sábado, 1 de novembro de 2014

Santidade




De conceituação vaga, imprecisa e sem referência,
Pouco ligada à qualidade profunda da existência,
Parece tratar-se de caminho exotérico de poucos,
Desambientados, relegados e metidos a amoucos.

Poucos lembram que é um processo de construção,
Que implica em diálogo e em cotidiana produção,
E que ultrapassa o nível lógico e biológico da lida,
Para alargar a capacidade psíquica tão combalida.

Se intensas buscas para além da cultura moderna,
E, frágeis na satisfação com a autonomia hodierna,
Já não captam na tecnociência a felicidade buscada,
Tateiam por outras intuições da sabedoria sagrada.

Mais do que captar segredos divinos e espirituais,
Anseiam pelo todo que subjaz nas coisas materiais,
E no amparo holístico, para além do fragmentado,
Encontrar entendimento de um cosmos integrado.

O anseio que mais lateja é o de encontrar a fonte,
Que impulsiona as motivações e que ainda aponte,
Rumos de comunhão com outros e com o mundo,
Para a harmonia do sentir afetivo básico profundo.

Peregrinos na busca híbrida de leveza e de alegria,
Não desejam a austeridade e nem mesmo correria,
Mas, também não apraz a forma solipsista de crer,
Que presume tudo alcançar no cultivo do querer.




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