Da
alegoria bíblica do bom pastor, atributo dos reis e mandatários de muitos
séculos anteriores a Jesus Cristo, nasceu também uma comparação figurada dos
pastores que espoliaram as ovelhas, que, mesmo sob um discurso religioso da
salvá-las, não as ajudaram em nada.
O
evangelista São João (10, 1-10) fez uma comparação da vida de Jesus Cristo em
relação aos que, no passado, se proclamaram a si mesmos como bons pastores, e
salientou diferenças notáveis, a começar pela identificação da voz do pastor.
Os que identificaram a voz de Jesus Cristo perceberam que não se tratava de
conversa enganosa de alguém que apenas visava explorar as pessoas. Ele mesmo
foi na frente dos seus discípulos.
Na
imagem do curral seguro para as ovelhas, muitos reis demonstraram fazer
exatamente o contrário. Davi, Salomão, Jeroboão e tantos outros, juraram fazer
tudo para cuidar bem de todo o povo e se colocaram como os melhores secretários
de Deus para bem servir o povo. Sua prática, no entanto, deixou conotação
literalmente contrária, pois, valeram-se do povo para seus interesses pessoais.
No
que Jesus fez, ele se mostrou um curral seguro para as ovelhas. E não foi
apenas um teórico visionário. Ele seguia na frente dos seus discípulos,
amparava-os e os educava num itinerário de salvação. Por isso a comparação
figurada de São João, viu em Jesus aquele que se constituiu no portal de saída
do curral, constituído em redil de exploração das ovelhas. No agir de Jesus
estava um apelo para sair daquele curral de leis e formalismos religiosos que
escravizava o povo. Na imagem de levar para pastagens férteis e abundantes,
estava a constatação do sentido da vida e das razões que indicavam outro modo
de organização humana.
Enquanto
autoproclamados pastores não eram pastores, Jesus Cristo preenchia as razões de
vida e indicava um caminho para uma vida solidária de frutos abundantes.
Hoje
quando nos vemos assaltados por espertalhões que dizem fazer o bom e o melhor
para as comunidades, ficamos em dúvida a respeito das promessas que fazem.
Possa
a nossa conduta estribar-se pelo modo de ser de Jesus Cristo a fim de
acompanhar uma Igreja “em saída”, que realmente caminha para a simbólica imagem
de “bom pasto” para todas as ovelhas, e, para os que, em nome de Deus, querem
conduzi-las. Também é importante assimilar os traços do bom pastor e não ficar apenas
alimentando simpatia a admiração por ele, sem, contudo, produzir algo dos seus
sinais.
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