Em
progressiva decrepitude, a capacidade de rezar está, cada dia, menos
prestigiada, porque muitos desejos são satisfeitos com dinheiro e muitas
alterações orgânicas e psíquicas são saradas através de componentes químicos e de
terapias.
O povo do
primeiro testamento da Bíblia costumava repetir certos fatos marcantes para
despertar nas gerações novas a capacidade de perseverar na oração. Um destes
fatos salientava um momento do Moisés, pobre e humilde, mas crente de que Deus
o ajudaria a vencer os amalecitas, a fim de conseguir terra para o seu povo. O
aspecto mais relevante era o de que Moisés rezava insistentemente a Deus para
que amparasse Josué, seu general em aguerrida luta (Ex. 17,8-13).
A narrativa
salienta que Moisés rezava de mãos erguidas ao céu para implorar a ajuda de
Deus. Como os músculos não suportavam longo tempo os braços erguidos, e diante
da natural propensão de relaxamento, ele os baixava, e, então, os amalecitas
pareciam adquirir mais força na batalha.
Conta-se que
ficou um dia todo de braços erguidos clamando ajuda de Deus. Até colocaram
pedras para escorar os braços e, pessoas ao seu lado, ajudavam a escorar os
braços erguidos.
A conclusão
foi a de que a guerra foi vencida pela insistente e continuada oração de Moisés.
Tratava-se de uma maneira que visava despertar nas pessoas o cultivo permanente
e regular de oração.
Bem sabemos
que a oração pode apresentar-se de formas muito variadas: pode ser de petição
humilde diante de erros e fracassos, de louvor por conquistas pessoais ou
coletivas, de gratuidade por experiências satisfatórias, de silêncio para
acolher o que Deus mais possa esperar da nossa parte, ou também a apresentação
a Deus do estado de alma: dor, indignação, gratuidade, revolta, compaixão,
leveza e tantas outras situações impactantes.
Jesus Cristo
também deixou evidente a importância do perseverar na oração. Lucas retransmitiu
do ensinamento de Jesus, que Ele um dia contou a história de uma viúva
insistente que não parava de insistir diante de juiz a fim de que fosse justo
com ela, até que este a atendeu. Só este aspecto de justiça, em nossos dias,
carece não só de oração, mas, também, de alguma ação que possa fazer algo a
favor de uma organização humana menos injusta.
Que quadro
de fé a historinha de Jesus tinha pela frente nas primeiras comunidades
cristãs? Certamente o vacilo na regularidade da oração, porque já pensavam no
fim do mundo e esperavam passivamente que Deus viesse implantar a almejada
justiça. Hoje, tanta gente se indigna contra a corrupção e a injustiça; no
entanto, vemos pouca gente fazer algo efetivo e insistente pelo crescimento
real de mais justiça, tal como procedeu a pobre viúva injustiçada, da narrativa
de Lucas (18, 1-8).
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