Muitas
pessoas tornam-se encantadoras pelo seu modo de ser. Algumas alcançam notabilidade
por dotes artísticos e profissionais ou por apresentarem raras virtudes humanas;
mas, algumas também se tornam altamente notáveis e admiradas pelo modo como
vivem a sua fé.
A Bíblia
descreveu um de seus profetas, Elias, que viveu cerca de 800 anos antes de
Cristo, como um notável homem de Deus. Em suas distintas fases evolutivas este
profeta mostrou transformação profunda para melhor. Em idade já mais avançada,
parecia agregar Deus em suas andanças e explicitá-lo de forma original e encantadora.
Narra-se que
um dia o referido profeta chegou à casa de uma viúva, em Sarepta, desesperada
pela morte de seu filho. Num gesto de atenção, Elias foi ao quarto do menino e
fez uma oração fervorosa para pedir a Deus que intercedesse em favor da vida do
menino. Mais do que os detalhes dos fatos, constatou-se naquele ato uma
experiência religiosa profunda: Deus interveio através do homem de Deus
(Elias), e devolveu a vida do menino à viúva desesperada.
De tanto que
o agir de Elias era comentado como homem de Deus, ao morrer, despertou a
consciência de que, - homem bom daquele jeito, - não poderia morrer; e,
certamente Deus o teria levado de carruagem ao céu a fim de retornar, num
momento oportuno, e continuar a agir beneficamente no meio do povo.
De Jesus
Cristo, o evangelista Lucas explicitou um fato similar em torno de uma morte,
envolvendo o filho da viúva de Naim. No entanto, as proporções são maiores: o
tempo da morte do menino e distinto foi o modo de proceder com ele. Enquanto
Elias gritou desesperadamente para pedir intervenção de Deus, Jesus teria
simplesmente ordenado, serenamente, para que o menino voltasse a viver.
Lucas provavelmente
quis salientar que Jesus, mais do que o profeta Elias, tão estimado pelo povo,
era mais do que um profeta, pois, constituía a manifestação do amor de Deus. Em
Jesus Cristo estava acontecendo um momento de plenitude deste amor, pois, era o
próprio Deus que agia em favor da vida.
Nesta rica motivação
em torno de uma experiência religiosa, tanto com Elias quanto com Jesus Cristo,
destaca-se a implicação da sintonia com Deus e a perspectiva de corresponder a
este amor de Deus: não para pseudo-milagres, e banalizadas curas e
manifestações divinas, exaustivamente exploradas como expressão do poder de
pregadores e, possivelmente menos religiosos do que interesseiros, mas, para
recriar motivações e forças capazes de contribuir na construção do Reino de Deus,
a fim de que ninguém seja fadado a morrer antes de seu ciclo vital se
completar.
Como
experiência religiosa, devolver vida, ou fazê-la reviver quando está à beira do
definhamento, é algo acessível a cada pessoa que se aproxima dos traços de
Jesus Cristo. Há incontáveis modos de se devolver vida, sobretudo, quando ela vai se subsumindo na progressiva perda de sentido e na incapacidade de achar razões e
projetos para continuar vivo. Estados depressivos, perdas, mágoas profundas,
agressões físicas e simbólicas, além de doenças e enfermidades, podem
deixar-nos mais mortos do que vivos. No
entanto, o dom profético, torna-se gesto humanitário que restaura a razão de
viver.