quarta-feira, 30 de outubro de 2019

FANÁTICOS E FUNDAMENTALISTAS




Dois extremos de arrebatadores,
Causam os desconfortos e dores,
Advindos de linguagem violenta,
Que nem mesmo o diabo aguenta.

Na violência em nome de Deus,
E na aparência de atos fariseus,
Arrogam-se, no único caminho,
O segredo do humor alegrinho.

O deus do entusiasmo doente,
Os eleva a um êxtase renitente,
Que ignora a realidade alheia,
E os motiva para a dura peleia.

Valem os seus mandamentos,
De projetados encantamentos,
Que sequer cobram conversão,
Nem mudanças na conspiração.

Os atos violentos de dominação,
Feitos em nome da divina ação,
Refletem agressividade interior,
Arrebatada à instância superior.

No apelo ao fundamento divino,
Escancara-se seu modo cretino,
Que defende o seu argumento,
E o remete ao superior intento.

Defendem tradição interesseira,
Para a sua reafirmação fagueira,
Que vê inimigos em todo distinto,
E combate-os com vigor e absinto.

Farejam diabo nas ações alheias,
Razões das suas sombrias teias,
E liberam-se para luta ferrenha,
Contra o que do diabo provenha.

Escondem a própria insegurança,
Projetada na alheia desconfiança,
Porque desprovidos da humildade,
Não avaliam sua própria verdade.



sexta-feira, 25 de outubro de 2019

COMPETIÇÃO E BOA CONVIVÊNCIA




Quando a garra pela conquista,
Ocupa o centro sensacionalista,
Do supremo ideal de felicidade,
Ativa-se humana agressividade.

Vítima do impulso agressivo,
O psiquismo humano reativo,
Ajuda a lidar com frustrações,
Mas aumenta as competições.

Como energia dinâmica vital,
A garra de um efeito colossal,
Engole toda bondade e amor,
Para ampliar um vasto terror.

Sem grato desfrute amoroso,
O espaço do coração bondoso,
Ocupado pelo alvo possessivo,
Cria um mundo todo agressivo.

Os muitos riscos de ser objeto,
Produzem desencontro abjeto,
De violência em níveis variados,
Sem suprir o valor dos agrados.

Quando frustrados e agredidos,
Formam os bandos destemidos,
Ou quadrilhas cruéis e odiosas,
Matam com táticas horrorosas.




quinta-feira, 17 de outubro de 2019

MESQUINHOS ATORDOADOS




Ideologias, como interesses de grupos,
São manifestações culturais de apupos,
Que mobilizam opiniões simpatizantes,
Por alcance de vantagens demandantes.

Na mesquinhez de ambições precípuas,
Arrogam-se as falácias mais conspícuas,
Para defender uma cabal superioridade,
Sobre os múltiplos grupos da sociedade.

O favorecimento dos membros seletos,
Com regalias e direitos bem indiscretos,
Afronta todo o sentimento humanitário,
Na arrogância do argumento temerário.

Ensimesmada no vantajoso privilégio,
A ideologia defendida como sortilégio,
Deixa fanatizada vasta opinião pública,
Para identificar-se com a boa república.


Avessa a toda experiência da bondade,
Vê em tudo manifestação de maldade,
Para afigurar o único princípio do bem,
Que somente a muitos poucos convém.

Assim, azedam a vida com coisa pequena,
E todo o vasto e suposto serviço empena,
Porque todo particularismo de ambições,
Ilude uma nação com ilusórias aspirações.

Na governança tão precária e decorativa,
O subjetivismo engole a ação associativa,
Longe de promover a vital solidariedade,
Desmantela bons pendores da sociedade.




quarta-feira, 16 de outubro de 2019

ECO-ESPIRITUALIDADE




Sob o gosto das rezas intimistas,
Fervem sortilégios triunfalistas,
Mas, somem olhares amorosos,
E procedimentos esperançosos.

Cuidado, termo sumido da fala,
Do discurso que tanto propala,
Progresso e avanço ilimitado,
Acaba proliferando um enfado.

Na esperança do agir mágico,
De um Deus neste rol trágico,
Espera-se que mude o estrago,
Feito por um desumano frago.

Esqueceu-se da espiritualidade,
Imbricada com nossa realidade,
Biológica e também sociológica,
Numa inter-atuação pedagógica.

A espiritualidade sem ambiente,
Sem casa como lar compadecente,
Perde o vínculo com a Mãe-Terra,
E inserção na riqueza que encerra.

Sem o cuidado e devido respeito,
Este antropocentrismo no peito,
Centraliza o indivíduo no mundo,
E torna o entendimento iracundo.

Sumido todo relacionamento ético,
Conta apenas o ostensório estético,
Que, em nada valoriza a cooperação,
Mas, absolutiza a lei da competição.

Assim, a espiritualidade para o além,
Que ao nosso sistema tanto convém,
Não une e em nada reúne no cuidado,
E nem se abre ao diferente inusitado.

Produz fé intimista, nada acolhedora,
Que obcecada numa ação demolidora,
Quer ajuda divina com generosidade,
E desestabiliza o planeta à saciedade.


<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...