segunda-feira, 13 de abril de 2020

CANÇÕES E FALAS MORALIZANTES




Enquanto o medo da virose,
Ameaça mais que a cirrose,
A defesa contra o contágio,
Revela ambíguo apanágio:

Proteger os bens ou salvar-se,
Apelar à sorte ou resignar-se.
Um anelo vigoroso pela vida,
Acalanta uma fé enternecida.

No suporte da fé para o além,
Com um amparo que faz bem,
Espero das canções e das falas,
Mais que as moralizações ralas.

Queria ouvir um canto religioso,
Sem ordens do estilo fastigioso,
Com verbos na terceira pessoa,
E no “faça” o termo que ressoa.

Que na experiência elaborada,
Eu defronte porta escancarada,
Para efetuar boa imagem divina,
Não vinda de insinuação cretina.

Que a imagem do Deus bondoso,
Alargue em mim o maravilhoso,
De um Deus além das imagens,
O velho e duro nas espionagens.

Longe de condenação e inferno,
Espero um compassivo e terno,
Que dá razão aos dias de graça,
E aponta para além da desgraça.

A novidade de genuínos valores,
Possa alargar humanos pendores,
Para a reelaboração das afeições,
Que ultrapassam sofridas feições.


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