quinta-feira, 25 de maio de 2017

Paciência



Lerda como o gato dorminhoco,
Ou o uirapuru sentado no toco,
Disfarça no tempo fugaz e veloz,
A pesada dúvida de efeito atroz:

Ter que esperar um vasto tempo,
Para internalizar o contratempo,
Da pressa que esquece os fatos,
E engole a memória dos relatos.

Para que suportar a protelação,
De quem promete a boa ação,
E a joga aos ventos disparados,
Que roubam sonhos e agrados?

Para que esperar o outro trem,
Se este ali está num vai-e-vem,
Que não assegura as promessas,
E nem freia obstinadas pressas?

Quando o enleio da ação eficaz,
Irrompe para o gesto que apraz,
Já passou a sua vez para reagir,
E acelerar o ensejo de interagir.

No acalanto das boas projeções,
Mesmo com as ótimas intenções,
Não desce no gargalo do alento,
A demora que adia o momento.














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