segunda-feira, 18 de outubro de 2021

EXEMPLARIDADE ÉTICA E PODER

 

 

Muitas figuras destacadas,

Despertam paixões iradas,

Ou envolvimentos radicais,

Com motivações especiais.

 

Uns manipulam pelo poder,

Para ampliar seu preceder,

Como digníssimos senhores,

E comandantes de penhores.

 

Outros, pela exemplaridade,

Reverenciados na sociedade,

Dispensam solene honraria,

E protocolos para confraria.

 

Despertam grande entusiasmo,

Sem polemizar com marasmo,

Perante repúdio à sua posição,

Pois admitem a contraposição.

 

Sensíveis às vítimas espoliadas,

Bem atenciosos às maltratadas,

Revelam a coerência com Jesus,

Nas ações que o levaram à cruz.

 

Seus gestos e frutos solidários,

Acima dos ataques temerários,

Constituem boa exemplaridade,

Ante um poder sem autoridade.

 

Seus atos desencadeiam desejo,

Dum inusitado e bom lampejo,

De vida sensível e democrática,

Sem a aspereza psicossomática.

 

Baixa credibilidade do acusador,

Todo metido a tirano imperador,

Não intimida com sua detração,

A quem gesta profética correção.

 

 

 

 

 

domingo, 17 de outubro de 2021

ATAQUE INJURIOSO

 

 

Sob uma paranoia de ódio,

Elevou-se inusitado pódio,

Que ataca como oposição,

Quem rechaça submissão.

 

Seguindo a vetusta tática,

De inspirar ação enfática,

Promulga-se ódio mortal,

À discordância eventual.

 

Intimidação para o medo,

Firma modelo de remedo,

Para o regime de controle,

Que disfarça o descontrole.

 

Com o ego já prepotente,

Sob a imagem onipotente,

O paranoico sem medidas,

Vive mitológico rei Midas.

 

Eventual freio à ambição,

Gesta ódio e perseguição,

De enfrentamento direto,

A fim de que acabe quieto.

 

A devoção autorreferencial,

Não admite um referencial,

Que escape do seu controle,

E não dança o seu bole-bole.

 

Uma vez inflado pelo poder,

Não admite outro proceder,

A ameaçar sua dominação,

Sem denigrir sua reputação.

 

Infeliz episódio de deputado,

Sob o bom-senso comutado,

Não merece a consideração,

Nem a mínima exasperação.

 

O perfil de pessoas atacadas,

De atitudes lídimas e ilibadas,

Aponta o caminho mais reto,

Que dano moral do desafeto.

 

 

 

 

 

 

EGOS INFLADOS

 

 

Cada dia mais evidentes,

Sob os atritos estridentes,

Ascendem egos movidos,

Pelos interesses aturdidos.

 

Querem a superioridade,

Para estufar notoriedade,

Para um Eu reconhecido,

E largamente obedecido.

 

Caminho que mais infla,

E o que melhor arrufla,

É o de esnobar o poder,

Para as massas intender.

 

Importa título e imagem,

E aparência de coragem,

No mecanismo de medo,

Sob um submisso remedo.

 

Arma do poder centraliza,

Grande EU que se diviniza,

Em torno da superioridade,

Ainda que sem autoridade.

 

Autoridade desloca o foco,

E faz do outro um “in loco”,

Para manifestar reputação,

E apreço sem a ostentação.

 

Poder defende regra caduca,

E justifica a ambição maluca,

Para a acumulação própria,

Com a dominação imprópria.

 

Corrói os relacionamentos,

Disfarça com bons intentos,

Sem produzir cordialidade,

Com o respeito à alteridade.

 

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

EDUCAR

 


Impregnar valores sociais,

De bons tratos ancestrais,

Ainda eleva as esperanças,

Para as bem-aventuranças.

 

Sonho da boa convivência,

Ainda acalanta a decência,

De que o reto bom-senso,

Reverta um contrassenso:

 

Educar para beligerância,

Com agressiva militância,

Para impor largo domínio,

Sem básico autodomínio.

 

Reduzir o ensino escolar,

Para mão-de-obra molar,

Dos interesses do capital,

Desvirtua condição vital.

 

O emocionar-se humano,

Com afeto trans-humano,

Requer mais que destreza,

E a obsessão pela avareza.

 

Na educação militarizada,

Para alargar ordem dada,

Impõe-se controle e força,

Que deixa outros na sorça.

 

Velho mito indoeuropeu,

Ainda não desapareceu,

Pois educa para dominar,

Sob um regime disciplinar.

 

Educar na boa convivência,

Para respeitosa resiliência,

Aponta futuro mais viável,

Que este mundo miserável.

 

 

 

 

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

BARREIRAS DE COMUNHÃO

 


A velha noção humanista,

 De sociedade boa e justa,

Sob democracia corroída,

Sente-se frágil e condoída.

 

Educação para a liberdade,

Já não importa à sociedade,

Mas, imposição ideológica,

Determina estranha lógica:

 

Não é a do paraíso tropical,

Com sua paz e amor amical,

E, sim, a do ódio cultivado,

Mui efusivamente estivado.

 

No vasto ideário da guerra,

É o herói quem mais berra,

E age na efetiva destruição,

Do proveniente da tradição.

 

No baixo ideário neofascista,

Alarga-se formação belicista,

Sob fito de conduzir massas,

Para radicalizadas devassas.

 

Não interessa solidariedade,

Nem o respeito à dignidade,

Mas espalhar medo e pânico,

De presumido poder tirânico.

 

O fanático líder autoritário,

Espera o efeito consectário,

Para alargar hipnótica ação,

Que amplia sua colonização.

 

Sob um ideário ideológico,

De vivo sintoma patológico,

Impõe vantagem do grupo,

Para o seu perverso apupo.

 

Com o recurso das mídias,

Arma suas loucas insídias,

Que seduzem nas igrejas,

E ali espalham as pelejas.

 

Seduz também partidos,

E deixa muito aturdidos,

Nas organizações sociais,

Os duros combates rivais.

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

O HIPERSACRAMENTO

 

 

Incomparavelmente promovido,

Com publicidade de muito ruído,

Fervilham nos rituais da Ordem,

Espetacularizações que aturdem.

 

Amplas preparações ostensivas,

Com as insinuações persuasivas,

Elevam a Ordem acima da Terra,

Sob o verdadeiro grito de guerra.

 

Exalta-se o ordenando ao divino,

Mesmo se é mesquinho e cretino,

Para afirmar seu poder sacerdotal,

Colocado numa fantasia angelical.

 

Em cerimônias eivadas de teatro,

Com muito pano do solene atro,

Gera-se delírio em torno do herói,

Metido a vistoso e valente caubói.

 

Rituais que necessitam de horas,

Impregnados de fartas demoras,

Enaltecem os papéis secundários,

De ostensivos atos cerimoniários.

 

Detalhismo de ritos bajulatórios,

Reafirma nuances contraditórios,

De que o sacramento da Ordem,

É o antídoto de toda desordem.

 

Colocado em parâmetro angelical,

O ordenando se exibe excomunal,

E fala como autoridade superior,

Para promover o quadro inferior.

 

Mitizado como um raro sucesso,

Sequer percebe o pífio regresso,

Da objetiva tarefa da sua função,

Para o vistoso poder de injunção.

 

Exaltação sacramental da Ordem,

Reafirma que todos concordem,

Que ato dos demais sacramentos,

É menor no alcance dos intentos.

 

Apesar do fictício papel superior,

O sacerdócio não exala um valor,

A encantar ao suposto ministério,

E agregar-se a seu modo deletério.

 

Vasta ênfase ao rito de ordenação,

Diminui significado e consideração,

Dos demais sacramentos cristãos,

E de suas funções de concidadãos.

 

 

 

 

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

O TEMIDO

 

 

Antiga roupagem sacralizada,

Avivou a noção disparatada,

Que fez desandar a imagem,

Da bem cultivada miragem.

 

Debaixo da veste identidária,

A nobre função missionária,

Envolvia a figura sacerdotal,

Com a sacralidade magistral.

 

Numa excessiva sacralização,

Abriu-se pérfida contradição,

A revelar efeitos clericalistas,

De falsas imagens integristas.

 

Movidos na conduta agressiva,

A conquista bem intempestiva,

Apontava ascensão de carreira,

Na intelectualização guerreira.

 

Mais que equilíbrio emocional,

Pesava a conquista intelectual,

E a imagem do bom celibatário,

Num límpido e ilibado itinerário.

 

O escancaramento dos abusos,

Revelou ocultamentos escusos,

Da figura e imagem intocável,

Para a fraqueza nada confiável.

 

O “Alter Christus” da erudição,

Totalmente aquém da condição,

Revela-se um ser contraditório,

De esmilingüido nível meritório.

 

Refratário da condição comum,

A sua peculiaridade incomum,

Associa-se à queda do andaime,

Com rosto escondido no açaime.

 

Sem o poder da pregação moral,

Sua vulnerabilidade tão normal,

Requer outro perfil de proteção,

Para parar com a estranha ação.

 

Abusos sob batina de aparência,

Não podem ocultar a indecência,

Da doentia patologia clericalista,

Com o simulacro sensacionalista.

 

 

 

 

terça-feira, 5 de outubro de 2021

O PADRE SACRALIZADO

 

 

Sem referencial a Cristo,

É para muitos malquisto,

Porque não segue gosto,

De um específico arrosto.

 

Bajula-se quem justifica,

Modo que nada edifica,

Mas agrado a um grupo,

Que deseja muito apupo.

 

Cooptado por interesse,

É fadado a desinteresse,

Se questionar denodos,

Dos fanatizados apodos.

 

Feito um ser separado,

Estranho por todo lado,

Sem pertença a gênero,

Pode apenas ser vênero.

 

Deve ser dessexualizado,

E pregar todo acoimado,

Discurso heteroafetivo,

Como agradável lenitivo.

 

O perfil bem delineado,

Vindo de longo legado,

Esconde-o num armário,

De gosto muito sectário.

 

Ao camuflar-se na batina,

Aparenta condição divina,

E disfarça conduta sexual,

Como dote sobrenatural.

 

Ante pedocriminalidade,

Equivale a cumplicidade,

Que escandaliza e oculta,

E reflete atitude estulta.

 

Sem inovada identidade,

A sua suposta santidade,

Aufere poderes e honra,

Sem esconder a desonra.

 

Hipervalorizado na posse,

Como um sucesso precoce,

Sem a discreta humildade,

Esnoba-se em rara vaidade.

 

Adoração à personalidade,

Eleva com fina publicidade,

A apoteose do sacerdócio,

Como o adorável negócio.

 

Na falsa imagem poderosa,

Some serviçalidade bondosa,

Idolatra-se o patamar clerical,

Sem anúncio profético radical.

 

 

 

sábado, 2 de outubro de 2021

AÇÃO PRESBITERAL

 

 

Resquícios de imagem arcaica,

E de antiga conversa prosaica,

Criaram a imagem anacrônica,

Desta estranha figura icônica.

 

Esvaziado na sua função social,

E estranho no mundo cultural,

Sente-se na deriva da solidão,

Sem motivo para a disposição.

 

A vida solitária com frustração,

Aporta o rol da compensação,

Para encastelar-se no sagrado,

Sem afetar o humano legado.

 

Celebrações litúrgicas formais,

Esvaziam interações essenciais,

E denigrem o seu espaço vital,

E lhe causam dissabor fulcral.

 

O preparo para ação na massa,

Deixa-o hoje com pouca graça,

Para recriar no seu sacerdócio,

O serviço, sem deturpado ócio.

 

O perfil que almeja ser padre,

Não é o de ser bom compadre,

Mas de regurgitações integristas,

De aparências sensacionalistas.

 

Focado pela volta a outro tempo,

Constitui-se o duro contratempo,

Pois, move-se por outros valores,

Dos estranhos e velhos pendores.

 

No gosto pelo regresso evolutivo,

Encontra um encantado lenitivo,

Que, cego aos sinais dos tempos,

Enleva em inócuos entretempos.

 

A percepção da busca do sagrado,

Revela-se moralista e mui regrado,

De militantes bem armamentistas,

A consagrar os encantos fascistas.

 

Produzem fé devocional e indolor,

Como se fosse algo bem superior,

À razão da esperança redentora,

Desta infra-humana ação gestora.

 

 

EXCEPCIONAL DA MÍDIA

 

Nem o comum do cotidiano,

Mas a notoriedade do ufano,

Tornam célebre o espetáculo,

E o divulgam como tentáculo.

 

Mundo de troféus e medalhas,

De ralas bajulações e bedalhas,

Auferem títulos e as honrarias,

Com sobejas e falsas cortesias.

 

Importam modas e músculos,

Até sob os valores minúsculos,

Desde que produzam sucesso,

Para amplo e devotado acesso.

 

Fato avesso do mundo injusto,

Torna-se argumento robusto,

Para iludir senso justo e reto,

E seduzir ao consumo abjeto.

 

Informes de crimes e assaltos,

Enfatizam fartos sobressaltos,

Que comovem espectadores,

E alargam seus fartos pavores.

 

O anúncio do fato excepcional,

Protelado sob tática passional,

Prende sob espera frustrante,

O possível fato emocionante.

 

Sobra a dependência atrelada,

A uma veiculação controlada,

Para um conformismo passivo,

E um largo processo imitativo.

 

 

 

 

 

 

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...