segunda-feira, 25 de maio de 2020

INDIFERENÇA PREOCUPANTE




Quando o sofrimento alheio,
Não altera obcecado anseio,
Do determinismo dos lucros,
Atos solidários soam xucros.

Importa não ligar para a dor,
Nem do pobre e seu clamor,
Mas, atenção à vida pessoal,
Sem ligar para a transpessoal.

A indiferença oferece defesa,
Da tão universalizada crueza,
Que justifica apatia ante dor,
Para defender o próprio alor.

O argumento de delinquente,
Que obstaculiza agir decente,
Oferece alívio à consciência,
Para evitar condescendência.

Assim o alheio vira desumano,
Culpado pelo próprio engano,
De esperar um gesto solidário,
Para sair do seu estado erário.

Parece que pobre é merecedor,
De estar numa situação inferior,
Ou pelas razões ultra-humanas,
Ou pelas limitações doidivanas.

Na incapacidade de compaixão,
Os muros da etiqueta de paixão,
Apontam o status e precedência,
Como razões de benemerência.

Sobra indiferença apática e fria,
Que engole a ação e nada cria,
Para que outros superem a dor,
Que amealhou seu lídimo vigor.

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