
Contra os pífios intentos mordazes.

No aperfeiçoamento da concórdia,
Cultivada sem a maldade mixórdia,
O ósculo da atenciosa fraternidade,
Cria mundos de respeitosa amizade.



Na venda do milagre



A tentação onipotente,
De curar todo vivente,
Com ilação fantasiosa,
Flui meiga e graciosa.

Impressionam os ditos,
Com garantias de fitos,
Que a simples infusão,
Cura toda inflamação.

No rol das garantias,
E das inseguras vias,
Resulta a cura certa,
Mesmo na fé incerta.

O fundamento cabal,
É dito de modo oral,
E garante um efeito,
Sem nenhum defeito.

Remédio tão natural,
De um efeito fulcral,
Elimina todo mórbido,
E o seu efeito sórdido.

Se não deu resultado,
Faltou algum cuidado,
Na observação do rito,
E do que fora predito.

O fracasso é ignorado,
Sem motivo declarado,
E um apelo ao segredo,
Assegura bom enredo.


Firulas enganosas



O malabarismo de verborréias,
Oculta o fito de astutas ideias,
Que justificam a pilantragem,
E isentam toda malandragem.

Um aparente domínio da bola,
Com o virtuosismo que enrola,
Deixa a impressão de eficiência,
Sob a disfarçada competência.

Os repetidos floreios discursivos,
Retundantes e nada persuasivos,
Impregnam-se de mentiras banais,
Para escorropichar coletivos anais.

Nos muitos circunlóquios evasivos,
Transparecem intentos possessivos,
Que iludem incautos da esperteza,
A fim de que paguem toda despesa.

Nas firulas de atrativas embaixadas,
Desvia-se o foco das vis desandadas,
Que roubam minguadas esperanças,
Pelo enleio das execradas lambanças.

Longe de apresentar um jogo atraente,
Deixam um vasto povaréu descontente,
E não convencem com suas aparências,
E tampouco escondem improcedências.


A arte de mentir


Velha patranha,
Pela barganha,
Fita a verdade,
Pela falsidade.

Erro conceitual,
Muda o factual,
Ilude e engana,
E a fé profana.

Encobre o feito,
E estufa o peito,
Sob o contrário,
Do ato salafrário.

Sob a impostura,
Alega-se a lisura,
E no argumento,
Vai falso alento.

Na lorota irreal,
Juízo nada real,
Induz aos erros,
E aos desterros.

Sob a inocência,
Age indecência,
E na sacanagem,
Flui a rapinagem.

No ato enganoso,
Todo fato doloso,
Firma a mentira,

E ameniza a ira.

Na escola do trambique



No ato de fé do sistema capitalista,
Cultiva-se o trambique como pista,
Para sempre levar rica vantagem,
E enriquecer-se com locupletagem.

O que mais importa é abarrotar-se,
Sem jamais titubear em culpar-se,
Porque é necessário ser vencedor,
E herói desvinculado da alheia dor.

Obsessão doentia por enriquecer-se,
Não se coaduna com o enternecer-se,
Porque para fartar-se com a riqueza,
Não se carece de retidão e inteireza.

Nesta escola de larga interação social,
Eleva-se a astúcia ao meio primordial,
Para garantir amealhar tanto possível,
Quanto possa alentar o fito indizível.

Saciar-se e fartar-se com exuberância,
Pressupõe uma atenção e importância,
Para fomentar muitos ingênuos passivos,
Conformados com os alienantes lenitivos.


Mandarins da política



Da histórica barganha dos patrocinadores,
Decorre corporativa ação dos promotores,
Para assegurar condições muito favoráveis,
Aos seus interesses de regalias infindáveis.

Agem em nome das ideologias de grupos,
E lidam na ambígua linguagem de apupos,
Para não perder o repertório de eleitores,
Capaz de sustentar aspirações superiores.

Tornaram-se como velhos sofistas gregos,
Bajuladores sempre dispostos aos arregos,
Para justificar a inteireza da sua profissão,
Explicitada na lídima e honesta confissão.

Sob uma aparente e dedicada solicitude,
Apresentam-se como ilibados na virtude,
E pródigos na partilha de que desfrutam,
Sabem iludir os que na miséria labutam.

Na protelação das promessas assumidas,
Deixam incontáveis pessoas desassistidas,
E insensíveis às suas mazelas diuturnas,
Apenas as bajulam nas prósperas urnas.





quarta-feira, 12 de julho de 2017

Rituais Psicodélicos



Quando os antigos sinais católicos,
Perdem os referenciais simbólicos,
Passam a ser substituídos por atos,
Para pressupor milagres imediatos.

Mesmo sem drogas alucinógenas,
Criam rituais de ações endógenas,
Que produzem visões fantásticas,
E levam a agitações bombásticas.

Na consciência bem obnubilada,
Delírios da libertação consumada,
Exaltam elevado arrebatamento,
Com tresvariado empolgamento.

Um delírio prazeroso e excessivo,
Apresenta-se como farto lenitivo,
Para justificar a nobreza do feito,
Que por si justifica todo defeito.

No êxtase da vida transformada,
Cresce a euforia despropositada,
Da instantânea ação deflagrada,
Que removeu a lida desregrada.

A ilusão da ênfase do momento,
Eterniza o supino arrebatamento,
Mas, oculta manhas desregradas,
Que continuam bem desvairadas.





Baleia Azul



Se o monstro dos mares encalha e morre,
Nada disso na humana condição decorre,
E justifica seguir conspirações aliciadoras,
Para vidas com virtualidades promissoras.

Sob o pretexto mórbido de limpeza social,
Para uma purificação de excelência racial,
Indicam-se a jovens os supostos curadores,
Que estabelecem muito perversos valores.

No caminho expansivo de auto-mutilação,
Encontram os afoitos da doentia enfunação,
Uma rota ascendente para cometer suicídio,
E levar a grandiosidade da vida ao dissídio.

Na ausência de auto-estima e de razão vital,
Aponta-se o vazio da motivação existencial,
Para que alguém siga orientação tão sádica,
E atente contra a vida de forma tão trágica.

Mais do que a vasta ludicidade eletrônica,
Aparece do surto da vida bem histriônica,
Uma causa principal que leva à fantasia,
De que na existência nada mais extasia.

A educação, na falta de regras e limites,
Abre brecha para seguir só os palpites,
Que atentam contra valores essenciais,
Duma convivência de bons referenciais.









terça-feira, 11 de julho de 2017

Enfaramento



Aborrecente e entediante,
É a insistência enfadante,
Em torno da Previdência,
Já na beira da indecência.

Sob a repetida afirmação,
De ser bom para a nação,
Esconde-se um privilégio,
Do astuto poder egrégio.

Que venha da população,
A paga da procrastinação,
Que rouba com maldade,
O bem de toda sociedade.

Enquanto amarga condição,
De enorme parte da nação,
É ignorada em seus direitos,
Reinantes ocultam defeitos.

Neste enfaro tão saturante,
E de natureza repugnante,
A contraditória informação,
Enfastia qualquer boa ação.

Da legislação para os fracos,
E das regalias para velhacos,
Sobra este ambiente danoso,
Sem sinais de algo grandioso.


Adornos



Mais do que belos adornos,
E bem ajustados contornos,
O que fascina como beleza,
É uma translúcida inteireza.

Uma linda expressão facial,
Comparada como angelical,
Reporta à idônea qualidade,
Adveniente da interioridade.

Mais do que as bricolagens,
Importam boas mensagens,
A refletir o estado de alma,
Que, com empatia, acalma.

Despertam novos mundos,
Dos significados profundos,
Para a cordialidade efusiva,
Sem um disfarce de evasiva.

Desta linguagem não verbal,
Emerge a comunicação vital,
Que aponta transcendência,
Para sair da fútil convivência.

O adorno do valioso respeito,
Subleva o inveterado defeito,
E fascina pela boa vontade,
Que entusiasma à saciedade.


sábado, 8 de julho de 2017

Um homem especial



Sabe enfatizar a dignidade humana,
E seu modo modesto que se irmana,
Derruba altos muros de desigualdade,
Sem perder seu foco na rara bondade.

É expoente na capacidade de resgate,
Da dignidade inviolável e no combate,
Ao individualismo que furta o sentido,
E deixa todo o agir solidário denegrido.

No centro da mensagem misericordiosa,
Está um rico apelo contra a ação odiosa,
Pois impregnado de visão cristocêntrica,
Enxerga além da devastação excêntrica.

A estampa feita de alegria irradiante,
Transfigura sua fala entusiasmante,
E já antecipa um novo mundo viável,
Melhor que o nosso, vil e execrável.

Distante do carreirismo tão adorado,
Sorrateiramente atuante e alastrado,
Revela na sua inaudita normalidade,
Que quer bem profundo à sociedade.

Como homem de Igreja aberto a vida,
Sabe desviar a autorreferência falida,
Tão adorada para comprar seguidores,
Mas, sem rumo para novos pendores.




Itinerário enganoso



Com vasta difusão na mídia,
Cresce uma ação de perfídia,
De vertente fundamentalista,
Para indicar à fé segura pista.

É categórica nas afirmações,
E arrasta grandes multidões,
Com pistas que infantilizam,
E ameaças que demonizam.

A letra “e” está condenada,
Porque a parusia desejada,
É para seguidores perfeitos,
Livres de quaisquer defeitos.

Mapeiam todo pensamento,
Para um fanatizado intento,
De muitos e pios seguidores,
Dos quais são controladores.

Criam minúcias escrupulosas,
E ameaças sutis e escabrosas,
Intermeadas de demonização,
Para assegurar boa proteção.

Pressupõem orientar rebanhos,
Segundo os quadros antanhos,
Mas estão alheios ao contexto,
E se fecham em idílico pretexto.



quinta-feira, 6 de julho de 2017

Simpatia


Da fase infantil de fixar ou rejeitar,
À condição mental de não enjeitar,
Não isenta estigma da idade adulta,
De perpetuar uma condição estulta.

A simpatia se sobrepõe à educação,
E não arreda espaço para oposição,
Do fixado como melhor e agradável,
Apesar de outros o verem detestável.

Sob o poder mirabolante da simpatia,
Ofusca-se toda racionalidade doentia,
Para nunca aceitar as afrontas alheias,
E encher a convicção de razões cheias.

Assim o tribalismo estribado no gosto,
Não muda diante de nenhum desgosto,
E ratifica a defesa do quanto é sentido,
Para rechaçar um ataque empreendido.

Mais do que a boa razão e bom senso,
Importa alargar o grandioso consenso,
Dos que gostam de determinada feição,
E se encantam com sua simpática ação.

Some toda noção de erro e má intenção,
Porque a instância suprema é o coração,
Que perdoa qualquer desvio de conduta,
E reafirma a sequência na mesma labuta.







Na brisa da cachoeira


Sob uma “chuvica pitica”,
Que apenas de leve pinica,
Uma sensação refrescante,
Enriquece o ar inebriante.

Com ele entra mensagem,
Agradável como a aragem,
Que pervade sentimentos,
E caça escondidos alentos.

Eles relativizam as mágoas,
E indicam fluxo das águas,
Para ir além de cachoeiras,
Sem sumir em baboseiras.

A sintonia com a grandeza,
Da água e flores de beleza,
Remete aos possíveis dias,
De exuberantes melodias.

A antecipação do embalo,
Do novo a brindar regalo,
Integra dores do passado,
E aponta um novo legado.

A emergência do possível,
Clareia um rumo indizível,
Capaz de reatar o fracasso,
E perpetrar um novo passo.



No redil espoliador



Um olhar retrospectivo,
Evidencia desejo altivo,
De prática humanitária,
Com intenção solidária.

A riqueza das promessas,
Como suaves compressas,
Perde em seguida o calor,
E o compromisso do valor.

O desconforto protelatório,
Anula o lenitivo satisfatório,
Da notícia bem despertada,
Que acaba desconsiderada.

Outro promete efetivo ato,
E mudança rápida do fato,
Mas fenece na explicação,
E cai na velha protelação.

Assim mudam os tempos,
E os novos contratempos,
Levam a ação idealizada,
À frustração banalizada.

Ao espoliado nada sobra,
Porque na sutil manobra,
Sempre tem um esperto,

Que assegura lucro certo. 

segunda-feira, 3 de julho de 2017

altercações políticas



Enquanto os partidos discutem com paixão,
Sectarismos cristãos miram sem compaixão,
Os que discordam dos interesses superiores,
Dos egrégios líderes de desejos renovadores.

As razões das polêmicas intensas e raivosas,
Facilmente ocultam tendências enganosas,
Subjacentes nas oratórias bem inflamadas,
Para arrebanhar muitas almas desandadas.

A manifesta simpatia pelo Cristo do alento,
Não corresponde ao airoso ar de portento,
Com que defendem detalhes secundários,
Tão eivados de sutis interesses temerários.

Neste contexto dos amoucos inveterados,
Que renunciam a si para viver fanatizados,
Combatem e atacam pela defesa da noção,
Emitida pelo líder da enaltecida fundação.

O seu interesse já não importa na defesa,
Mas a execução rigorosa e com inteireza,
Do já pensado por um suposto iluminado,
Que quer o alcance de um grande legado.

Enquanto os amoucos brigam pelo chefe,
E vão se digladiando em proselitista blefe,
A reatância com uma razão última da vida,
Fica todo dia mais distanciada e preterida.



<center>INDIFERENÇA SISUDA</center>

    O entorno da vida cotidiana, Virou o veneno que dimana, A endurecer os sentimentos, Perante humanos proventos.   Cumplicidad...