quarta-feira, 16 de outubro de 2019

ECO-ESPIRITUALIDADE




Sob o gosto das rezas intimistas,
Fervem sortilégios triunfalistas,
Mas, somem olhares amorosos,
E procedimentos esperançosos.

Cuidado, termo sumido da fala,
Do discurso que tanto propala,
Progresso e avanço ilimitado,
Acaba proliferando um enfado.

Na esperança do agir mágico,
De um Deus neste rol trágico,
Espera-se que mude o estrago,
Feito por um desumano frago.

Esqueceu-se da espiritualidade,
Imbricada com nossa realidade,
Biológica e também sociológica,
Numa inter-atuação pedagógica.

A espiritualidade sem ambiente,
Sem casa como lar compadecente,
Perde o vínculo com a Mãe-Terra,
E inserção na riqueza que encerra.

Sem o cuidado e devido respeito,
Este antropocentrismo no peito,
Centraliza o indivíduo no mundo,
E torna o entendimento iracundo.

Sumido todo relacionamento ético,
Conta apenas o ostensório estético,
Que, em nada valoriza a cooperação,
Mas, absolutiza a lei da competição.

Assim, a espiritualidade para o além,
Que ao nosso sistema tanto convém,
Não une e em nada reúne no cuidado,
E nem se abre ao diferente inusitado.

Produz fé intimista, nada acolhedora,
Que obcecada numa ação demolidora,
Quer ajuda divina com generosidade,
E desestabiliza o planeta à saciedade.


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