quinta-feira, 30 de maio de 2019

PODER E DESCARTE




Cada dia em crise mais abrangente,
O poder deixa o povo descontente,
E na medida do acesso a prediletos,
Aumentam descontentes e desafetos.

A desgraça ingênita dos poderosos,
É a descartabilidade de rancorosos,
Considerados supérfluos aos fitos,
E obstáculos aos muitos não-ditos.

Na malvadeza de selecionar gênios,
Revigora-se a história de milênios,
Dos tiranos que visam supremacia,
E para tanto relegam a democracia.

Importa o “eu” excelso e superior,
Austero a controlar o povo inferior,
Para que não se organize no direito,
E nem se arrogue a apontar defeito.

No silêncio imputado por satisfeitos,
Fluem suaves os ditames dos preitos,
Que espoliam sempre os já preteridos,
Do acesso aos patamares prometidos.

Sem aproximação dos bens simbólicos,
Sobram só os momentos melancólicos,
Para reclamar de alguma compensação,
Diante da dura e bucólica malversação.

No sentimento que tanto procrastina,
Espalha-se insatisfação de triste sina,
Que rouba todo o gosto do bem viver,
E apaga a empatia para bem conviver.




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