segunda-feira, 22 de abril de 2024

MITO DA EFICIÊNCIA

 

 

Elaborado pela humana inteligência,

Feito poderoso deus sem clemência,

Cobra lealdade e alto desempenho,

E voracidade com avanço ferrenho.

 

Não importa ser leal, bom e honesto,

Nem justo e compassivo ante doesto,

Mas, o desempenho máximo e focado,

Para poder esnobar um imenso legado.

 

Aparência como virtude excelsa e boa,

Estimula rivalidade e anda sem balroa,

Para não desacelerar a larga produção,

E fruir a bênção da vistosa acumulação.

 

Este deus com profetas insinuadores,

Canaliza genuínos e belos pendores,

Para a entrega abnegada à eficiência,

Que desperte a invejável abundância.

 

Lentidão e desaceleração são pecados,

Graves e imperdoáveis para aplicados,

Na fidelidade a desejos mirabolantes,

E que requerem rivalidades brilhantes.

 

Ansiedade negativa vinda da obsessão,

Vê nos outros uma perigosa obstrução,

A ser perseguida e derrotada com vigor,

A fim de expandir o consumista pudor.

 

No consumo, o glamour sensacionalista,

Da aparência e imagem perfeccionista,

Oferece ao deus da honraria expandida,

Um preito pela acumulação conseguida.

 

Sumida toda capacidade contemplativa,

Some o encantamento pela beleza ativa,

Advinda de pessoas e da biodiversidade,

Em coisas pequenas e gratas à saciedade.

 

Tempo de amizades e afetos ainda reluz,

Para apontar o rumo que não só produz,

Mas aponta para o Deus de bem-querer,

E da grandeza dos gestos de enternecer.

 

 

 

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