segunda-feira, 30 de outubro de 2023

BRIGA DE DOIS CACHORRINHOS

 


Enquanto seus ataques e mordidas,

Alargam força raivosa de investidas,

Afetam a adrenalina de assistentes,

Torcendo pelos seus lados valentes.

 

Por que os dois estariam brigando,

Com o suor e sangue se esfalfando?

Atiçados por dois cachorros grandes,

Foram feitos amoucos de suas lindes.

 

Apontam um fracasso da cachorrada,

Pois política dos fortes em derrocada,

Estimula contra genuíno elã dos cães,

Para aumentar suas táticas charlatães.

 

Produzem e nutrem horrenda guerra,

E antecipam pretensão da sua porra,

Com informações falsas e caluniosas,

E preconceitos de apelações raivosas.

 

Sob o enlace da política com guerra,

Sempre focam o outro que emperra,

Seu interesse de domínio territorial,

E alargamento de controle material.

 

Assim a morte de inimigos supostos,

Preço necessário para elevar postos,

É justificada e legitimada como justa,

Ante a cachorrada raivosa e terrorista.

 

O confronto dos pequeninos em luta,

Abastecido como ação mais impoluta,

Depende sempre de objetivo político,

A defender morte por ejo despótico.

 

Mais perversa do que luta sangrenta,

É a publicidade e insinuação birrenta,

Que é reiterada por ambição política,

E desvirtua toda convivência pacífica.

 

Para o conforto da vida de poucos,

Precisam morrer muitos amoucos,

Num altar nacionalista patriótico,

Dos que agem no poder psicótico.

 

 

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

BAJULADORES E BAJULADOS

 

 

Neste círculo abjeto e vicioso,

Cruza muito veneno perigoso,

Que muda e contagia relações,

Com falsas e ocultas intenções.

 

Faltam ouvidos para captarem,

Conversas sebosas a gorjearem,

Cantigas onduladas de lisonjas,

Enfeitadas de úmidas esponjas.

 

Os desejosos de ascensão social,

Cultivam esta tática primordial,

De exibir a máscara bajuladora,

Para interatividade mitigadora.

 

O combustível para vantagem,

Dessa procrastinada tietagem,

Enche as bocas de palavreados,

Objetivando egóticos legados.

 

Atrai bajuladores aos bajulados,

Que escondem os reais legados,

De relações sem fins genuínos,

Para prevalecerem os mufinos.

 

Geram ilusões nas autoridades,

Pois não importam idoneidades,

Mas alcançar prestígio e poder,

Num egoísta plano de ascender.

 

Na aparência toda camuflada,

Sob uma gentileza irrefutada,

Subjaz a malícia interesseira,

Para uma elevação altaneira.

 

Mecanismo de lida relacional,

Reflete couraça convencional,

De proteção de alguma crítica,

Para alçar a vantagem política.

 

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

ATRIBUIÇÕES DE CULPA

  

Cada dia mais comuns e banais,

Na narrativa de grandes jornais,

Todas visam punição ao fautor,

Para condená-lo como pecador.

 

Outro, projetado como inimigo,

Merece o ódio de arquiinimigo,

Para ser perseguido e morto,

Sem piedades e sem conforto.

 

De forma similar às lavouras,

Semeiam-se armas e tesouras,

Para perpetrar perseguições,

E aplicar perversas imposições.

 

Dos frutos do ódio cultivado,

Destila-se o delírio adoidado,

Para eliminar todo adversário,

Visto como desumano falsário.

 

Em foco deslocado no inimigo,

Não se afinar no cruel castigo,

Gera ódio e a pecha de traição,

A não coesos com perseguição.

 

Nos inauditos cultivos do ódio,

Crescem as armas com assédio,

Para corroborar as vinganças,

Com crueldades e lambanças.

 

Na guerra desumana e cruel,

Não existe lei e nem aranzel,

Porque todos são obrigados,

A defender um dos dois lados.

 

Nesta imposição toda violenta,

De larga comunicação nojenta,

Incita-se ódio a qualquer preço,

Ao imaginado réu de desapreço.

 

Para justificar abjeta violência,

De lideranças da pífia demência,

Pessoas de índole boa e cordial,

Fenecem em violência colossal.

 

 

 

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

ÓDIO ECUMÊNICO

 

Tão visível e endêmico,

O organismo sistêmico,

Toma o rumo contrário,

Do religioso itinerário.

 

Boa aposta em diálogo,

O estranho monólogo,

Não gesta entusiasmo,

No hodierno marasmo.

 

Nos fundamentalismos,

E radicais extremismos,

Religiões parindo ódio,

Proliferam no repúdio.

 

Para vencer o inimigo,

Imputam largo castigo,

E em nome dum Deus,

Sem sabores camafeus;

 

Com ódio e perseguição,

E raivosa procrastinação,

Querem eliminar inimigo,

E obriga-lo ao desabrigo.

 

Sob a voz da sua batalha,

Não submisso, é canalha,

A merecer duro inferno,

Para tempo sempiterno.

 

Ao casarem fé com fuzil,

E pregação com esmeril,

Sentem-se autorizados,

A matar estigmatizados.

 

Longe dum ecumenismo,

Cultivam sádico cinismo,

Sem visar reciprocidade,

Ou respeito à alteridade.

 

Assim o crime e religião,

Pactuam a estável união,

Contra diálogo e escuta,

Para impor a força bruta.

 

O olhar e a palavra dura,

Desprovido de candura,

Incita contra um inimigo,

Visto como pérfido imigo.

 

 

 

sábado, 14 de outubro de 2023

SUMIÇO DA SAÚDE

 

 

Enquanto glifosato impera,

Saúde piora e vira quimera,

E grandes anseios de saúde,

Desmoronam na vicissitude.

 

Sob a lógica que rege a vida,

Na dureza da cotidiana lida,

Já exacerbada por trabalho,

A saúde vira um frangalho.

 

Lenitivos para evitar a dor,

Viram outro maléfico feitor,

Para contornar o cotidiano,

Com analgésico draconiano.

 

Vasta indústria do remendo,

Produz remédio estupendo,

Para consumo dependente,

Mas sem o efeito emoliente.

 

Assim, consumo de remédio,

Produz um deplorável tédio,

Para dependência alienante,

Que assegura dor lancinante.

 

Quando sonho de lar e filhos,

Força todos em rígidos trilhos,

Com sobrecarga de atividades,

Somem sonhos de felicidades.

 

Entre saudosismo do desejado,

E um cotidiano todo prensado,

O remédio para suportar a dor,

Vai apagando até o pundonor.

 

Sobra a vida de pais sofridos,

Com os filhos nada queridos,

Nem acalantados pela oferta,

Que insinua a aquisição certa.

 

Sufoco no acúmulo supérfluo,

Envenena o quadro venífluo,

E adoece sistemas do corpo,

Sem imunologia de anticorpo.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

SABIÁ MALUCO

 

 

Canta maravilhosamente bem,

E junto a jacús não se abstém,

De acordar a aurora brilhante,

Numa bela sinfonia cantante.

 

Procrastina numa tara maluca,

Ao insistir em teimosa muvuca,

Na luta obstinada com sombra,

Pois, vidro da janela assombra.

 

Exaurido e esgotado, bica vidro,

Como viciado em líquido anidro,

Para eliminar o suposto inimigo,

Da mente mórbida sem testigo.

 

Obsessão por matar adversário,

Faz ver na sua sombra o otário,

A ser perseguido e afugentado,

Para ser ditador no seu reinado.

 

Movido pelo espírito de guerra,

Não quer concorrente na terra,

Para ser onipresente no espaço,

E ser dono do ambiente escasso.

 

Teria ele aprendido de humanos,

A causar sofrimentos com danos,

Aos que se configuram sombras,

Na mira das obsessivas honras?

 

Regras religiosas e ética de vida,

Tratos jurídicos e fé enternecida,

Nada dizem a mentes paranoicas,

Formatadas para guerras heroicas.

 

No inimigo suposto e declarado,

Só um procedimento é tolerado:

Que suma sem um direito à vida,

Pois Molloch quer sangue na lida.

 

 

domingo, 8 de outubro de 2023

OLHAR BENDIZENTE

 

 

Tantos olhares ambiciosos,

Ao lado de outros furiosos,

Acuam seres vivos infensos,

E gestam ataques intensos.

 

Guerra cruel pelo domínio,

Abre portas do extermínio,

Do dom de viver e de fruir,

Sem motivação de destruir.

 

Indefesos pagam um preço,

Sem direitos e sem apreço,

                                                              Ante as ambições insanas,

Por meras razões levianas.

 

Motivação rígida e armada,

Atenta na escuta de cilada,

Ataca sob apelos de defesa,

Para assegurar sua inteireza.

 

Sempre o outro é o culpado,

E inimigo para ser dissipado,

Um concorrente na ambição,

E merecedor de perseguição.

 

Somem olhares bendizentes,

A irradiar emoções contentes,

Para as interações respeitosas,

Na partilha de lidas amistosas.

 

A tão desejada hospitalidade,

Escondida, feita uma raridade,

Ainda repercute na esperança,

Para futuro de mais segurança.

 

Religiões de alfândegas rígidas,

Na imposição de regras frígidas,

Gestam os ódios disseminados,

De preconceitos concatenados.

 

Como falta o olhar bendizente,

Dum respeito a todo diferente,

Para irmanar nas virtualidades,

Brilho de humanas qualidades!

 

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

VENTOS QUE APAVORAM

 

 

Cada vez mais ruidosos e ululantes,

Anunciam com ameaças rompantes,

Ação contra simplicidade desejada,

Num ambiente de terra desbravada.

 

O desejado estilo de vida interior,

Para encher a vida no pundonor,

Todo dia mais limitado e inseguro,

Deixa todos os humanos no apuro.

 

Tanto sinal de alteração climática,

Perante tecnocracia toda apática,

Tende a culpar pobres e doentes,

Com os procedimentos dementes.

 

Insaciável na obsessão de lucros,

Cria riscos e tratamentos xucros,

Mas não deixa de adorar a morte,

Como prazeroso e frívolo aporte.

 

Encanto com capacidade técnica,

Sem nenhum limitador de ética,

Alarga, na lógica da acumulação,

Irreparável avanço de destruição.

 

Natureza em sinais de vingança,

Aponta mandante da lambança,

E no grito das dores para viver,

Aponta humanos sem conviver.

 

Poderosa política internacional,

Intensamente frágil e irracional,

Segue a sorver sangue humano,

E culpa Deus pelo modo insano.

 

Distante de visar o bem comum,

Arrasa tudo de modo incomum,

E foca a eternidade do acúmulo,

Adorado ornamento de túmulo.

 

Neste antropocentrismo centrado,

Sobra destruição por todo o lado,

Com o paradigma todo entrópico,

Insensível a todo agir filantrópico.

 

Porque não embelezar o mundo,

Para tornar-se o espaço fecundo,

Da rica convivialidade com seres,

Com cordiais e simples afazeres?

 

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...