sexta-feira, 16 de junho de 2017

Consumismo fatalista



Como no velho mito de Ouroboro,
Um dragão imenso rodeia a terra,
E devasta do cheiroso ao inodoro,
Tudo quanto aparece e o dilacera.

Mais que os dinossauros antigos,
A devorarem quantias enormes,
O dragão engole ricos e mendigos,
E evacua muitas bostas informes.

De tão esfaimado e consumista,
O dragão rodeia o vasto planeta,
E consome o que encontra à vista,
Sem dó para saciar a sua mutreta.

Por fitar o consumível pela frente,
Rodeia toda Terra mercadológica,
E engole o próprio rabo, contente,
Pensando na consumidora lógica.

No seu olhar ambicioso e faminto,
Centra o bolso valioso e adorado,
Enlevado ao altar do seu recinto,
Para deglutir o humano sagrado.

Elevou a bunda acima da bondade,
E a centralizou como bom sucesso,
Para transformar toda a atividade,
Em função do adorado progresso.

Nada e ninguém escapam da fome,
Porque até a inteligência e religião,
Viram doce objeto que se consome,
Na insaciável voracidade do dragão.

Feito grande céu da plena felicidade,
O dragão do consumismo é adorado,
E sob a obsessão da sua voracidade,
Já está engolindo o humano legado.

Com boa parte do corpo engolido,
Na estreita obsessão de consumir,
O dragão ainda prossegue iludido,
De que seu futuro é eterno porvir.





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