quarta-feira, 29 de abril de 2020

FAÇA ASSIM




Já cansado com este imperativo,
Tão usado no mundo corporativo,
Onde os mandantes categóricos,
Vomitam ordens e fitos teóricos.

Até homilias e canções religiosas,
Impregnadas de apelações ciosas,
Em nada se sentem interpeladas,
Por suas exigências proclamadas.

Dizem o que outros devem fazer,
E dão detalhes até o estupefazer,
Que os ouvintes devem executar,
A partir do que puderam escutar.

Limitados a óbvios moralismos,
Insistem em brios e mecanismos,
Que enlevem suas elucubrações,
E executem balofas orientações.

Mais do que a causa de alguém,
Importa um seleto grupo refém,
Que dependa de seus comandos,
Atrelado aos desvarios nefandos.

Fanatizam grupos para exercícios,
Em que se jactam como propícios,
Para auferir um belo movimento,
Que a todos propicia rico alento.

Longe de oferecer ou de sugerir,
As ordens categóricas para gerir,
Revelam dependente submissão,
À sua particular e fixa obsessão.





terça-feira, 14 de abril de 2020

MILAGRINHOS DO COVID-19



                                       
Sistemático na expansão,
E afoito na repercussão,
Driblou as espionagens,
E as ricas grãnfinagens.

Apreciador dos pulmões,
Achou ali valiosos filões,
De comida e reprodução,
Para ampliar a sua ação.

Ambíguo como humanos,
Causa muitos desenganos,
E mata por domínio cruel,
O alimento do seu vergel.

Por outro lado, sua ação,
Travou a nossa produção,
E no “stop” da sua ordem,
Parou mórbida desordem.

Silenciou os prepotentes,
Calou humanos decentes,
E os inquire sobre a vida,
E os motivos da sua lida.

Moeu poder globalizado,
Gozou do status armado,
E calou doida economia,
Roendo sua hegemonia.

Fitou a ciência absoluta,
E a deixou bem reculuta,
No caminho tão incerto,
Da andança de deserto.

Deletou temas da mídia,
E a deixou numa acídia,
Pois, escancarou o real,
Da manipulação desleal.

Feriu língua prepotente,
De contumaz presidente,
Apático a mortes espúrias,
De suas cotidianas fúrias.

Tocou o cerne dos egoístas,
Com obsessões triunfalistas,
E os caustica com rebeldia,
Sem disfarces de galhardia.

Para o milagrinho ser grande,
Falta que muito se expande,
E mine as armas de guerra,
E todo diálogo que emperra.

Que aquiete toda ambição,
A ferir o estado da nação,
Para que sensível ao povo,
Aponte um caminho novo.

Para o milagrinho crescer,
A economia do enternecer,
Carece agir pelos ignorados,
E vasta legião de relegados.

O milagrinho da Mãe Terra,
Já aponta quanto a emperra,
Com o inaudito desrespeito,
Para merecer o digno preito.

Enfim o milagrinho já aponta,
Que nova vivência desponta,
Para a convivência solidária,
Com a cordialidade primária.
                                            




segunda-feira, 13 de abril de 2020

CANÇÕES E FALAS MORALIZANTES




Enquanto o medo da virose,
Ameaça mais que a cirrose,
A defesa contra o contágio,
Revela ambíguo apanágio:

Proteger os bens ou salvar-se,
Apelar à sorte ou resignar-se.
Um anelo vigoroso pela vida,
Acalanta uma fé enternecida.

No suporte da fé para o além,
Com um amparo que faz bem,
Espero das canções e das falas,
Mais que as moralizações ralas.

Queria ouvir um canto religioso,
Sem ordens do estilo fastigioso,
Com verbos na terceira pessoa,
E no “faça” o termo que ressoa.

Que na experiência elaborada,
Eu defronte porta escancarada,
Para efetuar boa imagem divina,
Não vinda de insinuação cretina.

Que a imagem do Deus bondoso,
Alargue em mim o maravilhoso,
De um Deus além das imagens,
O velho e duro nas espionagens.

Longe de condenação e inferno,
Espero um compassivo e terno,
Que dá razão aos dias de graça,
E aponta para além da desgraça.

A novidade de genuínos valores,
Possa alargar humanos pendores,
Para a reelaboração das afeições,
Que ultrapassam sofridas feições.


CALAMIDADE E FÉ




Ao lado dos medos que se ampliam,
Junto com riscos diários se irradiam,
Também se alarga a magia religiosa,
Com a pretensão de ação prodigiosa.

Fé cultivada para pequenos tateios,
Nestes tempos dos intensos anseios,
Passa a ser substituída pelo apelo,
Bem distante do religioso desvelo.

Na larga proporção da calamidade,
Surge ostensiva e farta saciedade,
De desfile com símbolos religiosos,
Para exaltação de aparatos briosos.

Numa disputa acirrada de audiência,
Com imagético de cordial aderência,
Mediadores religiosos focam espaço,
Para enaltecerem seu próprio traço.

Movidos pelo intento de ser inusitados
Com vistas a desfrutar amplos legados,
Alguns se tornam ridículos na ousadia,
E aborrecem na fala que nada irradia.

Se o cultivo da fé desperta a firmeza,
Para lidar no momento de incerteza,
Os apelos mágicos por popularidade,
Tendem para a mórbida insanidade.












CORONA





Quando o bichinho tão invisível,
Centraliza medos do desprezível,
Percebe-se nele a potência sutil,
Mais forte que prepotência viril.

O vasto potencial de extermínio,
Alarga-se e aumenta seu domínio,
Sobre a cega ambição capitalista,
E a esfalfa na sua visionária pista.

No grande poder das metrópoles,
Revela-se uma eira de necrópoles,
Em que montes humanos exalam,
Os odores fétidos que se propalam.

Fenecida a prepotência arrogante,
De tanto cego e abjeto mandante,
Ressurge a ação humilde e cordial,
Compassiva e solidária, sem igual.

Em desvelo pela salvação de vidas,
Derrubam-se as guerras fratricidas,
E arsenal mortífero de armas letais,
Revela os humanos desvarios vitais.

O esmilingüido Corona fala tão forte,
Quanto pomposo e tecnológico aporte,
E obriga a revisar as procrastinações,
Que tanto mataram entre as nações.

No suplício do sufoco da falta de ar,
 Até os insensíveis verdugos de matar,
Fraquejam e morrem sem o sustento,
Da espoliação que lhes auferiu alento.

Neste isolamento pela sobrevivência,
Clama e ressoa uma nova iminência:
No lado humano, cordial e solidário,
Destaca-se altaneiro um novo erário.

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...