Em tempos de
decisões rápidas e efêmeras diante de qualquer situação da vida, tende-se a
perder a capacidade de ponderar e de discernir sobre o que mais convém que seja
feito. Sem este filtro para as decisões, incide-se numa dificuldade muito
grande de escolhas apressadas e inapropriadas. Por outro lado, a ausência da
capacidade de ponderar também impede que se percebam as interpelações de Deus
para ajudarmos a construir o que na linguagem religiosa chamamos de Reino de
Deus.
A capacidade
de ponderar não depende de questão genética ou de dotes inatos, mas, de um
cultivo que não necessariamente é acumulativo, porquanto depende de uma
incessante busca de aprimoramento. Ela pode nos indicar alternativas ao cruel
sistema de concorrência e de disputa por lucro, poder e precedência.
O dia-a-dia
revela que não são muitas as pessoas que nos revelam a grandeza da ponderação
em sua vida as leva a renunciar a muitas coisas adoradas e proclamadas como
sinônimo de felicidade. Aos olhos de muitas pessoas as decisões ponderadas de
algumas outras podem deixar a impressão de indícios de loucura.
Também
parece anacrônico aos olhos da fé de muitas pessoas o convite que Jesus deixou
explícito aos seus possíveis discípulos: a capacidade de saber renunciar a
muitas coisas que o cotidiano da vida oferece. Muitos desejam ardorosamente o
caminho do triunfo de da vitória, mas, sem cruz e sem mediação de morte.
A opção pelo
caminho de Jesus de fato implica no desafio de saber largar muitas coisas tidas
como importantes na vida. E como é difícil olhar para além das múltiplas formas
de manipulação e indução ao mero consumo dependente. Aparentemente isto é
impossível de ser feito. Todavia, será que somos apenas limitados a nos
constituir objetos manipuláveis por grupos eu entidades desejosa em nos
conduzir por certos rumos na vida?
Em Lucas,
14,25-33 consta uma referência à torre de Babel que representou a confusão
decorrente da vaidade das pessoas, que, mesmo falando a mesma língua não se
entendiam em suas mirabolantes ambições. Por isso, mais do que fazer
orçamentos, somos convidados a clarear no que apostamos a nossa vida.
Dependendo do foco central, as outras propostas socialmente aprovadas e
insinuadas, vão tornar-se relativas.
Uma aposta
na fé para fazer o itinerário de Jesus Cristo pode clarear e elucidar o fim
último que damos à nossa vida. Certamente não fomos convidados a ser
simplesmente objetos de sedução para muito consumir e para produzir tanto lixo
que desequilibra nossa casa comum que é o planeta Terra.
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