Tão conhecida e valorizada,
Acha excelência disparada,
Em cargos governamentais,
E até em ambientes frugais.
Adornada pelo próprio eu,
Como se fosse o Prometeu,
Só vive bem acompanhada,
Com sua vaidade assanhada.
Bem afeita com o orgulho,
Cria bem agitado barulho,
Para brilhar em evidência,
E propiciar benemerência.
Assim anda sempre afoita,
Com um pé atrás da moita,
Para aumentar a grandeza,
E ampliar a inefável alteza.
Nada sente do que é alheio,
Pois vive do próprio floreio,
E amealha poder e grandeza,
Para a sua própria inteireza.
A vaidade fornece a argúcia,
De captar pequena minúcia,
Que possa afetar o renome,
Do seu engrandecido nome.
Por achar-se muito superior,
Olha com desdém o inferior,
E o relega à sua indignação,
Sem lhe dar ínfima atenção.
Agride, debocha e humilha,
Seguindo sagrada planilha,
De que seu ego é absoluto,
E seu reino todo impoluto.
Aferrada ao círculo vicioso,
Só se move num ar dengoso,
Das tramas de perseguição,
Para abocanhar sua função.
Pouco ou nada acrescenta,
À condição humana sedenta,
E ainda espolia seus anseios,
Com os ilusórios devaneios.