Por mais
variadas que sejam as expectativas em torno de cada ano vindouro, certamente se
evidencia algo comum: todos querem que seja melhor. Com ou sem lentilha e
cabeça de porco, com champanhe ou sem, com roupa branca ou de qualquer outra
cor, com “revellion” ou sem, com muito ou pouco foguetório, o importante é que
a celebração de passagem permita avaliação ponderada do ano vivido e motive
bons propósitos no modo de ser.
O povo
bíblico costumava lembrar outra passagem mais importante que a de um ano, a da
criação do universo, porque revelava o amor de Deus e a sua bênção às condições
da vida humana, com toda a riqueza de ambientes e sistemas de vida do entorno.
Desde muitos
séculos antes de Cristo, se tornou oficial um rito judaico de prece para
lembrar que Deus abençoa. Por isso, a cada novo ano judaico, os sacerdotes
invocavam a Deus em favor do povo de Israel. Pediam que este povo fosse
abençoado, sob a proclamação da fórmula: “O
Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre a sua face e conceda-te a sua
graça! O Senhor volva o seu rosto para ti e te dê a paz! (Nm 6, 22-26).
Quando
tantos desejam a bênção de riqueza, de aumento considerável dos bens materiais
unicamente para si, poucos serão agraciados pela bondade que deseja o bem aos
outros. Também poucos poderão sentir-se amparados e cuidados por Deus para
sentir seu rosto, como que a dizer: estou gostando do que você faz! Continue!
Desejar o
bem de todos, implica, necessariamente, em expectativa de que até os grandes
corruptos possam mudar suas obstinações pessoais e interesseiras para se
tornarem mais humanitários e sensíveis ao sofrimento da maior parte do povo da
nação.
Se nós
cristãos, neste dia de passagem, - com toda sua carga simbólica de anseios e
boas previsões, - pensamos o bem global das condições de vida, podemos lembrar,
com alegria, o itinerário de vida, como sinal do amor de Deus, manifestado em
Jesus de Nazaré.
A atribuição
da palavra “Jesus” já significa “Deus salva”! Quem sabe, que a antiga oração
sacerdotal de ano novo, possa nos levar, no jeito de Jesus Cristo, a pensar
mais nos outros do que em nós mesmos. Assim, poderemos tornar-nos instrumentos
da bênção de Deus para que muitas pessoas captem a imagem de um rosto amável,
capaz de despertar sentimentos de paz ao invés de depressão, de pânico, de medo
e de perseguição.
Nada melhor
do que lembrar também a mãe de Jesus Cristo, para que sua maneira de portar-se
em relação aos outros, o nosso país possa sentir-se abençoado e viver
efetivamente mais paz, não a da intimidação, mas, aquela advinda da segurança
básica e do bom relacionamento.