segunda-feira, 12 de junho de 2017

Passagem


Na melancólica expressão de dor,
O semblante indica vasto torpor,
Do que se passa no corpo ferido,
Que resiste ao câncer aguerrido.

Se ossos sem vigor de músculos,
Indicam efeitos tão minúsculos,
Para erguer minguados alentos,
Como sustentar bons intentos?

Cremos num dom escatológico,
Da aceitação do fim cristológico,
Que aponta para além da morte,
O rumo que leva a bom aporte.

O vigor da proclamada segurança,
Que Cristo deixou como herança,
Pelo seu próprio itinerário de vida,
Aponta-nos uma rota a ser seguida.

A sua ressurreição para plena vida,
Anima o desejo desta hora sofrida,
De que a dor leve a algo inusitado,
Para além do momento rejeitado.

O que Deus pode revelar nesta hora,
Quando a morte não quer ir embora,
E nem parece devolver uma história,
De tanta luta e acumulação inglória?








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