Quando as imagens sobrepostas,
Numa alta velocidade de apostas,
Prende no enxergar e ouvir ordens,
O psiquismo só fornece desordens.
Anula capacidade contemplativa,
E vê tudo pela comilança passiva,
Atordoado de ofertas e previsões,
Sem capacidade de ativas reações.
Vasto controle para um olhar fixo,
Obcecado, cego por imagético lixo,
Só deseja ouvir som altissonante,
Duma indução para vida alienante.
Olho que só vê imagem de tornado,
Temporal e as brigas por todo lado,
Só consegue antever a fatalidade,
Sem visualizar sinais de bondade.
Incapaz de perceber coisas novas,
Não vê emergir de plantas novas,
Nem ouve clamores da natureza,
E não ausculta as vozes da leveza.
Com a visão e audição desfocadas,
Suas sensibilidades já petrificadas,
Apenas anelam por imagens e sons,
Para evadir-se de sentimentos bons.
Já não sente a dor e nem a injustiça,
Pois a mente viciada apenas cobiça,
Hiper-imagem, com estômago cheio,
Como um bom mandalete do enleio.
Já não se enxerga parte do mistério,
Que impregna a vida sem vitupério,
E que na sabedoria dum bom senso,
Encontra intuição para um ascenso:
Não o da violência da acumulação,
Nem da farta terapia da alienação,
Ou do refúgio em caduca tradição,
Mas, para superar injusta condição.
Ascenso sem oferta sensacionalista,
Mas, o da pequena ação benquista,
Que alarga caminho da compaixão,
E que escuta os sinais de libertação.
Sonha, então para além das ruínas,
De tantas ações humanas cretinas,
E passa a indignar-se com excluídos,
E os tantos sentimentos destruídos.
Já não desejará religião dominante,
Veiculada por uma elite mandante,
De vestimenta pomposa e ostensiva,
Para ritualização mágica e
dispersiva.
Escutará na voz advinda das vítimas,
Uma causa as para ações legítimas,
A favor dos relegados pela cegueira,
Dos surdos que não escutam a eira.
No lugar de antigos mandamentos,
Aproxima-se dos humanos alentos,
Advindos da poximidade de alguém,
A romper teias que captam refém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário