segunda-feira, 22 de abril de 2024

ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE

 

 

Criativa e super-rápida na inovação,

A era digital facilita a vida e a ação,

Mas enfraquece relacionamentos,

E produz humanos embotamentos.

 

Sua alta velocidade de insinuação,

Exaspera o consumo com vibração,

Para centralizar status de aparecer,

Mas deixa o mundo físico padecer.

 

Nos desejos criados e estimulados,

Disparam consumismos obcecados,

Com etiquetas vistosas e hiper-reais,

Para suprir necessidades essenciais.

 

Mais atraente do que a vida social,

É o consumo diário e sensacional,

Para afirmação da existência nobre,

Como meio de ocultar o jeito pobre.

 

Indivíduos moldados para o consumo,

Apontam êxitos e gratificante rumo,

Para quem procura ser feliz sozinho,

Como única sina do humano caminho.

 

Uma intuição horrenda e assustadora,

Aponta forçada sequela avassaladora,

Que transforma consumidores em lixo,

Descartável como tanta sobra de xixo.

 

Sem as perspectivas futuras e duráveis,

Desaparecem consistências idealizáveis,

E a felicidade do consumo some fluída,

Sem apresentar digna razão para a vida.

MITO DA EFICIÊNCIA

 

 

Elaborado pela humana inteligência,

Feito poderoso deus sem clemência,

Cobra lealdade e alto desempenho,

E voracidade com avanço ferrenho.

 

Não importa ser leal, bom e honesto,

Nem justo e compassivo ante doesto,

Mas, o desempenho máximo e focado,

Para poder esnobar um imenso legado.

 

Aparência como virtude excelsa e boa,

Estimula rivalidade e anda sem balroa,

Para não desacelerar a larga produção,

E fruir a bênção da vistosa acumulação.

 

Este deus com profetas insinuadores,

Canaliza genuínos e belos pendores,

Para a entrega abnegada à eficiência,

Que desperte a invejável abundância.

 

Lentidão e desaceleração são pecados,

Graves e imperdoáveis para aplicados,

Na fidelidade a desejos mirabolantes,

E que requerem rivalidades brilhantes.

 

Ansiedade negativa vinda da obsessão,

Vê nos outros uma perigosa obstrução,

A ser perseguida e derrotada com vigor,

A fim de expandir o consumista pudor.

 

No consumo, o glamour sensacionalista,

Da aparência e imagem perfeccionista,

Oferece ao deus da honraria expandida,

Um preito pela acumulação conseguida.

 

Sumida toda capacidade contemplativa,

Some o encantamento pela beleza ativa,

Advinda de pessoas e da biodiversidade,

Em coisas pequenas e gratas à saciedade.

 

Tempo de amizades e afetos ainda reluz,

Para apontar o rumo que não só produz,

Mas aponta para o Deus de bem-querer,

E da grandeza dos gestos de enternecer.

 

 

 

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...