Membro da grande família das columbiformes,
Muito graciosa entre os seres humanos,
Encantas até mesmo sob gravetos disformes,
E interpelas a ingenuidade dos insanos.
Se muitos te comparam com o aparelho genital,
Tens mesmo fulgores de algo tão proeminente,
Para ocupar a essência fundamental
De tamanho disfarce renitente?
Seu olhar aparentemente meigo e discreto,
Destoa dos vôos vigorosos e fortes,
E não esconde o mundo secreto,
Dos modos de agir com seus consortes.
Mesmo escolhida como símbolo da paz,
Pelo mimetismo da doçura do olhar;
Lembras o que aos humanos pouco apraz,
Porque, pelos desejos, queres te inebriar.
A alvura do teu aparato,
Aviva o sonho dos humanos agrados,
De voar solto e sem desacato,
E distante dos olhares enviesados.
Como os humanos, tu alimentas mil desejos,
Mas disfarças tanto mimetismo quanto eles;
Ao disputar os múltiplos ensejos,
De apropriar-se do que é deles.
Gostas de assegurar descanso e comida,
Mas brigas no território,
Para além da cotidiana lida,
Por algo nem tão meritório.
És controladora, mandona e possessiva
E atacas quem ousa desejar o que queres;
Pois disputas sem dó e sem evasiva,
O mesmo mundo genital de homens e mulheres.
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