quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Palavras de despedida do apóstolo Paulo


            Em tempos de afrouxamento de muitos valores cristãos da boa convivência, tornam-se muito atuais e interpeladoras as palavras de despedida de São Paulo, na carta que escreveu ao bispo Timóteo.
            Tudo indica que o bispo, como as comunidades que ele animava, começou a perder o elã da sua fé e a acomodar-se aos hábitos predominantes da sociedade, que, por influências romanas, se tornava materialista e consumista. Timóteo provavelmente não constituía bom exemplo de Jesus Cristo para animar as comunidades na fé.
            São Paulo, por sua vez, velho, doente, sofrendo na prisão e cada vez mais impregnado do espírito de Jesus Cristo, em vez de lamúrias desesperadoras, aproveitou a ocasião para alertar Timóteo sobre a importância do que ele prometeu ao ser sagrado bispo e do necessário testemunho que ele deveria ser como sinal edificante para que a boa notícia do Evangelho pudesse expandir-se.
            Nas palavras finais da sua carta, Paulo revelou a grandeza da sua fé, pois, avaliou sua história transformada pela graça de Deus e constatou que o percurso realmente foi de salvação. Comparou sua trajetória a uma corrida, mas, com uma diferença: não foi condecorado somente quem chegou por primeiro, mas, todos os que correram. Em outras palavras, ele se sentiu vitorioso no caminho da fé e todos os que aderiram a Jesus Cristo, participando da corrida, também estavam agraciados pelos bons frutos produzidos na fé.
            Mesmo lamentando o desamparo por parte das comunidades que ele fundou, Paulo expressou uma esperança extraordinária: avaliou que seu bom desempenho no discipulado de Jesus Cristo lhe dá a plena certeza de que, em breve, receberá a recompensa de Jesus Cristo para estar junto de Deus. Não viu a morte como um sacrifício expiatório, que, segundo o judaísmo tradicional fazia uma oferenda a Deus com o sangue alheio de animais. Paulo sentiu que esta passagem envolvia seu próprio sangue, diante da morte violenta que esperava e pelas conclusões do seu julgamento. Tratava-se da oferenda da sua vida, porque esperava do “justo juiz”, que é Deus, um julgamento contrário ao que recebera do julgamento romano.
            Apesar do quadro hostil da espera de sua execução, Paulo manifestou a Timóteo a certeza de que Deus o livraria de toda esta manifestação maligna que o induzia à morte. Por isso, ao louvar a Deus na expectativa de que sua oblação o introduzirá na glória de Deus.
            A carta dirigida a Timóteo certamente pode direcionar-se a cada um de nós para nos ajudar num importante discernimento: em nome de Jesus Cristo, deve-se absorver mais o que vem Dele do que hábitos sociais de um império em decadência.
           


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