quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Anorexia



Enquanto o futebol leva meninos a delirar,
Por riqueza fácil e um imagético medonho,
Meninas são bem induzidas a se tresvariar,
Pelo corpo esquelético e olhar enfadonho.

A socialização na escola impõe os ditames,
Do limite de peso para desfrutar da beleza,
Vendida a olhares obcecados sem vexames,
A fustigar detalhes secretos da sua inteireza.

Cruel é ver meninas com olheiras sepulcrais,
Intransigentes em ficar aquém do peso ideal,
Para eventual ascese nas passarelas fulcrais,
Que lhes aufiram uma admiração reverencial.

Numa protelação da vivência da faixa etária,
Pulam etapas em função do mórbido sonho,
E se tornam vítimas de idealização primária,
A requerer do corpo um tratamento bisonho.

As olheiras esquálidas expressam a doença,
De uma sociedade que devora em excesso,
E, de forma sádica se encanta pela crença,
De que nas jovens magras está o sucesso.

Mais doentes que a anorexia de meninas,
São os idealizadores do perfil cadavérico,
A explorar admiração de belezas cretinas,
Para se empanturrar em sonho homérico.




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