quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

OLHAR DE LIBERDADE




Plasmado para a grandiosa existência,
Mas, deformada com tanta indecência,
Perambula inseguro o pobre andarilho,
Sem delinear caminho sob tanto trilho.

 Na imensidão dos conselhos ofuscados,
Mui autoritários para obter subjugados,
Voam soltos velozes olhares cerceadores,
Que de Deus querem ser bons aliciadores.

Ao desfocarem o olhar amoroso de Deus,
Apostam para o êxito dos interesses seus,
E longe de revelarem o amor às criaturas,
Espalham terror de satanizadas diabruras.

Sem persuasão de um bom procedimento,
Em nada levam a visualizar o que dê alento,
Pois querem dependentes cegos e passivos,
Que facultem os olhares nada compassivos.

A livre obediência, sem moderar o desejo,
Transforma em servilismo frágil o ensejo,
De encontrar o humano embebido de dor,
E apontar-lhe um rumo mais acalentador.

No ousado olhar da liberdade se espera,
A condição de agir no limite que impera,
Sobre a virtualidade da força inovadora,
Para com ela ascender na ação redentora.










BONS ODORES




Mais que o efeito agradável,
Dum ar gostoso e inebriável,
É este, impregnado de odor,
De um humanizado pendor.

Cheiro irradiante de alegria,
Pervaga o ar e muito inebria,
A humana condição na Terra,
Para além do que ela encerra.

No eflúvio do prazer humano,
De espargir todo o desengano,
Eleva-se a plenitude agraciada,
Tão singela, e muito apreciada.

Os sentimentos de bem-estar,
São os melhores para ostentar,
O genuíno em nossa condição,
Sobretudo na confraternização.

Neste estar de bem com a vida,
Que renova o elã da diária lida,
Eclodem emissões de humores,
Que abrandam insanos temores.

A intuição para bons momentos,
Enche o coração de sentimentos,
Inebriados por benfazeja alegria,
Que ofusca a raiva com maestria.




segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O CHUTADOR DE SOMBRA




Quando ainda era menino,
Como um gato pequenino,
A tentar morder o seu rabo,
Batia a sombra, feita diabo.

Como ela nunca se acalmou,
E dela, ele nunca reclamou,
Completaram a conivência,
De resignada subserviência.

O andarilho dos tantos anos,
Ajuntou muitos desenganos,
E fitou que a sombra amiga,
Passou a revelar uma intriga.

Por que tanta maldade solta,
Onde não cabe onda revolta,
Pela serenidade da condição,
Em uma tão estudada nação?

As novas sombras refletem,
Os tantos rabos que repetem,
A protelação de sonhos vitais,
Para as acumulações brutais.

A sombra já não ladeia o sol,
E nem seu brilhante arrebol,
Mas sob a suavidade mágica,
Indica ao povo a lida trágica.

Tanto mandante mal educado,
Ostenta o seu perverso legado,
Corrupto mais que o tamanho,
Da sombra do seu agir tacanho.

Na sutileza de muitas diabruras,
Coices não alcançam as agruras,
Do sol fautor das assombrações,
Que perturbam tantos corações.



sábado, 24 de fevereiro de 2018

OLHO NO OLHO




Quão precioso é o olhar,
Sem o desvio a antolhar,
Vasto medo da revelação,
Que inibe a comunicação.

A larga grandeza interior,
A espargir amplo pendor,
Sequer precisa esconder,
Seu translúcido proceder.

Tanta criança encantadora,
Na sua feição provocadora,
Insinua no olho acolhedor,
Belo foco recompensador.

O querer bem tão gratuito,
Num singelo olhar fortuito,
Pervade o mundo da alma,
E o enche de serena calma.

Toda a vitalidade se renova,
E o mundo possível se inova,
Para que o amor tão singelo,
Se propague para eterno elo.

Pena que a maldade esperta,
Entra de soslaio e sem alerta,
Para semear no límpido olhar,
A falsidade em largo borbulhar.



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

OURIÇO POR COELHO




No desejo de acariciar maciez,
E sem confrontar mesquinhez,
Tantos gestos afoitos apalpam,
Mas, na suavidade se esfalfam.

Na armadilha da paixão cega,
Nada se protela ou se delega,
Pois na obsessão do desfrute,
O bom-senso nada repercute.

A pressuposição da vantagem,
Transforma qualquer imagem,
Em posse para suave aferição,
A fim de extravasar o coração.

Da suavidade tão encantadora,
Emerge a tentação enganadora,
Que solta os espinhos eriçados,
Com muitos venenos malvados.

Atingem o bom nome da honra,
E proliferam no quanto desonra,
Com desfecho do ódio profundo,
A produzir sentimento iracundo.

Nos ódios cultivados e bem retidos,
Morrem belos projetos construídos,
E os mundos dos mais belos sonhos,
Despertam em pesadelos medonhos.







quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

JEJUM SEM CONVERSÃO




Fruto de um velho costume,
Nada mais explícito resume,
Uma praxe do dia das cinzas,
Como fixos olhares ranzinzas.

Quando o nobre é o pescado,
No ritual dum vetusto legado,
Nada representa a motivação,
Para renovar algo no coração.

Na exterioridade consumista,
O típico da condição altruísta,
É o do prato muito saboroso,
Para propiciar refinado gozo.

Deixar de fruir para partilhar,
É sentimento de se antolhar,
Sem o elã para mover gestos,
Contra os desumanos doestos.

Importa só o hábito repetido,
Que ajude a deixar preterido,
Tristonhos olhares famintos,
Dos esfaimados em recintos.

Um jejum para se enternecer,
Forjado para se compadecer,
Surtiria nobre procedimento,
De produzir solidário alento.


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

BANQUETES EGOLÁTRICOS



A triste sina de miseráveis,
Engendra-se em festanças,
Das opulências execráveis,
Que alargam as lambanças.

As regras que marginalizam,
Propensas a tantos espertos,
Mas que a tantos minimizam,
Propagam humanos desertos.

Nos sofrimentos mais cruéis,
Deixados aos tantos excluídos,
Definham os elevados vergéis,
Com a dignidade dos vencidos.

Nos muros dos preconceitos,
Protegem-se os privilegiados,
Sob os devassos desrespeitos,
Como os seletos abençoados.

Com os tão raros reintegrados,
Diante dos atos compadecidos,
Morrem com anseios devotados,
Os valiosos sonhos enternecidos.

                                         Integrar os tantos marginalizados,
Requer uma compaixão operante,
Diante dos fatos tão disparatados,
Sob esta crassa elitização diletante.


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

APELAÇÃO IMPREVIDENTE




Na obsessiva argumentação,
Sobre a falada remuneração,
Reina malandra a barganha,
Para ver quem é que ganha.

Avantajados na esperteza,
Exigem com astuta proeza,
Que sua suposta conquista,
Jamais venha a ser revista.

Resta, pois, ao operariado,
Mesmo sendo contrariado,
Integrar o aumento do jugo,
Imposto por velho verdugo.

Tudo em nome do Estado,
E sob um aparente agrado,
É repetido até a exaustão,
Como a irreparável gestão.

A efetiva e dura realidade,
Demonstra com saciedade,
Que fautores da inovação,
Eivam-se da nova condição.

Os veteranos da conquista,
Rejeitam toda a nova pista,
Que possa causar mudança,
Na conquistada segurança.

Sob a sina da imprevidência,
Muita indevida procedência,
Induz desejos de segurança,
Ao torpor da desesperança.






  

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O MARRUCO NA PASTAGEM



Sentindo-se o poder absoluto,
Muge e avança todo resoluto,
O touro metido a dono do país,
Fazendo dele o ambiente feliz.

Psicopata de origem mórbida,
Vive da prepotência sórdida,
Para garantir reino absoluto,
E perpetrar legado impoluto.

Impõe seu mugido fanático,
Como se tudo fosse errático,
Menos sua cega arrogância,
Eivada de muita petulância.

No temerário apelo à ordem,
Esconde uma falsa desordem,
Que visa assegurar privilégios,
A um seleto grupo de egrégios.

No rompante bem vociferado,
Irradia controle por todo lado,
Para assegurar a exclusividade,
Sobre atrelados na passividade.

Sem cabresto a limitar o poder,
Nada o sensibiliza o escafeder,
De espoliados sem segurança,
Que já perderam a esperança.


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

AÇÃO DO SILÊNCIO

                                      
        
Velha tática de apropriação,
Continua na procrastinação,
De presumir posses divinas,
Nas malandragens cretinas.

No desejo de enquadrar a fé,
Teimosa e forte como a maré,
Insiste-se em exaltados gritos,
Para haurir alcances infinitos.

Os bem vulgarizados prodígios,
Divulgados por altos prestígios,
Valem-se da sugestionabilidade,
Como se fosse divina realidade.

Sob a compaixão esvanecida,
Metem-se numa gritante lida,
E visam o transe como terapia,
De curas divinas com simpatia.

No emotivismo de rituais ocos,
Conduzem bandos de amoucos,
Fanatizados pela vil submissão,
Sem o elã para sair da opressão.

O pobre aporte de formalismos,
Esconde perversos mecanismos,
Que prolongam na dependência,
Os atrelados à dura inclemência.

O silêncio que poderia falar alto,
Pegaria a muitos no sobressalto,
De que o caminho da libertação,
Requer bem outro tipo de ação.














<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...