sábado, 3 de setembro de 2016

Capacidade de ponderar




            Em tempos de decisões rápidas e efêmeras diante de qualquer situação da vida, tende-se a perder a capacidade de ponderar e de discernir sobre o que mais convém que seja feito. Sem este filtro para as decisões, incide-se numa dificuldade muito grande de escolhas apressadas e inapropriadas. Por outro lado, a ausência da capacidade de ponderar também impede que se percebam as interpelações de Deus para ajudarmos a construir o que na linguagem religiosa chamamos de Reino de Deus.
            A capacidade de ponderar não depende de questão genética ou de dotes inatos, mas, de um cultivo que não necessariamente é acumulativo, porquanto depende de uma incessante busca de aprimoramento. Ela pode nos indicar alternativas ao cruel sistema de concorrência e de disputa por lucro, poder e precedência.
            O dia-a-dia revela que não são muitas as pessoas que nos revelam a grandeza da ponderação em sua vida as leva a renunciar a muitas coisas adoradas e proclamadas como sinônimo de felicidade. Aos olhos de muitas pessoas as decisões ponderadas de algumas outras podem deixar a impressão de indícios de loucura.
            Também parece anacrônico aos olhos da fé de muitas pessoas o convite que Jesus deixou explícito aos seus possíveis discípulos: a capacidade de saber renunciar a muitas coisas que o cotidiano da vida oferece. Muitos desejam ardorosamente o caminho do triunfo de da vitória, mas, sem cruz e sem mediação de morte.
            A opção pelo caminho de Jesus de fato implica no desafio de saber largar muitas coisas tidas como importantes na vida. E como é difícil olhar para além das múltiplas formas de manipulação e indução ao mero consumo dependente. Aparentemente isto é impossível de ser feito. Todavia, será que somos apenas limitados a nos constituir objetos manipuláveis por grupos eu entidades desejosa em nos conduzir por certos rumos na vida?
            Em Lucas, 14,25-33 consta uma referência à torre de Babel que representou a confusão decorrente da vaidade das pessoas, que, mesmo falando a mesma língua não se entendiam em suas mirabolantes ambições. Por isso, mais do que fazer orçamentos, somos convidados a clarear no que apostamos a nossa vida. Dependendo do foco central, as outras propostas socialmente aprovadas e insinuadas, vão tornar-se relativas.
            Uma aposta na fé para fazer o itinerário de Jesus Cristo pode clarear e elucidar o fim último que damos à nossa vida. Certamente não fomos convidados a ser simplesmente objetos de sedução para muito consumir e para produzir tanto lixo que desequilibra nossa casa comum que é o planeta Terra.



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