O Valdomiro era um fazendeiro muito rico, mas, tão “mochiba” e tão pão-duro que realmente ninguém conseguia um centavo sequer da sua liberalidade. Os amigos contavam que esta marca registrada do Valdomiro surgiu quando ele tinha dezoito anos. Recebeu do pai uma parte da Fazenda, e, quando foi vender o primeiro lote de gado, induzido por alguns amigos, achou que já podia fazer uma visita à casa de mulheres e acabou voltando para casa sem um centavo sequer.
O estranho do comportamento do Valdomiro é que ficou traumatizado com a perda do dinheiro, mas não criou rejeição às mulheres que o deixaram sem nada. Virou um mulherengo obcecado, mas com um detalhe e, segundo se dizia, não pagava um centavo para nenhuma delas.
O seu Valdomiro gostava de ir com o padre e sempre se invocava com ele: como você prende atenção de tantas mulheres nas Missas, sendo um celibatário feio! Eu vou lhe fazer uma proposta: fale para as crianças e os homens, porque para ocupar as mulheres eu tenho muito mais jeito.
O único assunto que Valdomiro conseguia conversar envolvia impreterivelmente mulheres e sexo. Fazia questão de se confessar diante dos outros para dizer que ele não era como os demais homens. Não bebia uísque, nem cachaça, nem cerveja, não fumava, não blasfemava e não tinha nenhum dos defeitos e dos vícios que são peculiares dos homens. Se, no entanto, alguma coisa pudesse ser descontada da perfeição da sua vida, seria tão somente o fato de gostar das mulheres, o que, para ele, sequer seria pecado, uma vez que ele as amava e as fazia mais felizes.
A obsessão por mulheres era tão intensa que ele não sentia constrangimento em qualquer lugar para fazer proposta a mulheres, desde adolescentes a idosas, para um encontro mais pessoal e íntimo.
Num certo dia, Valdomiro teve que ficar internado no Hospital. Estava mal para morrer, mas, mesmo assim, criou a maior bagunça naquele ambiente. Quando as enfermeiras vinham aplicar-lhe uma injeção, ele já ia passando a mão nas suas pernas e lugares onde não deveria mexer. Nem as freiras de hábito escapavam dos seus intentos de assédio e de sedução.
A internação no hospital, mais do que a provocação das mulheres que o encantavam naquele espaço, mexeu numa parte ainda mais sensível da vida de Valdomiro. Teve que submeter-se a uma cirurgia de próstata. Aí sim, o Valdomiro das mulheres se transformou no Valdomiro dos choros! Entre soluços, falava para todo mundo que sua vida estava arruinada, pois havia perdido a natureza de homem. Pobre Valdomiro, rico, com muito boi no pasto e com muito dinheiro, estava sem uma das fontes da razão da sua vida.
Numa conversa com o médico que fizera a intervenção cirúrgica na próstata do seu Valdomiro, ficou elucidado que o famoso Valdomiro das mulheres, na verdade, era um impotente sexual e que nem mesmo seus filhos, tidos como legítimos, tinham sua genética. Foi então que deu para entender porque o Valdomiro das mulheres deve ter perdido sua natureza de homem, já antes mesmo da venda do seu primeiro lote de bois. Assim, o homem conhecido como pai de uma imensidão de filhos, que contava para todo lado, como pegava as meninas novas, apenas para tirar umas crias, não passava de um fantasioso imaginador do que poderia ter feito e, encobria sua impotência na escancarada procura de mulheres.
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