sexta-feira, 26 de maio de 2017

Céu: um lugar ou alguém?



            A ganância doentia, estimulada por um sistema perverso contra o bem-estar coletivo, aposta eminentemente no êxito pessoal e no triunfo sobre os outros. Neste quadro, imaginar uma libertação, significa ascensão econômica-social e o grande sonho para a plenitude humana de um futuro brilhante e feliz, foca exclusivamente uma condição de acumulação. Por ventura, alguém já levou algo do acumulado junto com sua morte?
            Bem sabemos que nem todo progresso humano significa, pelo que cremos no discipulado de Cristo, crescimento e ampliação do reino de Cristo, embora este reino também implique em crescente qualidade da sociedade humana.
            O céu que se espera em Jesus Cristo não é o céu espacial das altitudes, acima de nuvens e de estrelas, mas, uma perspectiva de felicidade eterna que começa aqui e agora. Implica, igualmente, numa relação com Deus, que nos situa no meio da vastidão dos sistemas de vida, não para degradá-los mediante ambições doentias, mas, para uma relacionalidade que integra a condição humana com as grandezas de tantos outros sistemas de vida.
            Do ato de fé dos primeiros cristãos a certeza de que Cristo estava no céu (à direita ou esquerda de Deus, na verdade, uma imagem atribuída à glorificação de Jesus), significava vivenciar o que ele tinha transmitido aos discípulos e fazer a obra, centralizada na lei do amor, chegar a todos os confins da Terra. Ela havia deixado uma recomendação explícita: que ensinassem a observar o que Ele havia ordenado.
            A experiência vivenciada pelos primeiros cristãos foi a de o retorno e a presença de Jesus Cristo após sua morte não implicou em refazer o que ele fazia antes, nem para orientar um poder teocrático sobre os outros poderes estabelecidos, mas, em ajudá-los para que eles pudessem continuar a sua obra num outro tipo de relações com Deus e que, necessariamente, implicava num novo modo de vida entre as pessoas.

            A festividade da memória de que Jesus estava na glória de Deus, permite reconhecer um novo elo: o do Deus bom, no meio da condição humana. Assim, na glorificação de Cristo celebra-se a elevação da condição humana. Por conseguinte, nada deve alienar-nos deste mundo, e podemos agir concretamente a fim de que o caminho apontado por jesus Cristo dê a razão para uma boa convivência. 

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