Nem
todos conseguem captar com evidência a condição que propiciou tanto sucesso aos
primeiros seguidores de Jesus Cristo, depois da sua morte. Do medo e do pânico
inicial de alguns que ainda não tinham entendido bem o que Jesus havia falado
por longo tempo, antes de ser crucificado, resultou uma alegria intensa e
contagiante.
Alguns ainda incautos, como Maria Madalena,
foram procurar sinais e manifestações de Jesus ressuscitado onde, de fato, não
poderia encontra-los. Foram procura-lo no lugar dos mortos. Ele havia repetido
muitas vezes que estaria no meio dos que, em seu nome, estariam dispostos a
construir o reino novo.
Os
apóstolos, a partir da morte de Jesus Cristo, começaram, sem demora, a
estabelecer paralelos entre lideranças e profetas relevantes a fim de salientar
as diferenças, mas, também a confirmação de tantas expectativas cultivadas no
desenrolar de muitos séculos anteriores a Jesus Cristo. Rapidamente perceberam
que o mesmo Deus de Jesus Cristo já tinha se manifestado de múltiplas formas na
história do primeiro testamento da Bíblia, mas que, em Jesus Cristo, este amor
foi explicitado de maneira muito mais clara e significativa.
A
experiência vivenciada da ressurreição de Jesus Cristo ratificava aos apóstolos
a confirmação do que tinham ouvido e assimilado das suas conversas. Tal certeza
levava-os a se tornarem testemunhas dos acontecimentos deste Jesus de Nazaré e
a constatar que através da fé, os mesmos sinais de Deus continuavam em profusão
espantosa.
Da
atenção, da alegria, da recuperação da memória dos gestos e das falas de Jesus,
os apóstolos se enchiam de alegria e de uma capacidade profundamente solidária.
Sem demora, e, na medida em que foram alargando a fé em Jesus Cristo, foram
também capazes de encantar e de atrair pessoas aos seus círculos de
convivência.
Segundo
o saudoso teólogo José Comblin, esta experiência dos apóstolos, de experimentar
grande simpatia e adesão aos seus ensinamentos, gerava certamente círculos de
aproximação de curiosos que queriam saber algo relativo aos acontecimentos que
ainda não entendiam. Deste afluxo, foram surgindo novos círculos, e que deram
início às comunidades. No fundo, do desejo de aproximar-se da mensagem de Jesus
Cristo, emergiu, pela solidariedade despertada, a necessidade das comunidades.
Para o teólogo, o importante é que as comunidades não foram criadas a partir de
um projeto ou de uma ordem planejada, mas, emergiram como fruto natural e
evidente da solidariedade manifestada pelos apóstolos, decorrente da sua fé em
Jesus Cristo.
A
percepção do que Deus tinha revelado em Jesus Cristo apontava às primeiras
comunidades a certeza de que seu modo de agir teria um alcance
incomparavelmente maior do que a maldade reinante naquele momento histórico. E
as celebrações eucarísticas aprofundavam a memória dos sinais do Cristo
salvador e levavam à unidade na oração coletiva, no serviço da caridade e à
promoção da vida.
Em
síntese, os primeiros cristãos viram em Jesus um pleno cumprimento das antigas
expectativas de salvação e sentiam que a força do amor cruzava as barreiras
de socialização vigentes naquele momento
histórico.
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