quinta-feira, 6 de abril de 2017

Enfermidade


Quando os olhos escancaram dor,
E uma substancial perda de vigor,
Move-se no sentimento a vontade,
De modificar aquela contrariedade.

Sem a certeza do efeito do gesto,
Condói-se o coração tão modesto,
Para apontar uma viva esperança,
No meio desta irrequieta andança.

Quando a morte parece espreitar,
Pelas frestas do corpo a definhar,
Pouco alento resta para insinuar,
Que saúde plena venha a vigorar.

Na compaixão tão desconfortável,
A ausência de uma palavra amável,
Obriga a abrir a porta da quietude,
Para a empática força de solicitude.

Sentir dor tão anelante de amparo,
Mesmo no definhamento preclaro,
Parece reativar a fraca consciência,
De que se pode ter mais clemência.

Assim o intrigante compadecimento,
Pelo menos repassa um frágil alento,
Para quem lida na oscilante vontade,
Ferida por desandada contrariedade.


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