sábado, 19 de junho de 2021

MARGENS

 


De rios e de estradas,

De divisas e fachadas,

Favorecem ambientes,

Nas elisões diferentes.

 

Delimitam os mundos,

Dos irados iracundos,

E dos favorecimentos,

De ocultados intentos.

 

Antagonizam grupos,

E extremizam apupos,

Para firmar exclusões,

E impingir rotulações.

 

Enquadram fronteiras,

E controlam suas eiras,

Para obter aprovação,

E alargar a obstinação.

 

Relativizam o acerto,

E temem desconcerto,

De eventuais rupturas,

Das boas conjunturas.

 

Evitam assumir o erro,

E pagá-lo com enterro,

Dos direitos desejados,

Ou castigos indesejados.

 

Justificam uma proteção,

Contra eventual delação,

A pedir responsabilidade,

Ante à explícita maldade.

 

Separam sob ideologias,

As religiosas teimosias,

Pela primazia do certo,

Com desejo encoberto.

 

Traem duras verdades,

Que tolhem liberdades,

E são sutis e falaciosas,

Para ações enganosas.

 

Enquadram o ambiente,

Contra o que é diferente,

Para garantir a proteção,

Contra adversa oposição.

 

Apontam outros rumos,

Para inovados aprumos,

Diante do rotineiro agir,

Perito em tudo denegrir.

 

 

 

 

 

quinta-feira, 17 de junho de 2021

O REVERENDO EGOLÁTRICO

 

 

Pautado pela teologia do pano,

Vive metido a viciado chapano,

Que adora sua própria imagem,

E vive desta delirante miragem.

 

Impecável com os paramentos,

Dos tresloucados ornamentos,

Ostenta-se delirante e airoso,

Para enaltecer seu ar garboso.

 

Na sua requintada eloquência,

Dilatada na soberba eminência,

Desmancha-se nas afirmações,

Para as categóricas insinuações.

 

A vaidade sobressai evidente,

Em todo e distinto ambiente,

E sempre se coloca no centro,

Para aparecer como epicentro.

 

Com um sorriso escancarado,

Remete olhar para todo lado,

Almejando granjear simpatia,

E aparentar refinada empatia.

 

Muito rubricista e minucioso,

Revela-se perfeccionista cioso,

E vive cobrando falhas alheias,

Como se as visse de açoteias.

 

Reclama das pequenas gafes,

Que atrapalham seus estafes,

E diminuem a sua imagética,

Da rara grandeza hipotética.

 

Carece, todavia, de humildade,

E da noção de sua faculdade,

De ser um discípulo servidor,

E não um egolatra inquisidor.

 

 

 

 

terça-feira, 15 de junho de 2021

SOB O AMPARO DE ENRERGÚMENOS

 

 

Surpreende a irracionalidade,

Na atual e refinada sociedade,

Sob os ditames do culto saber,

Dum primarismo de estarrecer.

 

Ódios superiores aos das feras,

Pervagam as elevadas esferas,

Dos que pretendem conduzir,

Elevadas condições de aduzir.

 

Com as táticas escancaradas,

E as astúcias mais escaradas,

Ditam na exaltação mórbida,

A vantagem pessoal e sórdida.

 

Exaltam-se na fala abestada,

Sob emoção desequilibrada,

E revelam estulta arrogância,

Pela defesa da sua instância.

 

No apelo a falas desatinadas,

Apontam magias encantadas,

Para justificar atos simplistas,

Com vagas noções moralistas.

 

O avançado grau de paranoia,

Com a presunção de metanóia,

Leva-os à exaltação onipotente,

De deixar todo o país contente.

 

Ineptos diante dos problemas,

Apelam a sutis estratagemas,

Para salvaguardar a ideologia,

Que autoriza sua demagogia.

 

 

 

 

segunda-feira, 14 de junho de 2021

MORTE

 


Oh, exigente consorte,

O teu estranho aporte,

Preconiza a evidência,

Desta frágil imanência.

 

Inseguro ante o tempo,

Todo meu passatempo,

Acalanta belos sonhos,

E alarga medos bisonhos.

 

Na fé sem as garantias,

As elucubrações vazias,

De explicações vulgares,

Não indicam patamares.

 

Resta discreta confiança,

Desta assegurada fiança,

Merecedora da entrega,

Que a minha fé carrega.

 

Duramente privatizada,

E ao mercado atrelada,

A morte virou mercado,

A ser bem consumado.

 

Tornou-se bom objeto,

Da indústria do dejeto,

Que dela extrai o lucro,

Adorado dinheiro sacro.

 

Já não é do moribundo,

Ou do familiar sitibundo,

Mas do grupo organizado,

Que assume o seu legado.

 

A gentileza das funerárias,

Nas investidas arbitrárias,

Oferece os bons pacotes,

Para os sorrateiros botes.

 

O luto sem o seu espaço,

Ocupado por novo regaço,

Sem diálogo com a morte,

Desloca-se a rápido norte.

 

Frases vagas na rede social,

Aludem sobre valor adagial,

Elogiando este corpo inerte,

E contornam o agir suverte.

 

Na canonização do morto,

Produz-se um desconforto,

Com bajulação tão vulgar,

Para aparências promulgar.

 

Alguns avivam na saudade,

A imagem da reciprocidade,

Para lembrar longo tempo,

Enternecido no entretempo.

 

Outros lembram o falecido,

Sem sequer tê-lo conhecido,

Para externar aos familiares,

Alguns dissuadidos pesares.

 

Na onda de vasto consumo,

Importa um inusitado rumo,

Que prometa emoção forte,

Juvenil, com beleza e sorte.

 

 

 

 

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

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