Em tempos de afrouxamento de muitos valores cristãos da boa convivência,
tornam-se muito atuais e interpeladoras as palavras de despedida de São Paulo,
na carta que escreveu ao bispo Timóteo.
Tudo indica
que o bispo, como as comunidades que ele animava, começou a perder o elã da sua
fé e a acomodar-se aos hábitos predominantes da sociedade, que, por influências
romanas, se tornava materialista e consumista. Timóteo provavelmente não
constituía bom exemplo de Jesus Cristo para animar as comunidades na fé.
São Paulo,
por sua vez, velho, doente, sofrendo na prisão e cada vez mais impregnado do
espírito de Jesus Cristo, em vez de lamúrias desesperadoras, aproveitou a
ocasião para alertar Timóteo sobre a importância do que ele prometeu ao ser
sagrado bispo e do necessário testemunho que ele deveria ser como sinal
edificante para que a boa notícia do Evangelho pudesse expandir-se.
Nas palavras
finais da sua carta, Paulo revelou a grandeza da sua fé, pois, avaliou sua história
transformada pela graça de Deus e constatou que o percurso realmente foi de
salvação. Comparou sua trajetória a uma corrida, mas, com uma diferença: não
foi condecorado somente quem chegou por primeiro, mas, todos os que correram.
Em outras palavras, ele se sentiu vitorioso no caminho da fé e todos os que
aderiram a Jesus Cristo, participando da corrida, também estavam agraciados
pelos bons frutos produzidos na fé.
Mesmo
lamentando o desamparo por parte das comunidades que ele fundou, Paulo expressou
uma esperança extraordinária: avaliou que seu bom desempenho no discipulado de
Jesus Cristo lhe dá a plena certeza de que, em breve, receberá a recompensa de
Jesus Cristo para estar junto de Deus. Não viu a morte como um sacrifício
expiatório, que, segundo o judaísmo tradicional fazia uma oferenda a Deus com o
sangue alheio de animais. Paulo sentiu que esta passagem envolvia seu próprio
sangue, diante da morte violenta que esperava e pelas conclusões do seu
julgamento. Tratava-se da oferenda da sua vida, porque esperava do “justo
juiz”, que é Deus, um julgamento contrário ao que recebera do julgamento
romano.
Apesar do
quadro hostil da espera de sua execução, Paulo manifestou a Timóteo a certeza
de que Deus o livraria de toda esta manifestação maligna que o induzia à morte.
Por isso, ao louvar a Deus na expectativa de que sua oblação o introduzirá na
glória de Deus.
A carta
dirigida a Timóteo certamente pode direcionar-se a cada um de nós para nos
ajudar num importante discernimento: em nome de Jesus Cristo, deve-se absorver
mais o que vem Dele do que hábitos sociais de um império em decadência.
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