sexta-feira, 28 de abril de 2017

Mensagem das primeiras comunidades cristãs


            Nem todos conseguem captar com evidência a condição que propiciou tanto sucesso aos primeiros seguidores de Jesus Cristo, depois da sua morte. Do medo e do pânico inicial de alguns que ainda não tinham entendido bem o que Jesus havia falado por longo tempo, antes de ser crucificado, resultou uma alegria intensa e contagiante.
             Alguns ainda incautos, como Maria Madalena, foram procurar sinais e manifestações de Jesus ressuscitado onde, de fato, não poderia encontra-los. Foram procura-lo no lugar dos mortos. Ele havia repetido muitas vezes que estaria no meio dos que, em seu nome, estariam dispostos a construir o reino novo.
            Os apóstolos, a partir da morte de Jesus Cristo, começaram, sem demora, a estabelecer paralelos entre lideranças e profetas relevantes a fim de salientar as diferenças, mas, também a confirmação de tantas expectativas cultivadas no desenrolar de muitos séculos anteriores a Jesus Cristo. Rapidamente perceberam que o mesmo Deus de Jesus Cristo já tinha se manifestado de múltiplas formas na história do primeiro testamento da Bíblia, mas que, em Jesus Cristo, este amor foi explicitado de maneira muito mais clara e significativa.
            A experiência vivenciada da ressurreição de Jesus Cristo ratificava aos apóstolos a confirmação do que tinham ouvido e assimilado das suas conversas. Tal certeza levava-os a se tornarem testemunhas dos acontecimentos deste Jesus de Nazaré e a constatar que através da fé, os mesmos sinais de Deus continuavam em profusão espantosa.
            Da atenção, da alegria, da recuperação da memória dos gestos e das falas de Jesus, os apóstolos se enchiam de alegria e de uma capacidade profundamente solidária. Sem demora, e, na medida em que foram alargando a fé em Jesus Cristo, foram também capazes de encantar e de atrair pessoas aos seus círculos de convivência.
            Segundo o saudoso teólogo José Comblin, esta experiência dos apóstolos, de experimentar grande simpatia e adesão aos seus ensinamentos, gerava certamente círculos de aproximação de curiosos que queriam saber algo relativo aos acontecimentos que ainda não entendiam. Deste afluxo, foram surgindo novos círculos, e que deram início às comunidades. No fundo, do desejo de aproximar-se da mensagem de Jesus Cristo, emergiu, pela solidariedade despertada, a necessidade das comunidades. Para o teólogo, o importante é que as comunidades não foram criadas a partir de um projeto ou de uma ordem planejada, mas, emergiram como fruto natural e evidente da solidariedade manifestada pelos apóstolos, decorrente da sua fé em Jesus Cristo.
            A percepção do que Deus tinha revelado em Jesus Cristo apontava às primeiras comunidades a certeza de que seu modo de agir teria um alcance incomparavelmente maior do que a maldade reinante naquele momento histórico. E as celebrações eucarísticas aprofundavam a memória dos sinais do Cristo salvador e levavam à unidade na oração coletiva, no serviço da caridade e à promoção da vida.
            Em síntese, os primeiros cristãos viram em Jesus um pleno cumprimento das antigas expectativas de salvação e sentiam que a força do amor cruzava as barreiras de  socialização vigentes naquele momento histórico.





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