terça-feira, 9 de dezembro de 2025

JOÃO - UM PROFETA DA EIRA

 

 

Advindo de uma beira social,

Da realeza, apenas marginal,

Interpretou sofrido contexto,

Vítima do religioso pretexto.

 

Sua marca original e genuína,

Criticou mazela da triste sina,

Dos fiéis auto-atribuídos bons,

Estabelecidos em ilusórios tons.

 

Interpretavam-se os superiores,

Privilegiados de divinos favores,

Pelo seu código ético-religioso,

Orgulho dum povo prodigioso.

 

Pelos seus frutos de vida real,

Revelavam contradição fulcral,

Pois viviam da baixeza humana,

Da espoliação e guerra insana.

 

Crença religiosa, apenas formal,

Articulava estrutura institucional,

Que em nome do mero legalismo,

Organizava a fé em cruel cinismo:

 

 

A riqueza da injusta acumulação,

Atribuída a uma divina atribuição,

Justificava uma elite privilegiada,

E garantia sua posição aquilatada.

 

Pobres espoliados, na eira da voz,

Ficavam passivos ante ação algoz,

Do poder político-religioso devasso,

De fruto social pifiamente escasso.

 

João Batista, sujeito simples e reto,

Pobre, mas de um espírito inquieto,

Não desejava riqueza com honraria,

Mas, na vida humana uma melhoria.

 

A sociedade injusta e empedernida,

Sustentada na imagem construída,

Orgulhava-se de ter Deus presente,

Como o parceiro de ação eficiente.

 

Mesmo suposta morada no templo,

Deus não constituía bom exemplo,

Porque estimulava o ódio da guerra,

E toda perversidade que ela encerra.

 

Era o Deus dos privilégios de ricos,

A justificar a pobreza dos nanicos,

E culpa-los por degradada situação,

Bem merecida pela sua ingratidão.

 

Na diagnose do disparate social,

 João Batista intuiu a ação de ira,

De Deus ante tamanha mentira:

 

Estaria na eira para uma limpeza,

Desta legalista e aparente pureza,

Da religião dum controle austero,

Nesta vida sob um regime severo.

 

Nesta ótica a fala de João Batista,

Pressupunha uma necessária vista:

Conversão para outra convivência,

Sem aquela Lei e religiosa vigência.

 

Batismo como sinal de conversão,

Seria carimbo para apontar reação,

À injusta realidade de vida vigente,

Que deixava pequena elite contente.

 

Desagradou tanto os pobres passivos,

Quanto os ricos, em fitos defensivos,

Embora, sem visar poder e conquista,

Representava uma subversão malvista.

 

Silenciado pela vingativa decapitação,

Sua voz causou a estupenda irritação,

Mas, tornou-se novo caminho aberto,

Para acolher Jesus em projeto liberto.

 

Não confirmou nenhum Deus vingativo,

Mas, o Deus bom de auspicioso lenitivo,

Para fazer irromper Reino diferenciado,

Sem o pobre explorado e rico dourado.

 

 

 

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