sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Riqueza injusta


            O rumo da evolução humana não é linear, mas, facilmente volta a tempos de milhares de anos atrás para repetir as mesmas fraquezas e erros, depois de ter vivenciado consideráveis avanços e antecipar que outros maiores viriam pela frente.
             Tivemos ao longo dos últimos meses um curso intensivo da política pública nacional brasileira, sobretudo, a respeito de como se pode roubar, ser corrupto, salafrário, falso, mentiroso, transgressor das regras estabelecidas e passar imune ou com foro privilegiado diante dos critérios de justiça.
            Especialmente a psicopatia cínica de Eduardo Cunha explicitou exaustivamente à nação brasileira que para muitos mandantes o justo, o correto, o certo e o bom é o que eles movem em seus desejos mórbidos. Com isso, a desfaçatez se revelou como procedimento diário e cotidiano na administração dos bens públicos. Enquanto isso, um povo cada dia mais sofrido e limitado sob os abusos de administradores, sente-se refém e sem capacidade de pleitear o mínimo necessário para sobreviver e levar vida modesta e discreta.
            No século VIII antes de Cristo, o profeta Amós revelava uma administração marcada pelos mesmos pecados. Apesar de praticantes dos preceitos religiosos daquele tempo, as autoridades os realizavam apenas no campo das aparências, mas, em suas ambições, não havia nem preocupação e nem ação efetiva em favor do povo sofrido.
            Nada do que as autoridades daquele momento faziam correspondia a um bom sentimento em favor de todos. Eram rápidas e espertas para mudar medidas, para adulterar pesos e fazer tudo quanto a cultivada argúcia da malandragem apontava como vistas a ser tornarem mais ricos e mais poderosos. O pior é que exteriormente exibiam boa prática religiosa nos momentos religiosos festivos. Neste formalismo de aparências tornavam-se até irônicos e cínicos com a vida dos oprimidos, pois, tudo não passava de vaidade interesseira, cultivada para explorar ainda mais e melhor o povo já no limite da tolerabilidade diante da espoliação.
            Jesus até usou uma historinha para educar seus discípulos (Lc 16, 1-13) a fim de que fossem muito espertos, mas, para uma finalidade muito diversa: para fazer o reino de Deus espalhar-se e produzir melhor convivência humana. O conhecido traço da caridade deveria gestar uma satisfatória e justa convivência a fim de que o julgamento pudesse ser bom.

            Por outro lado, Jesus dava a entender que o uso das riquezas deveria favorecer não apenas a algumas pessoas mandantes, mas, a muitas pessoas com vistas a alargar o leque de pessoas amigas e ainda desfrutar da cordialidade do bem-estar com elas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...