quarta-feira, 28 de março de 2018

FESTA DE MORTE E RESSURREIÇÃO




Da festa oriunda da gratuidade,
Da nossa antiga ancestralidade,
Emergiu a consciência de povo,
Despertado para espírito novo.

Nascimento de novos animais,
E colheita de frutos essenciais,
Impregnava virtualidade certa,
Do futuro que comida desperta.

O festejo do transbordamento,
Foi redefinido com novo alento:
Libertar-se da escravidão cruel,
Para tornar-se povo unido e fiel.

A perda da memória simbólica,
Gestou a formalidade diabólica,
Que esvaiu a festa da passagem,
Para a imperialista politicagem.

Todo o exuberante simbolismo,
Ruiu sob um o pérfido cinismo,
E tramou morte ao amor divino,
Na execução dum gesto cretino.

Do aparente fracasso ocasionado,
Ressurgiu novo e vigoroso legado:
Um inovado povo para santidade,
Para erigir fraterna humanidade.

Das características do povo remido,
Ecoou do alto da cruz sob o gemido,
A vitória sobre o ciclo da violência,
E da compaixão para a convivência.









quarta-feira, 21 de março de 2018

VACILO




Basta uma pequena desatenção,
Para que se alinhem na intuição,
As suspeitas de que o pior da dor,
Já não indica caminho animador.

Dissemina-se então o desencanto,
E vai roubando qualquer encanto,
De que a vida possa ter novo vigor,
Sem a sofrência do irritante torpor.

Mas quando uma voz alvissareira,
Garante que esta dor é passageira,
Recriam-se novas luzes na mente,
E anunciam a mensagem ardente:

Novos céus constatados nos planos,
Vieram substituir tristes desenganos,
Endossando o alento das esperanças,
Para momentos de gratas bonanças.

Na ressuscitada razão da existência,
Renasce a satisfação da convivência,
Na osmose do bem-estar confortante,
                      A alargar riqueza humana inebriante.

Assim a vida sob as supostas ameaças,
Esquece o medo de supostas desgraças,
E se prolonga rumo ao inusitado devir,
Consciente da dura sina de ter que agir.


ACUSAÇÕES E RÉPLICAS





No confronto das meta-linguagens,
Eclodem as imprevisíveis pilhagens,
Distantes da retidão de acusadores,
E da idônea defesa dos rebatedores.

Quando já não se sabe quem mente,
E quem fala uma asneira indecente,
Acaba prevalecendo ideia negativa,
Da primeira bombástica afirmativa.

No rol largo da violência perversa,
Já não pesa a ocorrência adversa,
Mas astúcia maldosa da apelação,
Para denegrir o fato da acusação.

Na mídia só se visualiza acusação,
Quando facilita a procrastinação,
De repetir exaustivamente o fato,
Para o sensacionalismo imediato.

O enfeite sobre os fatos ocorridos,
Acaba maior que dados conferidos,
E se torna ênfase sensacionalista,
Para vigorosa manobra populista.

No fim da conta, a verdade do fato,
Já subtraído aos encantos do relato,
Morre dissecada pelo mau caminho,
Dos julgadores em seu descaminho.








sexta-feira, 16 de março de 2018

PROTESTO DOS DEMÔNIOS




Espiei pela fresta do sonho,
E vi um reboliço medonho,
Diante do capeta Belzebul,
Em clima de trágica Cabul.

Muitos demônios rebelados,
Gritavam com fortes brados,
Que queriam ampla justiça,
Diante desta humana cobiça.

Muitos fanáticos religiosos,
Em procedimentos raivosos,
Exploravam transe em cultos,
E acusavam satânicos vultos.

Em nome da demonialidade,
Não aceitavam a imoralidade,
De tanta falsidade e mentira,
Atribuída a uma diabólica ira.

No deslocamento de sintomas,
Ludibriado nos falsos idiomas,
Além dos roubos a almas fiéis,
As enchiam com medos cruéis.

Proclamados como portadores,
De divinos e celestes pendores,
Passavam a vida só falando mal,
De quem curte sua vida normal.

Irados com os falsos atributos,
Advindos dos sagrados redutos,
Queriam tapar as bocas abertas,
Que emitiam tão falsos alertas.

No motim da revolta diabólica,
Uma reação pela ação insólita,
Levaria a prender numa cadeia,
Parladores de tão crassa peleia.



PARA ALÉM DA APARÊNCIA




Na grande onda migratória,
O que resolve bela oratória,
Para atenuar vil indecência,
No simulacro da aparência?

Muitos mundos prometidos,
Mobilizam andejos iludidos,
A encontrar um pouco mais,
Do que a violência nos rivais.

As promessas tão materiais,
Ao lado das certezas ideais,
Revelam progressivamente,
Bem frágil cultivo da mente.

Asseguram dons espirituais,
Por meio de exóticos rituais,
Mas, importa a apropriação,
Com desfrute sob a coação.

O superior poder anunciado,
E nos altos sons proclamado,
Indica sedenta precedência,
E dominação sem decência.

Por isso, a busca da verdade,
Requer a genuína liberdade,
De uma parceira peregrina,
Que orienta bem e ilumina.




quinta-feira, 15 de março de 2018

VIVENTE ANDEJO




No mundo fugaz dos andarejos,
Onde acontecem variados ejos,
Mais do que nuances do gosto,
Importam grandezas do rosto.

Mais que o feitiço da simpatia,
Convém a grandeza que irradia,
Advinda lá do cerne do coração,
Sem disfarce de genuína afeição.

Este anseio por algo mais valioso,
Do que farsa do mundo vaidoso,
Requer no itinerário de aprendiz,
Uma trajetória para ser mais feliz.

Sem a imediata cura e libertação,
Dos mágicos alívios da prostração,
A postura dum cotidiano caminho,
É de andeira que não age sozinho.

Não importa a vantagem haurida,
Mas a possibilidade enternecida,
Que indica estado de alma sensível,
A gerir uma possibilidade indizível.

Muita morte do poder conquistador,
Se requer para um ato propiciador,
De virtualidades dos novos mundos,
Sem a ofensa dos olhares iracundos.





BONITAS E FRACAS LEIS




Nascidas de pouco e fraco consenso,
Criam a escabrosa virose do dissenso,
Porque os juramentos bem emotivos,
Escondem os interesseiros objetivos.

As promessas de vida próspera e feliz,
Carregam a trama que logo contradiz,
A harmonia das fantasiadas alianças,
E fazem vigorar funestas lambanças.

A infidelidade dos pactos celebrados,
Dissemina nos extravagantes legados,
As prescrições externas e espoliadoras,
Que anulam necessidades promissoras.

Fazem sonhar com o paraíso iminente,
Mas apenas produzem clima renitente,
Que avança na usurpação dos direitos,
Para esconder os mais efetivos defeitos.

Sob o sonho da prosperidade possível,
E articulação de estabilidade indizível,
Prestam-se aos interesses do momento,
E deixam os espoliados no vil desalento.

Afloram em palácios de fartos manjares,
E ignoram esfaimados mundos sem lares,
Para favorecer espertalhões do privilégio,
Que se arrogam belo e superior sortilégio.

No sofrimento não dito dos seus súditos,
Jazem os sobrantes e inertes decúbitos,
Sem as garantias de defesa e de amparo,
E revelando na violência seu desamparo.




quinta-feira, 8 de março de 2018

DEMÔNIO MUDO




Com inúmeros afugentadores,
Que, com berrantes fervores,
Dizem expulsar os demônios,
Crescem os sagrados telônios.

No bom câmbio das ambições,
Não importam as contradições,
Mas na firmeza do poder único,
Ressaltar um poder mediúnico.

Enquanto piedosos se aferram,
E suas dependências emperram,
Age, livre e solto, nos humanos,
O demônio mudo de desenganos.

A ausência das vozes proféticas,
Tomada por apelações patéticas,
Desconsidera o parâmetro divino,
Para explorar com transe cretino.

Na ausência da Palavra Redentora,
Todo tipo de maldade promissora,
Espalha-se na organização humana,
Sem a relação solidária que irmana.

O demônio mudo faz o malandro,
E autoriza para ir até o meandro,
Da exploração alheia que aliena,
Na farsa da religiosidade serena.

Na edificação de um reino novo,
Deve poder falar a voz do povo,
Para que as tantas bocas mudas,
Evitem as malandragens agudas.












sábado, 3 de março de 2018

CORAGEM ESMILINGÜIDA




Com tanto catastrófico profetismo,
A vida revela cada dia mais cinismo,
Diante dos que se dizem entendidos,
Na economia de intentos escondidos.

Enquanto alguns discutem mercado,
Outros fitam um palpite deliberado,
Para se promover com seu achismo,
No asqueroso e pífio exibicionismo.

Falam, sobretudo do não entendido,
Para afirmar que nada será auferido,
Porque o culpado da crise é anônimo,
E que ninguém localiza seu sinônimo.

Nos discursos escusos e conformistas,
Anulam-se quaisquer possíveis pistas,
Para alguma mobilização articuladora,
E a projeção para uma vida inovadora.

Na criatividade humana tão peculiar,
Algo pode inverter o poder de espoliar,
Para terminar com a astúcia do palpite,
E transcender as discriminações da elite.

Mesmo embebidos de crise e opressão,
Sob a política de interesseira concessão,
Mais que obsessão pela lei estabelecida,
Pode-se ativar a capacidade enternecida:

As dores das vitimas de tanta enganação,
Podem apontar o lume de uma irradiação,
Que indica para outra sociedade possível,
Já acalantada no anseio de algo indizível.





<center>INDIFERENÇA SISUDA</center>

    O entorno da vida cotidiana, Virou o veneno que dimana, A endurecer os sentimentos, Perante humanos proventos.   Cumplicidad...