sexta-feira, 5 de maio de 2017

Saída do redil opressor



            Da alegoria bíblica do bom pastor, atributo dos reis e mandatários de muitos séculos anteriores a Jesus Cristo, nasceu também uma comparação figurada dos pastores que espoliaram as ovelhas, que, mesmo sob um discurso religioso da salvá-las, não as ajudaram em nada.
            O evangelista São João (10, 1-10) fez uma comparação da vida de Jesus Cristo em relação aos que, no passado, se proclamaram a si mesmos como bons pastores, e salientou diferenças notáveis, a começar pela identificação da voz do pastor. Os que identificaram a voz de Jesus Cristo perceberam que não se tratava de conversa enganosa de alguém que apenas visava explorar as pessoas. Ele mesmo foi na frente dos seus discípulos.
            Na imagem do curral seguro para as ovelhas, muitos reis demonstraram fazer exatamente o contrário. Davi, Salomão, Jeroboão e tantos outros, juraram fazer tudo para cuidar bem de todo o povo e se colocaram como os melhores secretários de Deus para bem servir o povo. Sua prática, no entanto, deixou conotação literalmente contrária, pois, valeram-se do povo para seus interesses pessoais.
            No que Jesus fez, ele se mostrou um curral seguro para as ovelhas. E não foi apenas um teórico visionário. Ele seguia na frente dos seus discípulos, amparava-os e os educava num itinerário de salvação. Por isso a comparação figurada de São João, viu em Jesus aquele que se constituiu no portal de saída do curral, constituído em redil de exploração das ovelhas. No agir de Jesus estava um apelo para sair daquele curral de leis e formalismos religiosos que escravizava o povo. Na imagem de levar para pastagens férteis e abundantes, estava a constatação do sentido da vida e das razões que indicavam outro modo de organização humana.
            Enquanto autoproclamados pastores não eram pastores, Jesus Cristo preenchia as razões de vida e indicava um caminho para uma vida solidária de frutos abundantes.
            Hoje quando nos vemos assaltados por espertalhões que dizem fazer o bom e o melhor para as comunidades, ficamos em dúvida a respeito das promessas que fazem.

            Possa a nossa conduta estribar-se pelo modo de ser de Jesus Cristo a fim de acompanhar uma Igreja “em saída”, que realmente caminha para a simbólica imagem de “bom pasto” para todas as ovelhas, e, para os que, em nome de Deus, querem conduzi-las. Também é importante assimilar os traços do bom pastor e não ficar apenas alimentando simpatia a admiração por ele, sem, contudo, produzir algo dos seus sinais.

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