segunda-feira, 21 de setembro de 2020

RELIGIÃO DO MÉRITO

 

Solidificada nas motivações,

Leva a discursos com razões,

Para a conquista da salvação,

Pelos méritos de boas ações.

 

Embora elas sejam indicadas,

Como mediações destacadas,

Para propagar atos indizíveis,

Não auferem direitos factíveis.

 

Avaliação de gestos efetuados,

Até os edificantes e devotados,

Induzem à suposição de direito,

Dum merecido e especial preito.

 

Como em articulações políticas,

Oradores de falas apologéticas,

Indicam os méritos que salvam,

Desde que para eles se volvam.

 

Esquecidos de que Deus é bom,

Enquadram todo humano dom,

Como servilidade ao mandante,

Mais rigoroso que comandante.

 

Esperam bênção de merecimento,

Para receber o gratificante alento,

De muito trabalho com dedicação,

Para merecer honrada promoção.

 

Ao pressupor Deus bem distante,

Do servo ante o patrão diletante,

Que remunera méritos próprios,

Aplicam-lhe modos impróprios.

 

No pressuposto da ação heroica,

A observação de prática egoica,

Leva a escrúpulo de obrigações,

Esperando retorno pelas ações.

 

Some toda fidelidade ao Senhor,

Porque se espera muito penhor,

Como bom salário promocional,

De quem merece cargo especial.


quarta-feira, 16 de setembro de 2020

MAQUININHA BEM SUCEDIDA

 

Aprimorada em longo tempo,

Como pitoresco passatempo,

Ativou o mito do progresso,

No apogeu de raro sucesso.

 

Da sua telinha pequeninha,

Feita sedutora nhoquinha,

Surgem incontáveis dados,

Dos intermináveis legados.

 

Simpática e feita boa serva,

Uma limpa e doce conserva,

Tão inteligente e confiável,

Parece uma musa inefável.

 

Com uma incrível sedução,

Sensibiliza o frágil coração,

E o seduz para submissão,

Sem nenhuma compaixão.

 

 

Distrai crianças inquietas,

Com historinhas abjetas,

Para tentar colonizá-las,

E também desfrutá-las.

 

Sua amplitude rotunda,

Produz gente corcunda,

Curvada por insistência,

De obsessiva renitência.

 

O bom entretenimento,

Com o aprazível alento,

Coloniza para consumo,

E obscurece o aprumo.

 

Com a sutil inteligência,

Produz a dependência,

E a obsessão de clicar,

Sem algo a comunicar.

 

A síndrome da carência,

Rouba o sono e potência,

Pois quer toda a atenção,

Para a sua apresentação.

 

Acelera toda liquidação,

Para ilimitada aquisição,

Mas sucateia o planeta,

E faz o humano maneta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 15 de setembro de 2020

PRÁTICAS COMPLICADAS
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Da antiga ancestralidade humana,

Persiste a característica doidivana,

Da vingança contra ação agressiva,

Para impor a sua força repressiva.

 

Ambientes agressivos dão suporte,

Para aguçar com mecanismo forte,

De combatividade para submeter,

Todos os que ousam se intrometer.

 

Da cultivada tendência vingativa,

Com a suposição de ação lenitiva,

Produz-se o emaranhado de ódio,

Um catalizador maior que o ródio.

 

Esta velha noção do olho por olho,

Mesmo sendo um antigo trombolho,

Tão dilatada na condição humana,

Alimenta vastos ódios e desengana.

 

Os aparatos dos poderes instituídos,

Embora legitimamente constituídos,

Tendem a exaltar modos vingativos,

Como apelação ante atos pejorativos.

 

O exemplo deste cultivo da violência,

Torna-se uma justificada precedência,

Para reproduzir em outros ambientes,

Truculências iguais e inconvenientes.

 

A ambiguidade se torna escancarada,

Quando se justifica ação perpetrada,

Com apelos que isentam as agressões,

Mas que alargam outras revidações.

 

 

 

 

 

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

PATOLOGIA COMPLICADA

 

 

Entre múltiplos sintomas,

E com os visíveis rizomas,

Os nobres grupos sociais,

Revelam patologias rivais.

 

Difamam com crueldade,

Quando invejosa maldade,

Produz perversas calúnias,

Com as irrisórias pecúnias.

 

Até momentos de oração,

Levam a estufar o pulmão,

Para vociferar difamações,

Contra supostas oposições.

 

Outros vivem da lamúria,

Em torno da sua penúria,

Diante da omissão alheia,

Que não deixa cesta cheia.

 

Até momentos de louvor,

Para elevar o pundonor,

Viram o lamento crônico,

De mal-estar histriônico.

 

Sequer faltam paranoicos,

Perfeccionistas heroicos,

Obcecados por perfeição,

Sem ternura e compaixão.

 

Muitos são tradicionalistas,

A refutar eventuais pistas,

Porque defendem o antigo,

Contra o hipotético inimigo.

 

Ainda vicejam os calculistas,

Que só veem frutos de listas,

Dum crescimento numérico,

Para erguer o perfil colérico.

 

No rol do ativismo ansioso,

Por um desempenho airoso,

Culpa-se omissão de serviço,

Para justificar diário feitiço.

 

Nesta miopia empresarial,

Conta só o dado atuarial,

Sem o ar de solidariedade,

E algum gesto de caridade.

 

 

 

terça-feira, 1 de setembro de 2020

AS SENHORAS PODEROSAS


 

Ao lado das damas arrogantes,

Movidas por feitos rompantes,

A escorar as chefias poderosas,

Encontram-se aquelas vistosas.

 

No esnobe do ouro e da moda,

Para representar seu voivoda,

Como papagaios ornamentais,

Despertam alguns supinos ais.

 

Outra senhora feita poderosa,

Por uma vasta legião religiosa,

Transformou pobre servidora,

Em linda rainha intercessora.

 

Denegriu patrimônio sagrado,

E esvaziou o seu rico legado,

Vindo do critério evangélico,

Para o devaneio psicodélico.

 

Sem um testemunho cristão,

Tornou-se refém de bastão,

Para conceder graça e favor,

Do superior e divino fervor.

 

Um objeto de clãs religiosas,

Para as procissões vistosas,

Ensejou verdadeiras máfias,

Para reafirmar suas bazófias.

 

Exploram bonitas reverências,

E as coletas sem clemências,

Visam afirmar o vasto poder,

Para ampliar todo seu querer.

 

Conversão ao Deus de Jesus,

Neles, o que tão pouco reluz,

Cede para interesse mafioso,

De um grupo todo-poderoso.

 

Coroas vistosas e douradas,

Apagam as ações devotadas,

Da simples mulher solidária,

Avessa a toda lida drudária.

 

Da mãe de Jesus sem coroa,

Atenção humanitária ressoa,

E o milagre do modo de agir,

Aponta para um outro porvir.

 

Longe das poderosas máfias,

Com as traiçoeiras empáfias,

Encanta esta discreta Maria,

Serviçal de atenta serventia.

 

 

 

 


<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...